quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

conselho

Dizem que conselho só se dá a quem pede. E, se vocês me convidaram para
paraninfo, estou tentado a acreditar que tenho sua licença para dar alguns.

Portanto, apesar da minha pouca autoridade para dar conselhos a quem quer que seja, aqui vão alguns, que julgo valiosos.

Não paute sua vida, nem sua carreira, pelo dinheiro. Ame seu ofício com
todo o coração. Persiga fazer o melhor. Seja fascinado pelo realizar,
que o dinheiro virá como conseqüência. Quem pensa só em dinheiro não
consegue sequer ser nem um grande bandido, nem um grande canalha.

Napoleão não invadiu a Europa por dinheiro. Hitler não matou 6 milhões
de judeus por dinheiro. Michelangelo não passou 16 anos pintando a
Capela Sistina por dinheiro. E, geralmente, os que só pensam nele não o
ganham. Porque são incapazes de sonhar.
E tudo que fica pronto na vida foi construído antes, na alma.

A propósito disso, lembro-me de uma passagem extraordinária, que
descreve o diálogo entre uma freira americana cuidando de leprosos no
Pacífico e um milionário texano. O milionário, vendo-a tratar daqueles
leprosos, disse:

"Freira, eu não faria isso por dinheiro nenhum no mundo".
E ela responde:  "Eu também não, meu filho".
Não estou fazendo com isso nenhuma apologia à pobreza, muito pelo
contrário. Digo apenas que pensar e realizar, tem trazido mais fortuna
do que pensar em fortuna.

Meu segundo conselho  Pense no seu País Porque, principalmente hoje, pensar em todos é a melhor maneira de pensar em si.

Afinal é difícil viver numa nação onde a maioria morre de fome e a
minoria morre de medo. O caos político gera uma queda de padrão de vida
generalizada.

Os pobres vivem como bichos e uma elite brega, sem cultura e sem
refinamento, não chega a viver como Homem. Roubam, mas vivem uma vida   digna de Odorico Paraguassu.

Meu terceiro conselho vem diretamente da Bíblia:

"seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito"

É exatamente isso que está escrito na carta de Laodiceia: seja quente ou
seja frio, não seja morno que eu te vomito. É preferível o erro à
omissão. O fracasso, ao tédio. O escândalo, ao vazio.

Porque já vi grandes livros e filmes sobre a tristeza, a tragédia, o
fracasso. Mas ninguém narra o ócio, a acomodação, o não fazer, o
remanso.

Colabore com seu biógrafo. Faça, erre, tente, falhe, lute. Mas, por
favor, não jogue fora, se acomodando, a extraordinária oportunidade de
ter vivido.
Tendo consciência de que, cada homem foi feito para fazer história. Que
todo homem é um milagre e traz em si uma evolução. Que é mais do que
sexo ou dinheiro. Você foi criado para construir pirâmides e versos,
descobrir continentes e mundos, e, caminhar sempre com um saco de
interrogações na mão e uma caixa de possibilidades na outra.

Não use Rider, não dê férias a seus pés. Não se sente e passe a ser
analista da vida alheia, espectador do mundo, comentarista do cotidiano,
dessas pessoas que vivem a dizer: eu não disse!, eu sabia!

Toda família tem um tio batalhador e bem de vida. E, durante o almoço de
domingo, tem que agüentar aquele outro tio muito inteligente e
fracassado  contar tudo que ele faria, se fizesse alguma coisa.
Chega dos poetas não publicados. Empresários de mesa de bar. Pessoas que
fazem coisas fantásticas toda sexta de noite, todo sábado e domingo,
mas que na segunda não sabem concretizar o que falam. Porque não sabem
ansiar, não sabem perder a pose, porque não sabem recomeçar. Porque não
sabem trabalhar.

Eu digo: trabalhem, trabalhem, trabalhem. De 8 às 12, de 12 às 8 e mais
se for preciso. Trabalho não mata. Ocupa o tempo. Evita o ócio, que é a
morada do demônio, e constrói prodígios.
O Brasil, este país de malandros e espertos, da vantagem em tudo, tem
muito que aprender com aqueles trouxas dos japoneses. Porque aqueles
trouxas japoneses que trabalham de sol a sol construíram, em menos de 50
anos, a 2ª maior megapotência do planeta, enquanto nós, os espertos,
construímos uma das maiores impotências do trabalho. Trabalhe! Muitos de  seus colegas dirão que você está perdendo sua vida, porque você vai trabalhar enquanto eles veraneiam.

Porque você vai trabalhar, enquanto eles vão ao mesmo bar da semana
anterior, conversar as mesmas conversas, mas o tempo, que é mesmo o
senhor da razão, vai bendizer o fruto do seu esforço, e só o trabalho lhe leva a  conhecer pessoas e mundos que os acomodados não conhecerão.

E isso se chama sucesso.

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