Espiritualidade não é religião, a religião divide as pessoas espiritualidade as une"
quarta-feira, 31 de julho de 2013
Meu Sonho
Quando o meu mundo
Era mais mundo
E todo mundo admitia
Uma mudança muito estranha
Mais pureza, mais carinho
Mais calma, mais alegria
No meu jeito de me dar
Quando a canção
Se fez mais forte
E mais sentida
Quando a poesia
Fez folia em minha vida
Você veio me falar
Dessa paixão inesperada
Por outra pessoa
Mas não tem revolta, não
Eu só quero
Que você se encontre
Ter saudade até que é bom
É melhor que caminhar vazio
A esperança é um dom
Que eu tenho em mim
Eu tenho, sim
Não tem desespero, não
Você me ensinou
Milhões de coisas
Tenho um sonho em minhas mãos
Amanhã será um novo dia
Certamente eu vou ser mais feliz
LENDA DA CARIDADE
Uma interessante lenda do Plano Espiritual diz que,
a princípio, no mundo se espalham milhares de grupos humanos, nas extensas
povoações da Terra.
O Senhor endereçava incessantes mensagens de paz e bondade às criaturas, entretanto, a maioria se desgarrou no egoísmo e no orgulho.
A crueldade agravava-se, o ódio explodia...
Diligenciando solução ao problema, o Celeste Amigo chamou o Anjo da Justiça, que entrou em campo e, de imediato, inventou o sofrimento.
Os culpados passaram a resgatar, os próprios delitos, a preço de enormes padecimentos.
O Senhor aprovou os métodos da Justiça que reconheceu indispensáveis ao equilíbrio da Lei. No entanto, desejava encontrar um caminho menos espinhoso para a transformação dos espíritos sediados na Terra, já que a dor deixava comumente um rescaldo de angústia a gerar novos e pesados conflitos.
O Divino Companheiro solicitou concurso ao Anjo da Verdade que estabeleceu, para logo, os princípios da advertência.
Tribunas foram erguidas, por toda parte, e os estudiosos do relacionamento humano começaram a pregar sobre os efeitos do mal e do bem, compelindo os ouvintes à aceitação da realidade.
Ainda assim, conquanto a excelência das lições propagadas, repontavam dúvidas em torno dos ensinamentos de virtude, suscitando atrasos altamente prejudiciais aos mecanismos da elevação espiritual.
O Senhor apoiou a execução dos planos ideados pelo Anjo da Verdade, observando que as multidões terrestres não deveriam viver ignorando o próprio destino.
No entanto, a compadecer-se dos homens que necessitavam reforma íntima sem saberem disso, solicitou cooperação do Anjo do Amor, à busca de algum recurso que facilitasse a jornada dos seus tutelados para os Cimos da Vida.
O novo emissário criou a CARIDADE e iniciou-se profunda transubstanciação de valores.
Nem todas as criaturas lhe admitiam o convite e permaneciam na retaguarda, matriculados nas tarefas da Justiça e da Verdade, das quais hauriam a mudança benemérita, em mais longo prazo. Mas todas aquelas criaturas que lhe atenderam as petições, passaram a ver e auxiliar doentes e obsessos, paralíticos e mutilados, cegos e infelizes, os largados à rua e os sem ninguém.
O contato recíproco gerou precioso câmbio espiritual.
Quantos conduziam alimento e agasalho, carinho e remédio para os companheiros infortunados recebiam deles, em troca, os dons da paciência e da compreensão, da tolerância e da humildade e, sem maiores obstáculos, descobriram a estrada para a convivência com os Céus.
O Senhor louvou a CARIDADE, nela reconhecendo o mais importante processo de orientação e sublimação, a benefício de quantos usufruem a escola da Terra.
Desde então, funcionam, no mundo:
O Senhor endereçava incessantes mensagens de paz e bondade às criaturas, entretanto, a maioria se desgarrou no egoísmo e no orgulho.
A crueldade agravava-se, o ódio explodia...
Diligenciando solução ao problema, o Celeste Amigo chamou o Anjo da Justiça, que entrou em campo e, de imediato, inventou o sofrimento.
Os culpados passaram a resgatar, os próprios delitos, a preço de enormes padecimentos.
O Senhor aprovou os métodos da Justiça que reconheceu indispensáveis ao equilíbrio da Lei. No entanto, desejava encontrar um caminho menos espinhoso para a transformação dos espíritos sediados na Terra, já que a dor deixava comumente um rescaldo de angústia a gerar novos e pesados conflitos.
O Divino Companheiro solicitou concurso ao Anjo da Verdade que estabeleceu, para logo, os princípios da advertência.
Tribunas foram erguidas, por toda parte, e os estudiosos do relacionamento humano começaram a pregar sobre os efeitos do mal e do bem, compelindo os ouvintes à aceitação da realidade.
Ainda assim, conquanto a excelência das lições propagadas, repontavam dúvidas em torno dos ensinamentos de virtude, suscitando atrasos altamente prejudiciais aos mecanismos da elevação espiritual.
O Senhor apoiou a execução dos planos ideados pelo Anjo da Verdade, observando que as multidões terrestres não deveriam viver ignorando o próprio destino.
No entanto, a compadecer-se dos homens que necessitavam reforma íntima sem saberem disso, solicitou cooperação do Anjo do Amor, à busca de algum recurso que facilitasse a jornada dos seus tutelados para os Cimos da Vida.
O novo emissário criou a CARIDADE e iniciou-se profunda transubstanciação de valores.
Nem todas as criaturas lhe admitiam o convite e permaneciam na retaguarda, matriculados nas tarefas da Justiça e da Verdade, das quais hauriam a mudança benemérita, em mais longo prazo. Mas todas aquelas criaturas que lhe atenderam as petições, passaram a ver e auxiliar doentes e obsessos, paralíticos e mutilados, cegos e infelizes, os largados à rua e os sem ninguém.
O contato recíproco gerou precioso câmbio espiritual.
Quantos conduziam alimento e agasalho, carinho e remédio para os companheiros infortunados recebiam deles, em troca, os dons da paciência e da compreensão, da tolerância e da humildade e, sem maiores obstáculos, descobriram a estrada para a convivência com os Céus.
O Senhor louvou a CARIDADE, nela reconhecendo o mais importante processo de orientação e sublimação, a benefício de quantos usufruem a escola da Terra.
Desde então, funcionam, no mundo:
o sofrimento, podando as
arestas dos companheiros revoltados;
a doutrinação, informando aos
espíritos indecisos quanto às melhores sendas de ascensão às Bênçãos Divinas;
e
a caridade, iluminando a
quantos consagram ao amor pelos semelhantes, redimindo sentimentos e elevando
almas, porque, acima de todas as forças que renovam os rumos da criatura, nos
caminhos humanos, a caridade é a mais vigorosa perante Deus, porque é a única
que atravessa as barreiras da inteligência e alcança os domínios do coração.
COISAS INVISÍVEIS
O espetáculo da Criação
Universal é a mais forte de todas as manifestações contra o materialismo
negativista, filho da ignorância ou da insensatez.
São as coisas criadas que
falam mais justamente da natureza invisível.
Onde a atividade que se
descobre sem base?
Toda forma inteligente nasceu
de uma disposição inteligente.
O homem conhece apenas as
causas de suas realizações transitórias, ignorando, contudo, os motivos
complexos de cada ângulo do caminho. A paisagem exterior que lhe afeta o
sensório é uma parte minúscula do acervo de criações divinas, que lhe sustentam
o habitat, condicionado às suas possibilidades de aproveitamento. O olho humano
não verá, além do limite da sua capacidade de suportação. A criatura conviverá
com os seres de que necessita no trabalho de elevação e receberá ambiente
adequado aos seus imperativos de aperfeiçoamento e progresso, mas que ninguém
resuma a expressão vital da esfera em que respira no que os dedos mortais são
suscetíveis de apalpar.
Os objetos visíveis no campo
de formas efêmeras constituem breve e transitória resultante das forças
invisíveis no plano eterno.
Cumpre os deveres que te
cabem e receberás o direito que te espera. Faze corretamente o que te pede o
dia de hoje e não precisarás repetir a experiência amanhã.
Jesus nasceu! Onde? Quando?
Perguntemos a Francisco de Assis o que ele sabe sobre o nascimento de Jesus. E ele nos
responderá:
- Ele nasceu no dia em que, na praça de Assis, entreguei minha bolsa, minhas roupas e até meu nome para segui-lo incondicionalmente, pois sabia que somente ele é a fonte inesgotável de amor.
Perguntemos a Pedro, sobre a natividade de Jesus e ele assim se pronunciará:
- Jesus nasceu na noite em que o galo cantou pela terceira vez, no momento em que eu o havia negado. Foi nesse instante que acordou minha consciência para a verdadeira
vida.
Indagaremos a Paulo de Tarso, quando se deu o nascimento de Jesus.
Ele nos responderá:
- Jesus nasceu na Estrada de Damasco quando, envolvido por intensa luz que me deixou cego, pude ver a figura nobre e serena que me perguntava: Saulo, Saulo porque me persegue? E na cegueira passei a enxergar um mundo novo quando eu lhe disse:
- Senhor, o que queres que eu faça?
Interpelemos Tomé, o incrédulo, onde e quando nasceu Jesus. Ele nos dirá:
- Jesus nasceu naquele dia inesquecível em que ele me pediu para tocar as suas chagas e me foi dado testemunhar que a morte não tinha poder sobre os filhos de Deus. Só então compreendi o sentido de suas palavras: Eu sou o caminho, a verdade e a vida.
Perguntemos a João Batista quando se deu o nascimento de Jesus. Ele nos responderá:
- Jesus nasceu no instante em que, chegando ao rio Jordão, pediu-me que o batizasse. E ante a meiguice do seu olhar e a majestade da sua figura pude ouvir a mensagem do Alto:
- "Este é o meu Filho Amado, no qual pus a minha complacência".
Perguntemos a Lázaro sobre o nascimento de Jesus! Ele nos falará:
- Jesus nasceu em Betânia, na tarde em que visitou o meu túmulo e disse:
"- Lázaro! Levanta." Nesse momento compreendi finalmente quem Ele era ...
Apelemos, para Dimas, o bom ladrão: Onde e quando Jesus nasceu? Ele nos informará:
- Jesus nasceu no topo do Calvário, precisamente quando a cegueira e a maldade humanas supunham aniquilá-lo para sempre; dali ele me dirigiu um olhar repassado de piedade e de
ternura, que me fez esquecer todas as misérias deste mundo.
Perguntemos a Judas Iscariotes quando se deu nascimento de Jesus. Ele nos responderá:
- Jesus nasceu no instante em que eu assistia ao seu julgamento e a sua condenação. Compreendi que Jesus estava acima de todos os tesouros terrenos.
Perguntemos, finalmente, a Maria de Nazaré acerca do nascimento
de Jesus. E ela nos responderá:
- Jesus nasceu em Belém, sob as estrelas, que eram focos de luzes guiando os pastores e suas ovelhas ao berço de palha. Foi quando o segurei em meus braços pela primeira vez e senti se cumprir a promessa de um novo tempo através daquele Menino que Deus enviara ao
mundo, para ensinar aos homens a lei maior do amor.
Se perguntarmos a tantos outros seguidores do Cristo, cada um dará o seu testemunho a respeito de quando Jesus nasceu.
E para nós, quando Jesus nasceu?
E se descobrirmos que ele não nasceu?
Então, procuremos, urgentemente, fazer com que ele nasça logo, porque, quando isso acontecer, teremos finalmente entendido o Natal e verdadeiramente encontrado a luz.
Napoleão S Filho
NOVO TESTAMENTO - SERMÃO PROFÉTICO
ESTA PESQUISA REÚNE TRANSCRIÇÃO DE
TEXTOS DO EVANGELHO, DA CODIFICAÇÃO KARDEQUIANA E DE OBRAS ESPÍRITAS EM GERAL
REFERENTES À REGENERAÇÃO DA TERRA
A
REGENERAÇÃO NOS EVANGELHOS
NOVO TESTAMENTO - SERMÃO
PROFÉTICO
Mateus, Marcos e Lucas
Mateus, Marcos e Lucas
Ruína de Jerusalém Mateus: Cap. XXIV, 5-21
1 Ora,
Jesus, tendo saído do templo, ia-se retirando, quando se aproximaram dele os
seus discípulos, para lhe mostrarem os edifícios do templo.
2 Mas
ele lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não se deixará
aqui pedra sobre pedra que não seja derribada.
Avisos para o tempo das perseguições -
Mateus: Cap. XXIV, 4-14
3 E
estando ele sentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus
discípulos em particular, dizendo: Declara-nos quando serão essas coisas,
e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo.
4
Respondeu-lhes Jesus: Acautelai-vos, que ninguém vos engane.
5
Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; a muitos enganarão.
6 E
ouvireis falar de guerras e rumores de guerras; olhai não vos perturbeis;
porque forçoso é que assim aconteça; mas ainda não é o fim.
7
Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino; e haverá fomes
e terremotos em vários lugares.
8 Mas
todas essas coisas são o princípio das dores.
9 Então
sereis entregues à tortura, e vos matarão; e sereis odiados de todas as
nações por causa do meu nome.
10
Nesse tempo muitos hão de se escandalizar, e trair-se uns aos outros, e
mutuamente se odiarão.
11
Igualmente hão de surgir muitos falsos profetas, e enganarão a muitos;
12 e,
por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.
13 Mas
quem perseverar até o fim, esse será salvo.
14 E
este evangelho do reino será pregado no mundo inteiro, em testemunho a todas as
nações, e então virá o fim.
Fim do mundo Mateus: Cap. XXIV, 22-44
22 E se
aqueles dias não fossem abreviados, ninguém se salvaria; mas por causa dos
escolhidos serão abreviados aqueles dias.
23 Se,
pois, alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! ou: Ei-lo aí! não acrediteis;
24
porque hão de surgir falsos cristos e falsos profetas, e farão grandes sinais e
prodígios; de modo que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.
25 Eis
que de antemão vo-lo tenho dito.
26
Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto; não saiais; ou: Eis que
ele está no interior da casa; não acrediteis.
27
Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até o ocidente, assim
será também a vinda do filho do homem.
28 Pois
onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão os abutres.
29 Logo
depois da tribulação daqueles dias, escurecerá o sol, e a lua não dará a sua
luz; as estrelas cairão do céu e os poderes dos céus serão abalados.
30
Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as tribos da
terra se lamentarão, e verão vir o Filho do homem sobre as nuvens do céu, com
poder e grande glória.
31 E
ele enviará os seus anjos com grande clamor de trombeta, os quais lhe
ajuntarão os escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade
dos céus.
32
Aprendei, pois, da figueira a sua parábola: Quando já o seu ramo se torna tenro
e brota folhas, sabeis que está próximo o verão.
33
Igualmente, quando virdes todas essas coisas, sabei que ele está próximo, mesmo
às portas.
34 Em
verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas essas coisas se cumpram.
35
Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras jamais passarão.
36
Daquele dia e hora, porém, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o
Filho, senão só o Pai.
37 Pois
como foi dito nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem.
38
Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e
davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca,
39 e
não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos; assim será também
a vinda do Filho do homem.
40
Então, estando dois homens no campo, será levado um e deixado outro;
41
estando duas mulheres a trabalhar no moinho, será levada uma e deixada a outra.
42 Vigiai,
pois, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor;
43
sabei, porém, isto: se o dono da casa soubesse a que vigília da noite havia de
vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa.
44 Por
isso ficai também vós apercebidos; porque numa hora em que não penseis, virá
o Filho do homem.
Parábolas
Da
Figueira (Mat. : Cap. XXIV,
32-33)
32
Aprendei, pois, da figueira a sua parábola: Quando já o seu ramo se torna tenro
e brota folhas, sabeis que está próximo o verão.
33
Igualmente, quando virdes todas essas coisas, sabei que ele está próximo, mesmo
às portas.
Dos dois Servos
(Mat. : Cap. XXIV, 45-51)
45 Quem
é, pois, o servo fiel e prudente, que o senhor pôs sobre os seus
serviçais, para a tempo dar-lhes o sustento?
46
Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar assim
fazendo.
47 Em
verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens.
48 Mas
se aquele outro, o mau servo, disser no seu coração: Meu senhor tarda em
vir,
49 e
começar a espancar os seus conservos, e a comer e beber com os ébrios,
50 virá
o senhor daquele servo, num dia em que não o espera, e numa hora de que não
sabe,
51 e
cortá-lo-á pelo meio, e lhe dará a sua parte com os hipócritas; ali haverá
choro e ranger de dentes.
Das dez Virgens
(Mat. : Cap. XXV, 1-13)
1 Então
o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram
ao encontro do noivo.
2 Cinco
delas eram insensatas, e cinco prudentes.
3 Ora,
as insensatas, tomando as lâmpadas, não levaram azeite consigo.
4 As
prudentes, porém, levaram azeite em suas vasilhas, juntamente com as lâmpadas.
5 E
tardando o noivo, cochilaram todas, e dormiram.
6 Mas à
meia-noite ouviu-se um grito: Eis o noivo! saí-lhe ao encontro!
7 Então
todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas.
8 E as
insensatas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas
lâmpadas estão se apagando.
9 Mas
as prudentes responderam: não; pois de certo não chegaria para nós e para vós;
ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós.
10 E,
tendo elas ido comprá-lo, chegou o noivo; e as que estavam preparadas entraram
com ele para as bodas, e fechou-se a porta.
11
Depois vieram também as outras virgens, e disseram: Senhor, Senhor, abre-nos a
porta.
12 Ele,
porém, respondeu: Em verdade vos digo, não vos conheço.
13 Vigiai
pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora.
Dos Talentos (Mat. : Cap. XXV, 14-30)
14
Porque é assim como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos
e lhes entregou os seus bens:
15 a um
deu cinco talentos, a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua
capacidade; e seguiu viagem.
16 O
que recebera cinco talentos foi imediatamente negociar com eles, e ganhou
outros cinco;
17 da
mesma sorte, o que recebera dois ganhou outros dois;
18 mas
o que recebera um foi e cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor.
19 Ora,
depois de muito tempo veio o senhor daqueles servos, e fez contas com eles.
20
Então chegando o que recebera cinco talentos, apresentou-lhe outros cinco
talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco
que ganhei.
21
Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo bom e fiel; sobre o pouco foste
fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.
22
Chegando também o que recebera dois talentos, disse: Senhor, entregaste-me dois
talentos; eis aqui outros dois que ganhei.
23
Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo bom e fiel; sobre o pouco foste fiel,
sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.
24
Chegando por fim o que recebera um talento, disse: Senhor, eu te conhecia, que
és um homem duro, que ceifas onde não semeaste, e recolhes onde não joeiraste;
25 e,
atemorizado, fui esconder na terra o teu talento; eis aqui tens o que é teu.
26 Ao
que lhe respondeu o seu senhor: Servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo
onde não semeei, e recolho onde não joeirei?
27
Devias então entregar o meu dinheiro aos banqueiros e, vindo eu, tê-lo-ia
recebido com juros.
28
Tirai-lhe, pois, o talento e dai ao que tem os dez talentos.
29
Porque a todo o que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não
tem, até aquilo que tem ser-lhe-á tirado.
30 E
lançai o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger
de dentes.
Do Joio e do Trigo
(Mat. : Cap. XXV, 31-46)
31
Quando, pois vier o Filho do homem na sua glória, e todos os anjos com ele,
então se assentará no trono da sua glória;
32 e
diante dele serão reunidas todas as nações; e ele separará uns dos
outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos;
33 e
porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos à esquerda.
34
Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai.
Possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;
35
porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era
forasteiro, e me acolhestes;
36 estava
nu, e me vestistes; adoeci, e me visitastes; estava na prisão e fostes ver-me.
37
Então os justos lhe perguntarão: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos
de comer? ou com sede, e te demos de beber?
38
Quando te vimos forasteiro, e te acolhemos? ou nu, e te vestimos?
39
Quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos visitar-te?
40 E
responder-lhes-á o Rei: Em verdade vos digo que, sempre que o fizestes a um
destes meus irmãos, mesmo dos mais pequeninos, a mim o fizestes.
41
Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos,
para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos;
42
porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de
beber;
43 era
forasteiro, e não me acolhestes; estava nu, e não me vestistes; enfermo, e na
prisão, e não me visitastes.
44
Então também estes perguntarão: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede,
ou forasteiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos?
45 Ao
que lhes responderá: Em verdade vos digo que, sempre que o deixaste de fazer a
um destes mais pequeninos, deixastes de o fazer a mim.
46 E
irão eles para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna.
A
REGENERAÇÃO NA CODIFICAÇÃO
O
EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
refácio
Os Espíritos do Senhor,
que são as virtudes dos Céus, qual imenso exército que se movimenta ao receber
as ordens do seu comando, espalham-se por toda a superfície da Terra e,
semelhantes a estrelas cadentes, vêm iluminar os caminhos e abrir os olhos aos cegos.
Eu vos digo, em verdade,
que são chegados os tempos em que todas as coisas hão de ser restabelecidas no
seu verdadeiro sentido, para dissipar as trevas, confundir os orgulhosos e glorificar
os justos.
As grandes vozes do Céu
ressoam como sons de trombetas, e os cânticos dos anjos se lhes associam. Nós
vos convidamos, a vós homens, para o divino concerto. Tomai da lira, fazei
uníssonas vossas vozes, e que, num hino sagrado, elas se estendam e repercutam
de um extremo a outro do Universo.
Homens, irmãos a quem
amamos, aqui estamos junto de vós. Amai-vos, também, uns aos outros e dizei do
fundo do coração, fazendo as vontades do Pai, que está no Céu: Senhor! Senhor!...
e podereis entrar no reino dos Céus.
O ESPÍRITO DE
VERDADE
Capítulo
I – Não vim destruir a Lei
Instruções
dos Espíritos
A nova era
9. Deus é único e Moisés é o Espírito que Ele
enviou em missão para torná-lo conhecido não só dos hebreus, como também dos
povos pagãos. O povo hebreu foi o instrumento de que se serviu Deus para se
revelar por Moisés e pelos profetas, e as vicissitudes por que passou esse povo
destinavam-se a chamar a atenção geral e a fazer cair o véu que ocultava aos
homens a divindade.
Os mandamentos de Deus, dados por intermédio de
Moisés, contêm o gérmen da mais ampla moral cristã. Os comentários da Bíblia,
porém, restringiam-lhe o sentido, porque, praticada em toda a sua pureza, não
na teriam então compreendido. Mas, nem por isso os dez mandamentos de Deus
deixavam de ser um como frontispício brilhante, qual farol destinado a clarear
a estrada que a Humanidade tinha de percorrer.
A moral que Moisés ensinou era apropriada ao estado
de adiantamento em que se encontravam os povos que ela se propunha regenerar, e
esses povos, semi-selvagens quanto ao aperfeiçoamento
da alma, não teriam compreendido que se pudesse adorar a Deus de outro modo que
não por meio de holocaustos, nem que se devesse perdoar a um inimigo. Notável do
ponto de vista da matéria e mesmo do das artes e das ciências, a inteligência
deles muito atrasada se achava em moralidade e não se houvera convertido sob o
império de uma religião inteiramente espiritual. Era-lhes necessária uma
representação semi-material, qual a que apresentava então a religião hebraica. Os
holocaustos lhes falavam aos sentidos, do mesmo passo que a idéia de Deus lhes
falava ao espírito.
O Cristo foi o iniciador da mais pura, da mais
sublime moral, da moral evangélico-cristã, que
há de renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos; que há de fazer brotar
de todos os corações a caridade e o amor do próximo e estabelecer entre os
humanos uma solidariedade comum; de uma moral, enfim, que há de transformar a
Terra, tornando-a morada de Espíritos superiores aos que hoje a habitam. E a
lei do progresso, a que a Natureza está submetida, que se cumpre, e o Espiritismo
é a alavanca de que Deus se utiliza para fazer que a Humanidade avance.
São chegados os tempos em que se hão de desenvolver as idéias, para que se realizem os
progressos que estão nos desígnios de Deus. Têm elas de seguir a mesma rota que
percorreram as idéias de liberdade, suas precursoras. Não se acredite, porém,
que esse desenvolvimento se efetue sem lutas. Não; aquelas idéias precisam,
para atingirem a maturidade, de abalos e discussões, a fim de que atraiam a
atenção das massas. Uma vez isso conseguido, a beleza e a santidade da moral tocarão
os espíritos, que então abraçarão uma ciência que lhes dá a chave da vida
futura e descerra as portas da felicidade eterna. Moisés abriu o caminho; Jesus
continuou a obra; o Espiritismo a concluirá. - Um Espírito israelita. (Mulhouse,
1861.)
10. Um dia, Deus, em sua inesgotável caridade,
permitiu que o homem visse a verdade varar as trevas. Esse dia foi o do advento
do Cristo. Depois da luz viva, voltaram as trevas. Após alternativas de verdade
e obscuridade, o mundo novamente se perdia. Então, semelhantemente aos profetas
do Antigo Testamento, os Espíritos se puseram a falar e a vos advertir. O mundo
está abalado em seus fundamentos; reboará o trovão. Sede firmes! O Espiritismo
é de ordem divina, pois que se assenta nas próprias leis da Natureza, e estai
certos de que tudo o que é de ordem divina tem grande e útil objetivo. O vosso
mundo se perdia; a Ciência, desenvolvida à custa do que é de ordem moral, mas
conduzindo-vos ao bem-estar material, redundava em proveito do espírito das
trevas. Como sabeis, cristãos, o coração e o amor têm de caminhar unidos à
Ciência. O reino do Cristo, ah! passados que são dezoito séculos e apesar do
sangue de tantos mártires, ainda não veio. Cristãos, voltai para o Mestre, que
vos quer salvar. Tudo é fácil àquele que crê e ama; o amor o enche de inefável
alegria. Sim, meus filhos, o mundo está abalado; os bons Espíritos vo-lo dizem
sobejamente; dobrai-vos à rajada que anuncia a tempestade, a fim de não serdes
derribados, isto é, preparai-vos e não imiteis as virgens loucas, que foram
apanhadas desprevenidas à chegada do esposo.
A revolução que se apresta é antes
moral do que material. Os grandes Espíritos, mensageiros divinos, sopram
a fé, para que todos vós, obreiros esclarecidos e ardorosos, façais ouvir a
vossa voz humilde, porquanto sois o grão de areia; mas, sem grãos de areia, não
existiriam as montanhas. Assim, pois, que estas palavras - "Somos
pequenos" - careçam para vós de significação. A cada um a sua missão, a
cada um o seu trabalho. Não constrói a formiga o edifício de sua república e
imperceptíveis animálculos não elevam continentes? Começou a nova cruzada.
Apóstolos da paz universal, que não de uma guerra, modernos São Bernardos,
olhai e marchai para frente; a lei dos mundos é a do progresso. Fénelon. (Poitiers, 1861.)
Capítulo
III - Há muitas moradas na casa de meu Pai
Diferentes categorias de mundos habitados
3. Do ensino dado pelos Espíritos, resulta que
muito diferentes umas das outras são as condições dos mundos, quanto ao grau de
adiantamento ou de inferioridade dos seus habitantes. Entre eles há-os em que
estes últimos são ainda inferiores aos da Terra, física e moralmente; outros,
da mesma categoria que o nosso; e outros que lhe são mais ou menos superiores a
todos os respeitos. Nos mundos inferiores, a existência é toda material, reinam
soberanas as paixões, sendo quase nula a vida moral. A medida que esta se
desenvolve, diminui a influência da matéria, de tal maneira que, nos mundos
mais adiantados, a vida é, por assim dizer, toda espiritual.
4. Nos mundos intermédios, misturam-se o bem e o
mal, predominando um ou outro, segundo o grau de adiantamento da maioria dos
que os habitam. Embora se não possa fazer, dos diversos mundos, uma
classificação absoluta, pode-se contudo, em virtude do estado em que se acham e
da destinação que trazem, tomando por base os matizes mais salientes, dividi-los,
de modo geral, como segue: mundos primitivos, destinados às primeiras
encarnações da alma humana; mundos de expiação e provas, onde domina o mal;
mundos de regeneração, nos quais as almas que ainda têm o que expiar haurem
novas forças, repousando das fadigas da luta; mundos ditosos, onde o bem
sobrepuja o mal; mundos celestes ou divinos, habitações de Espíritos depurados,
onde exclusivamente reina o bem. A Terra pertence à categoria dos mundos de
expiação e provas, razão por que aí vive o homem a braços com tantas misérias.
5. Os Espíritos que encarnam em um mundo não se
acham a ele presos indefinidamente, nem nele atravessam todas as fases do
progresso que lhes cumpre realizar, para atingir a perfeição. Quando, em um
mundo, eles alcançam o grau de adiantamento que esse mundo comporta, passam
para outro mais adiantado, e assim por diante, até que cheguem ao estado de
puros Espíritos. São outras tantas estações, em cada uma das quais se lhes
deparam elementos de progresso apropriados ao adiantamento que já conquistaram.
É-lhes uma recompensa ascenderem a um mundo de ordem mais elevada, como é um
castigo o prolongarem a sua permanência em um mundo desgraçado, ou serem
relegados para outro ainda mais infeliz do que aquele a que se vêem impedidos
de voltar quando se obstinaram no mal.
Instruções
dos Espíritos
Mundos inferiores e mundos superiores
8. A qualificação de mundos inferiores e mundos
superiores nada tem de absoluta; é, antes, muito relativa. Tal mundo é inferior
ou superior com referência aos que lhe estão acima ou abaixo, na escala
progressiva.
Tomada a Terra por termo de comparação, pode-se
fazer idéia do estado de um mundo inferior, supondo os seus habitantes na
condição das raças selvagens ou das nações bárbaras que ainda entre nós se
encontram, restos do estado primitivo do nosso orbe. Nos mais atrasados, são de
certo modo rudimentares os seres que os habitam. Revestem a forma humana, mas
sem nenhuma beleza. Seus instintos não têm a abrandá-los qualquer sentimento de
delicadeza ou de benevolência, nem as noções do justo e do injusto. A força
bruta é, entre eles, a única lei. Carentes de indústrias e de invenções, passam
a vida na conquista de alimentos. Deus, entretanto, a nenhuma de suas criaturas
abandona; no fundo das trevas da inteligência jaz, latente, a vaga intuição,
mais ou menos desenvolvida, de um Ente supremo. Esse instinto basta para
torná-los superiores uns aos outros e para lhes preparar a ascensão a uma vida
mais completa, porquanto eles não são seres degradados, mas crianças que estão
a crescer.
Entre os degraus inferiores e os mais elevados,
inúmeros outros há, e difícil é reconhecer-se nos Espíritos puros,
desmaterializados e resplandecentes de glória, os que foram esses seres
primitivos, do mesmo modo que no homem adulto se custa a reconhecer o embrião.
9. Nos mundos que chegaram a um grau superior, as
condições da vida moral e material são muitíssimo diversas das da vida na
Terra. Como por toda parte, a forma corpórea aí é
sempre a humana, mas embelezada, aperfeiçoada e, sobretudo, purificada.
O corpo nada tem da materialidade terrestre e não está, conseguintemente,
sujeito às necessidades, nem às doenças ou deteriorações que a predominância da
matéria provoca. Mais apurados, os sentidos são aptos a percepções a que neste
mundo a grosseria da matéria obsta. A leveza específica do corpo permite
locomoção rápida e fácil: em vez de se arrastar penosamente pelo solo, desliza,
a bem dizer, pela superfície, ou plana na atmosfera, sem qualquer outro esforço
além do da vontade, conforme se representam os anjos, ou como os antigos
imaginavam os manes nos Campos Elíseos. Os homens conservam, a seu grado, os
traços de suas passadas migrações e se mostram a seus amigos tais quais estes
os conheceram, porém, irradiando uma luz divina, transfigurados pelas
impressões interiores, então sempre elevadas. Em lugar de semblantes
descorados, abatidos pelos sofrimentos e paixões, a inteligência e a vida
cintilam com o fulgor que os pintores hão figurado no nimbo ou auréola dos
santos.
A pouca resistência que a matéria oferece a
Espíritos já muito adiantados torna rápido o desenvolvimento dos corpos e curta
ou quase nula a infância. Isenta de cuidados e angústias, a vida é
proporcionalmente muito mais longa do que na Terra. Em princípio, a longevidade guarda proporção com o grau de adiantamento
dos mundos. A morte de modo algum acarreta os horrores da decomposição;
longe de causar pavor, é considerada uma transformação feliz, por isso que lá
não existe a dúvida sobre o porvir. Durante a vida, a alma, já não tendo a
constringi-la a matéria compacta, expande-se e goza de uma lucidez que a coloca
em estado quase permanente de emancipação e lhe consente a livre transmissão do
pensamento.
10. Nesses mundos venturosos, as relações, sempre
amistosas entre os povos, jamais são perturbadas pela ambição, da parte de
qualquer deles, de escravizar o seu vizinho, nem pela guerra que daí decorre.
Não há senhores, nem escravos, nem privilegiados pelo nascimento; só a
superioridade moral e intelectual estabelece diferença entre as condições e dá
a supremacia. A autoridade merece o respeito de todos, porque somente ao mérito
é conferida e se exerce sempre com justiça. O homem não procura elevar-se
acima do homem, mas acima de si mesmo, aperfeiçoando-se. Seu objetivo é
galgar a categoria dos Espíritos puros, não lhe constituindo um tormento esse
desejo, porem, uma ambição nobre, que o induz a estudar com ardor para os
igualar. Lá, todos os sentimentos delicados e elevados da natureza humana se
acham engrandecidos e purificados; desconhecem-se os ódios, os mesquinhos
ciúmes, as baixas cobiças da inveja; um laço de amor e fraternidade prende uns aos
outros todos os homens, ajudando os mais fortes aos mais fracos. Possuem bens,
em maior ou menor quantidade, conforme os tenham adquirido, mais ou menos por
meio da inteligência; ninguém, todavia, sofre, por lhe faltar o necessário, uma
vez que ninguém se acha em expiação. Numa palavra: o mal, nesses mundos, não
existe.
11. No vosso, precisais do mal para sentirdes o
bem; da noite, para admirardes a luz; da doença, para apreciardes a saúde.
Naqueles outros não há necessidade desses contrastes. A eterna luz, a eterna
beleza e a eterna serenidade da alma proporcionam uma alegria eterna, livre de
ser perturbada pelas angústias da vida material, ou pelo contacto dos maus, que
lá não têm acesso. Isso o que o espírito humano maior dificuldade encontra para
compreender. Ele foi bastante engenhoso para pintar os tormentos do inferno,
mas nunca pôde imaginar as alegrias do céu. Por quê? Porque, sendo inferior, só há experimentado dores e
misérias, jamais entreviu as claridades celestes; não pode, pois, falar do que
não conhece. A medida, porém, que se eleva e depura, o horizonte se lhe dilata
e ele compreende o bem que está diante de si, como compreendeu o mal que lhe
está atrás.
12. Entretanto, os mundos felizes não são orbes
privilegiados, visto que Deus não é parcial para qualquer de seus filhos; a
todos dá os mesmos direitos e as mesmas facilidades para chegarem a tais
mundos. Fá-los partir todos do mesmo ponto e a nenhum dota melhor do que aos
outros; a todos são acessíveis as mais altas categorias: apenas lhes cumpre a
eles conquistá-las pelo seu trabalho,
alcançá-las mais depressa, ou permanecer inativos por séculos de séculos no
lodaçal da Humanidade. (Resumo do ensino de todos os Espíritos superiores.)
Mundos de expiações e de provas
13. Que vos direi dos mundos de expiações que já
não saibais, pois basta observeis o em que habitais? A superioridade da
inteligência, em grande número dos seus habitantes, indica que a Terra não é um
mundo primitivo, destinado à encarnação dos Espíritos que acabaram de sair das
mãos do Criador. As qualidades inatas que eles trazem consigo constituem a
prova de que já viveram e realizaram certo progresso. Mas, também, os numerosos
vícios a que se mostram propensos constituem o índice de grande imperfeição
moral. Por isso os colocou Deus num mundo ingrato, para expiarem aí suas faltas,
mediante penoso trabalho e misérias da vida, até que hajam merecido ascender a
um planeta mais ditoso.
14. Entretanto, nem todos os Espíritos que encarnam
na Terra vão para aí em expiação. As raças a que chamais selvagens são formadas
de Espíritos que apenas saíram da infância e que na Terra se acham, por assim
dizer, em curso de educação, para se desenvolverem pelo contacto com Espíritos
mais adiantados. Vêm depois as raças semicivilizadas, constituídas desses
mesmos os Espíritos em via de progresso. São elas, de certo modo, raças
indígenas da Terra, que aí se elevaram pouco a pouco em longos períodos seculares,
algumas das quais hão podido chegar ao aperfeiçoamento intelectual dos povos mais
esclarecidos.
Os Espíritos em expiação, se nos podemos exprimir
dessa forma, são exóticos, na Terra; já tiveram noutros mundos, donde foram
excluídos em conseqüência da sua obstinação no mal e por se haverem
constituído, em tais mundos, causa de perturbação para os bons. Tiveram de ser
degradados, por algum tempo, para o meio de Espíritos mais atrasados, com a missão
de fazer que estes últimos avançassem, pois que levam consigo inteligências desenvolvidas
e o gérmen dos conhecimentos que adquiriram. Daí vem que os Espíritos em punição
se encontram no seio das raças mais inteligentes. Por isso mesmo, para essas
raças é que de mais amargor se revestem OS infortúnios da vida. E que há nelas
mais sensibilidade, sendo, portanto, mais provadas pelas contrariedades e
desgostos do que as raças primitivas, cujo senso moral se acha mais embotado.
15. A Terra, conseguintemente, oferece um dos tipos
de mundos expiatórios, cuja variedade é infinita, mas revelando todos, como
caráter comum, o servirem de lugar de exílio para Espíritos rebeldes à lei de
Deus. Esses Espíritos tem aí de lutar, ao mesmo tempo, com a perversidade dos
homens e com a inclemência da Natureza, duplo e árduo trabalho que
simultaneamente desenvolve as qualidades do coração e as da inteligência. E
assim que Deus, em sua bondade, faz que o próprio castigo redunde em proveito
do progresso do Espírito. - Santo Agostinho. Paris, 1862.)
Mundos regeneradores
16. Entre as estrelas que cintilam na abóbada azul
do firmamento, quantos mundos não haverá como o vosso, destinados pelo Senhor à
expiação e à provação! Mas, também os há mais miseráveis e melhores, como os há
de transição, que se podem denominar de regeneradores. Cada turbilhão
planetário, a deslocar-se no espaço em torno de um centro comum, arrasta
consigo seus mundos primitivos, de exílio, de provas, de regeneração e de felicidade.
Já se vos há falado de mundos onde a alma recém-nascida é colocada, quando ainda
ignorante do bem e do mal, mas com a possibilidade de caminhar para Deus,
senhora de si mesma, na posse do livre-arbítrio. Já também se vos revelou de
que amplas faculdades é dotada a alma para praticar o bem. Mas, ah! há as que
sucumbem, e Deus, que não as quer aniquiladas, lhes permite irem para esses
mundos onde, de encarnação em encarnação, elas se depuram, regeneram e voltam
dignas da glória que lhes fora destinada.
17. Os mundos
regeneradores servem de transição entre os mundos de expiação e os mundos
felizes. A alma penitente encontra neles a calma e o repouso e acaba por
depurar-se. Sem dúvida, em tais mundos o homem ainda se acha sujeito às leis
que regem a matéria; a Humanidade experimenta as vossas sensações e desejos,
mas liberta das paixões desordenadas de que sois escravos, isenta do orgulho
que impõe silêncio ao coração, da inveja que a tortura, do ódio que a sufoca.
Em todas as frontes, vê-se escrita a palavra amor; perfeita equidade preside às
relações sociais, todos reconhecem Deus e tentam caminhar para Ele, cumprindo-lhe
as leis.
Nesses mundos, todavia, ainda não existe a
felicidade perfeita, mas a aurora da felicidade. O homem lá é ainda de carne e, por isso, sujeito às
vicissitudes de que libertos só se acham os seres completamente
desmaterializados. Ainda tem de suportar provas,
porém, sem as pungentes angústias da expiação. Comparados à Terra, esses
mundos são bastante ditosos e muitos dentre vós se alegrariam de habitá-los,
pois que eles representam a calma após a tempestade, a convalescença após a
moléstia cruel. Contudo, menos absorvido pelas coisas materiais, o homem
divisa, melhor do que vós, o futuro; compreende a existência de outros gozos
prometidos pelo Senhor aos que deles se mostrem dignos, quando a morte lhes houver
de novo ceifado os corpos, a fim de lhes outorgar a verdadeira vida. Então,
liberta, a alma pairará acima de todos os horizontes. Não mais sentidos materiais
e grosseiros; somente os sentidos de um perispírito puro e celeste, a aspirar
as emanações do próprio Deus, nos aromas de amor e de caridade que do seu seio
emanam.
18. Mas, ah! nesses mundos, ainda falível é o homem e o Espírito do mal não há perdido completamente
o seu império. Não avançar é recuar, e, se o homem não se houver firmado
bastante na senda do bem, pode recair nos mundos de expiação, onde, então,
novas e mais terríveis provas o aguardam.
Contemplai, pois, à noite, à hora do repouso e da
prece, a abóbada azulada e, das inúmeras esferas que brilham sobre as vossas
cabeças, indagai de vós mesmos quais as que conduzem a Deus e pedi-lhe que uni
mundo regenerador vos abra seu seio, após a expiação na Terra. - Santo
Agostinho. (Paris, 1862.)
Progressão dos mundos
19. O progresso é lei da Natureza. A essa lei todos
os seres da Criação, animados e inanimados, foram submetidos pela bondade de
Deus, que quer que tudo se engrandeça e prospere. A própria destruição, que aos
homens parece o termo final de todas as coisas, é apenas um meio de se chegar,
pela transformação, a um estado mais perfeito, visto que tudo morre para
renascer e nada sofre o aniquilamento.
Ao mesmo tempo que todos os seres
vivos progridem moralmente, progridem materialmente os mundos em que eles
habitam. Quem pudesse acompanhar um mundo em suas
diferentes fases, desde o instante em que se aglomeraram os primeiros átomos destinados
e constituí-lo, vê-lo-ia a percorrer uma escala incessantemente progressiva,
mas de degraus imperceptíveis para cada geração, e a oferecer aos seus
habitantes uma morada cada vez mais agradável, à medida que eles próprios
avançam na senda do progresso. Marcham assim, paralelamente, o progresso do
homem, o dos animais, seus auxiliares, o dos vegetais e o da habitação,
porquanto nada em a Natureza permanece estacionário. Quão grandiosa é essa idéia
e digna da majestade do Criador! Quanto, ao contrário, é mesquinha e indigna do
seu poder a que concentra a sua solicitude e a sua providência no imperceptível
grão de areia, que é a Terra, e restringe a Humanidade aos poucos homens que a
habitam!
Segundo aquela lei, este mundo esteve material e
moralmente num estado inferior ao em que hoje se acha e se alçará sob esse
duplo aspecto a um grau mais elevado. Ele há chegado a um dos seus períodos de
transformação, em que, de orbe expiatório, mudar-se-á em planeta de
regeneração, onde os homens serão ditosos, porque nele imperará a lei de Deus.
- Santo Agostinho. (Paris, 1862.)
CAPÍTULO XX
OS TRABALHADORES DA ÚLTIMA HORA
Instruções dos
Espíritos: Os últimos serão os primeiros. - Missão dos espíritas. – Os obreiros
do Senhor.
1. O reino dos
céus é semelhante a um pai de família que saiu de madrugada, a
fim de
assalariar trabalhadores para a sua vinha. - Tendo convencionado com os trabalhadores
que pagaria um denário a cada um por dia, mandou-os para a vinha. - Saiu de
novo à terceira hora do dia e, vendo outros que se conservavam na praça sem fazer
coisa alguma, - disse-lhes: Ide também vós outros para a minha vinha e vos pagarei
o que for razoável. Eles foram. - Saiu novamente à hora sexta e à hora nona do dia
e fez o mesmo. - Saindo mais uma vez à hora undécima, encontrou ainda outros
que estavam desocupados, aos quais disse: Por que permaneceis aí o dia inteiro
sem trabalhar? - É, disseram eles, que ninguém nos assalariou. Ele então lhes
disse: Ide vós também para a minha vinha.
Ao cair da tarde
disse o dono da vinha àquele que cuidava dos seus negócios: Chama os
trabalhadores e paga-lhes, começando pelos últimos e indo até aos primeiros. -
Aproximando-se então os que só à undécima hora haviam chegado, receberam um denário
cada um. - Vindo a seu turno os que tinham sido encontrados em primeiro lugar,
julgaram que iam receber mais; porém, receberam apenas um denário cada um. - Recebendo-o,
queixaram-se ao pai de família, - dizendo: Estes últimos trabalharam apenas uma
hora e lhes dás tanto quanto a nós que suportamos o peso do dia e do calor.
Mas,
respondendo, disse o dono da vinha a um deles: Meu amigo, não te causo dano algum;
não convencionaste comigo receber um denário pelo teu dia? Toma o que te
pertence e vai-te; apraz-me a mim dar a este último tanto quanto a ti. - Não me
é então lícito fazer o que quero? Tens mau olho, porque sou bom?
Assim, os
últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos, porque muitos são
os chamados e poucos os escolhidos.
(S. MATEUS, cap.
XX, vv. 1 a 16. Ver também: “Parábola do festim das bodas”, cap. XVIII, nº 1.)
INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS
Os últimos serão os primeiros
2. O obreiro da
última hora tem direito ao salário, mas é preciso que a sua boa-vontade o haja
conservado à disposição daquele que o tinha de empregar e que o seu retardamento
não seja fruto da preguiça ou da má-vontade. Tem ele direito ao salário, porque
desde a alvorada esperava com impaciência aquele que por fim o chamaria para o
trabalho. Laborioso, apenas lhe faltava o labor.
Se, porém, se
houvesse negado ao trabalho a qualquer hora do dia; se houvesse dito: "tenhamos
paciência, o repouso me é agradável; quando soar a última hora é que será tempo
de pensar no salário do dia; que necessidade tenho de me incomodar por um
patrão a quem não conheço e não estimo! quanto mais tarde, melhor"; esse
tal, meus amigos, não teria tido o salário do obreiro, mas o da preguiça.
Que dizer,
então, daquele que, em vez de apenas se conservar inativo, haja empregado as
horas destinadas ao labor do dia em praticar atos culposos; que haja blasfemado
de Deus, derramado o sangue de seus irmãos, lançado a perturbação nas famílias,
arruinado os que nele confiaram, abusado da inocência, que, enfim, se haja
cevado em todas as ignomínias da Humanidade? Que será desse? Bastar-lhe-á dizer
à última hora: Senhor, empreguei mal o meu tempo; toma-me até ao fim do dia,
para que eu execute um pouco, embora bem pouco, da minha tarefa, e dá-me o
salário do trabalhador de boa vontade? Não, não; o Senhor lhe dirá: "Não
tenho presentemente trabalho para te dar; malbarataste o teu tempo; esqueceste
o que havias aprendido; já não sabes trabalhar na minha vinha. Recomeça, portanto,
a aprender, quando te achares mais bem disposto, vem ter comigo e eu te franquearei
o meu vasto campo, onde poderás trabalhar a qualquer hora do dia.
Bons espíritas,
meus bem-amados, sois todos obreiros da última hora. Bem orgulhoso seria aquele
que dissesse: Comecei o trabalho ao alvorecer do dia e só o terminarei ao anoitecer.
Todos viestes quando fostes chamados, um pouco mais cedo, um pouco mais tarde, para
a encarnação cujos grilhões arrastais; mas há quantos séculos e séculos o Senhor
vos chamava para a sua vinha, sem que quisésseis penetrar nela! Eis-vos no
momento de embolsar o salário; empregai bem a hora que vos resta e não
esqueçais nunca que a vossa existência, por longa que vos pareça, mais não é do
que um instante fugitivo na imensidade dos tempos que formam para vós a
eternidade. - Constantino, Espírito Protetor. (Bordéus, 1863.)
3. Jesus gostava
da simplicidade dos símbolos e, na sua linguagem máscula, os obreiros que
chegaram na primeira hora são os profetas, Moisés e todos os iniciadores que marcaram
as etapas do progresso, as quais continuaram a ser assinaladas através dos
séculos pelos apóstolos, pelos mártires, pelos Pais da Igreja, pelos sábios,
pelos filósofos e, finalmente, pelos espíritas. Estes, que por último vieram,
foram anunciados e preditos desde a aurora do advento do Messias e receberão a
mesma recompensa. Que digo? Recompensa maior. Últimos chegados, eles aproveitam
dos labores intelectuais dos seus predecessores, porque o homem tem de herdar
do homem e porque coletivos são os trabalhos humanos: Deus abençoa a
solidariedade. Aliás, muitos dentre aqueles revivem hoje, ou reviverão amanhã,
para terminarem a obra que começaram outrora. Mais de um patriarca, mais de um profeta,
mais de um discípulo do Cristo, mais de um propagador da fé cristã se encontram
no meio deles, porém, mais esclarecidos, mais adiantados, trabalhando, não já na
base e sim na cumeeira do edifício. Receberão, pois, salário proporcionado ao
valor da obra.
O belo dogma da
reencarnação eterniza e precisa a filiação espiritual. Chamado a prestar contas
do seu mandato terreno, o Espírito se apercebe da continuidade da tarefa interrompida,
mas sempre retomada. Ele vê, sente que apanhou, de passagem, o pensamento dos
que o precederam. Entra de novo na liça, amadurecido pela experiência, para
avançar mais. E todos, trabalhadores da primeira e da última hora, com os olhos
bem abertos sobre a profunda justiça de Deus, não mais murmuram: adoram.
Tal um dos
verdadeiros sentidos desta parábola, que encerra, como todas as de que Jesus se
utilizou falando ao povo, o gérmen do futuro e também, sob todas as formas, sob
todas as imagens, a revelação da magnífica unidade que harmoniza todas as
coisas no Universo, da solidariedade que liga todos os seres presentes ao
passado e ao futuro. – Henri Heine. (Paris,
1863.)
Missão dos espíritas
4. Não escutais
já o ruído da tempestade que há de arrebatar o velho mundo e abismar no nada o
conjunto das iniqüidades terrenas? Ah! bendizei o Senhor, vós que haveis posto
a vossa fé na sua soberana justiça e que, novos apóstolos da crença revelada
pelas proféticas vozes superiores, ides pregar o novo dogma da reencarnação e
da elevação dos Espíritos, conforme tenham cumprido, bem ou mal, suas missões e
suportado suas provas terrestres.
Não mais vos
assusteis! As línguas de fogo estão sobre as vossas cabeças. O verdadeiros
adeptos do Espiritismo!... sois os escolhidos de Deus! Ide e pregai a palavra divina.
É chegada a hora em que deveis sacrificar à sua propagação os vossos hábitos,
os vossos trabalhos, as vossas ocupações fúteis. Ide e pregai. Convosco estão
os Espíritos elevados. Certamente falareis a criaturas que não quererão escutar
a voz de Deus, porque essa voz as exorta incessantemente à abnegação. Pregareis
o desinteresse aos avaros, a abstinência aos dissolutos, a mansidão aos tiranos
domésticos, como aos déspotas! Palavras perdidas, eu o sei; mas não importa.
Faz-se mister regueis com os vossos suores o terreno onde tendes de semear,
porquanto ele não frutificará e não produzirá senão sob os reiterados golpes da
enxada e da charrua evangélicas. Ide e pregai!
Ó todos vós,
homens de boa-fé, conscientes da vossa inferioridade em face dos mundos
disseminados pelo infinito!... lançai-vos em cruzada contra a injustiça e a iniqüidade.
Ide e proscrevei esse culto do bezerro de ouro, que cada dia mais se alastra.
Ide, Deus vos guia! Homens simples e ignorantes, vossas línguas se soltarão e
falareis como nenhum orador fala. Ide e pregai, que as populações atentas
recolherão ditosas as vossas palavras de consolação, de fraternidade, de
esperança e de paz.
Que importam as
emboscadas que vos armem pelo caminho! Somente lobos caem em armadilhas para
lobos, porquanto o pastor saberá defender suas ovelhas das fogueiras imoladoras.
Ide, homens,
que, grandes diante de Deus, mais ditosos do que Tomé, credes sem fazerdes questão
de ver e aceitais os fatos da mediunidade, mesmo quando não tenhais conseguido obtê-los
por vós mesmos; ide, o Espírito de Deus vos conduz.
Marcha, pois,
avante, falange imponente pela tua fé! Diante de ti os grandes batalhões dos
incrédulos se dissiparão, como a bruma da manhã aos primeiros raios do Sol
nascente.
A fé é a virtude
que desloca montanhas, disse Jesus. Todavia, mais pesados do que as maiores
montanhas, jazem depositados nos corações dos homens a impureza e todos os
vícios que derivam da impureza. Parti, então, cheios de coragem, para
removerdes essa montanha de iniqüidades que as futuras gerações só deverão
conhecer como lenda, do mesmo modo que vós, que só muito imperfeitamente
conheceis os tempos que antecederam a civilização pagã.
Sim, em todos os
pontos do Globo vão produzir-se as subversões morais e filosóficas; aproxima-se
a hora em que a luz divina se espargirá sobre os dois mundos.
Ide, pois, e levai
a palavra divina: aos grandes que a desprezarão, aos eruditos que exigirão
provas, aos pequenos e simples que a aceitarão; porque, principalmente entre os
mártires do trabalho, desta provação terrena, encontrareis fervor e fé. Ide;
estes receberão, com hinos de gratidão e louvores a Deus, a santa consolação
que lhes levareis, e baixarão a fronte, rendendo-lhe graças pelas aflições que
a Terra lhes destina.
Arme-se a vossa
falange de decisão e coragem! Mãos à obra! o arado está pronto; a terra espera;
arai!
Ide e agradecei
a Deus a gloriosa tarefa que Ele vos confiou; mas, atenção! entre os chamados
para o Espiritismo muitos se transviaram; reparai, pois, vosso caminho e segui
a verdade.
Pergunta. - Se, entre os chamados para o
Espiritismo, muitos se transviaram, quais os sinais pelos quais reconheceremos
os que se acham no bom caminho?
Resposta. - Reconhecê-los-eis pelos princípios da
verdadeira caridade que eles ensinarão e praticarão. Reconhecê-los-eis pelo
número de aflitos a que levem consolo; reconhecê-los-eis pelo seu amor ao
próximo, pela sua abnegação, pelo seu desinteresse pessoal; reconhecê-los-eis,
finalmente, pelo triunfo de seus princípios, porque Deus quer o triunfo de Sua
lei; os que seguem Sua lei, esses são os escolhidos e Ele lhes dará a vitória; mas
Ele destruirá aqueles que falseiam o espírito dessa lei e fazem dela degrau
para contentar sua vaidade e sua ambição. - Erasto,
anjo da guarda do médium. (Paris, 1863.) (1)
(1) Na
terceira edição francesa esta mensagem saiu incompleta e sem assinatura.
Completamo-la em confronto com a 1ª edição do original. - A Editora da FEB, em
1948.
Os obreiros de Senhor
5. Aproxima-se
o tempo em que se cumprirão as coisas anunciadas para a transformação da
Humanidade. Ditosos serão os que houverem trabalhado no campo do Senhor,
com desinteresse e sem outro móvel, senão a caridade! Seus dias de trabalho
serão pagos pelo cêntuplo do que tiverem esperado. Ditosos os que hajam dito a
seus irmãos: "Trabalhemos juntos e unamos os nossos esforços, a fim de que
o Senhor, ao chegar, encontre acabada a obra", porquanto o Senhor lhes
dirá: "Vinde a mim, vós que sois bons servidores, vós que soubestes impor
silêncio aos vossos ciúmes e às vossas discórdias, a fim de que daí não viesse
dano para a obra!" Mas, ai daqueles que, por efeito das suas dissensões,
houverem retardado a hora da colheita, pois a tempestade virá e eles serão
levados no turbilhão! Clamarão: "Graça! graça!" O Senhor, porém, lhes
dirá: "Como implorais graças, vós que não tivestes piedade dos vossos irmãos
e que vos negastes a estender-lhes as mãos, que esmagastes o fraco, em vez de o
amparardes? Como suplicais graças, vós que buscastes a vossa recompensa nos
gozos da Terra e na satisfação do vosso orgulho? Já recebestes a vossa recompensa,
tal qual a quisestes. Nada mais vos cabe pedir; as recompensas celestes são
para os que não tenham buscado as recompensas da Terra."
Deus procede,
neste momento, ao censo dos seus servidores fiéis e já marcou com
o dedo aqueles cujo devotamento é apenas aparente, a fim de que não usurpem o
salário dos servidores animosos, pois aos que não recuarem diante de suas
tarefas é que ele vai confiar os postos mais difíceis na grande obra da
regeneração pelo Espiritismo. Cumprir-se-ão estas palavras: "Os primeiros
serão os últimos e os últimos serão os primeiros no reino dos céus." - O Espírito de Verdade. (Paris, 1862.)
A GÊNESE
Capítulo XVIII - são
chegados os tempos
Sinais dos tempos. - A geração nova
Sinais dos tempos
1. - São chegados os tempos, dizem-nos de todas as
partes, marcados por Deus, em que grandes acontecimentos se vão dar para
regeneração da Humanidade. Em que sentido se devem entender essas palavras
proféticas? Para os incrédulos, nenhuma importância têm; aos seus olhos, nada
mais exprimem que uma crença pueril, sem fundamento. Para a maioria dos
crentes, elas apresentam qualquer coisa de místico e de sobrenatural,
parecendo-lhes prenunciadoras da subversão das leis da Natureza. São igualmente
errôneas ambas essas interpretações; a primeira, porque envolve uma negação da Providência;
a segunda, porque tais palavras não anunciam a perturbação das leis da
Natureza, mas o cumprimento dessas leis.
2. - Tudo na criação é harmonia; tudo revela uma
previdência que não se desmente, nem nas menores, nem nas maiores coisas.
Temos, pois, que afastar, desde logo, toda idéia de capricho, por inconciliável
com a sabedoria divina. Em segundo lugar, se a nossa época esta designada para
a realização de certas coisas, é que estas têm uma razão de ser na marcha do
conjunto.
Isto posto, diremos que o nosso globo, como tudo o
que existe, esta submetido à lei do progresso. Ele progride, fisicamente, pela
transformação dos elementos que o compõem e, moralmente, pela depuração dos
Espíritos encarnados e desencarnados que o povoam. Ambos esses progressos se
realizam paralelamente, porquanto o melhoramento da habitação guarda relação
com o do habitante. Fisicamente, o globo terráqueo há experimentado
transformações que a Ciência tem comprovado e que o tornaram sucessivamente
habitável por seres cada vez mais aperfeiçoados. Moralmente, a Humanidade
progride pelo desenvolvimento da inteligência, do senso moral e do abrandamento
dos costumes. Ao mesmo tempo que o melhoramento do globo se opera sob a ação
das forças materiais, os homens para isso concorrem pelos esforços de sua
inteligência. Saneiam as regiões insalubres, tornam mais fáceis as comunicações
e mais produtiva a terra.
De duas maneiras se executa esse duplo progresso: uma, lenta, gradual e insensível; a outra, caracterizada
por mudanças bruscas, a cada uma das quais corresponde um movimento
ascensional mais rápido, que assinala, mediante impressões bem acentuadas, os
períodos progressivos da Humanidade. Esses movimentos, subordinados, quanto às
particularidades, ao livre-arbítrio dos homens, são, de certo modo, fatais em
seu conjunto, porque estão sujeitos a leis, como os que se verificam na
germinação, no crescimento e na maturidade das plantas. Por isso é que o
movimento progressivo se efetua, às vezes, de modo parcial, isto é, limitado a
uma raça ou a uma nação, doutras vezes, de modo geral.
O progresso da Humanidade se cumpre, pois, em
virtude de uma lei. Ora, como todas as leis da Natureza são obra eterna da
sabedoria e da presciência divinas, tudo o que é efeito dessas leis resulta da
vontade de Deus, não de uma vontade acidental e caprichosa, mas de uma vontade
imutável. Quando, por conseguinte, a Humanidade está madura para subir um
degrau, pode dizer-se que são chegados os tempos marcados por Deus, como se
pode dizer também que, em tal estação, eles chegam para a maturação dos frutos
e sua colheita.
3. - Do fato de ser inevitável, porque é da
natureza o movimento progressivo da Humanidade, não se segue que Deus lhe seja
indiferente e que, depois de ter estabelecido leis, se haja recolhido à inação,
deixando que as coisas caminhem por si sós. Sem dúvida, suas leis são eternas e
imutáveis, mas porque a sua própria vontade é eterna e constante e porque o seu
pensamento anima sem interrupção todas as coisas. Esse pensamento, que em tudo penetra,
é a força inteligente e permanente que mantém a harmonia em tudo. Cessasse ele
um só instante de atuar e o Universo seria como um relógio sem pêndulo
regulador. Deus, pois, vela incessantemente pela execução de suas leis e os
Espíritos que povoam o espaço são seus ministros, encarregados de atender aos
pormenores, dentro de atribuições que correspondem ao grau de adiantamento que
tenham alcançado.
4. - O Universo é, ao mesmo tempo, um mecanismo
incomensurável, acionado por um número incontável de inteligências, e um imenso
governo em o qual cada ser inteligente tem a sua parte de ação sob as vistas do
soberano Senhor, cuja vontade única mantém por toda parte a unidade. Sob o
império dessa vasta potência reguladora, tudo se move, tudo funciona em
perfeita ordem. Onde nos parece haver perturbações, o que há são movimentos
parciais e isolados, que se nos afiguram irregulares apenas porque circunscrita
é a nossa visão. Se lhes pudéssemos abarcar o conjunto, veríamos que tais irregularidades
são apenas aparentes e que se harmonizam com o todo.
5. - A Humanidade tem
realizado, até ao presente, incontestáveis progressos. Os homens, com a
sua inteligência, chegaram a resultados que jamais haviam alcançado, sob o
ponto de vista das ciências, das artes e do bem-estar material. Resta-lhes
ainda um imenso progresso a realizar: o de fazerem que entre si reinem a
caridade, a fraternidade, a solidariedade, que lhes assegurem o bem-estar moral. Não poderiam consegui-lo nem com
as suas crenças, nem com as suas instituições antiquadas, restos de outra
idade, boas para certa época, suficientes para um estado transitório, mas que,
havendo dado tudo o que comportavam, seriam hoje um entrave. Já não é somente
de desenvolver a inteligência o de que os
homens necessitam, mas de elevar o sentimento
e, para isso, faz-se preciso destruir tudo o que superexcite neles o egoísmo e
o orgulho.
Tal o período em que doravante vão entrar e que
marcará uma das fases principais da vida da Humanidade. Essa fase, que neste
momento se elabora, é o complemento indispensável do estado precedente, como a
idade viril o é da juventude. Ela podia, pois, ser prevista e predita de
antemão e é por isso que se diz que são chegados os tempos determinados por
Deus.
6. - Nestes tempos, porém, não se trata de uma
mudança parcial, de uma renovação limitada a certa região, ou a um povo, a uma
raça. Trata-se de um movimento universal, a
operar-se no sentido do progresso moral. Uma nova ordem de coisas tende
a estabelecer-se, e os homens, que mais opostos lhe são, para ela trabalham a
seu mau grado. A geração futura, desembaraçada das escórias do velho mundo e
formada de elementos mais depurados, se achará
possuída de idéias e de sentimentos muito diversos dos da geração presente, que
se vai a passo de gigante. O velho mundo estará morto e apenas viverá na
História, como o estão hoje os tempos da Idade Média, com seus costumes
bárbaros e suas crenças supersticiosas.
Aliás, todos sabem quanto ainda deixa a desejar a
atual ordem de coisas. Depois de se haver, de certo modo, considerado todo o
bem-estar material, produto da inteligência, logra-se compreender que o
complemento desse bem-estar somente pode achar-se no desenvolvimento moral.
Quanto mais se avança, tanto mais se sente o que falta, sem que, entretanto, se
possa ainda definir claramente o que seja: é isso efeito do trabalho íntimo que
se opera em prol da regeneração. Surgem desejos, aspirações, que são como que o
pressentimento de um estado melhor.
7. - Mas, uma mudança tão radical como a que se
está elaborando não pode realizar-se sem comoções. Há, inevitavelmente, luta de idéias. Desse conflito forçosamente se
originarão passageiras perturbações, até que o terreno se ache aplanado e
restabelecido o equilíbrio. É, pois, da luta das idéias que surgirão os graves
acontecimentos preditos e não de cataclismos ou catástrofes puramente
materiais. Os cataclismos gerais foram conseqüência do estado de formação da
Terra. Hoje, não são mais as entranhas do planeta que se agitam: são as da
Humanidade.
8. - Se a Terra já não tem que temer os cataclismos
gerais, nem por isso deixa de estar sujeita a periódicas revoluções, cujas
causas, do ponto de vista científico, se encontram explicadas nas instruções
seguintes, promanantes de dois Espíritos eminentes: (1)
«Cada corpo celeste, além das leis simples que
presidem à divisão dos dias e das noites, das estações, etc., experimenta
revoluções que demandam milhares de séculos para sua realização completa, porém
que, como as revoluções mais breves, passam por todos os períodos, desde o de
nascimento até o de um máximo de efeito, após o qual há decrescimento, até o
limite extremo, para recomeçar em seguida o percurso das mesmas fases.
«O homem apenas apreende as fases de duração
relativamente curta e cuja periodicidade ele pode comprovar. Algumas, no
entanto, há que abrangem longas gerações de seres e, até, sucessões de raças,
revoluções essas cujos efeitos, conseguintemente, se lhe apresentam com caráter
de novidade e de espontaneidade, ao passo que, se seu olhar pudesse projetar-se
para trás alguns milhares de séculos, veria, entre aqueles mesmos efeitos e
suas causas, uma correlação de que nem sequer suspeita. Esses períodos que,
pela sua extensão relativa, confundem a imaginação dos humanos, não são,
contudo, mais do que instantes na duração eterna.
«Num mesmo sistema planetário, todos os corpos que
o constituem reagem uns sobre os outros; todas as influências físicas são nele
solidárias e nem um só há, dos efeitos que designais pelo nome de grandes
perturbações, que não seja conseqüência da componente das influências de todo o
sistema.
«Vou mais longe: digo que os sistemas planetários
reagem uns sobre os outros, na razão da proximidade ou do afastamento
resultantes do movimento de translação deles, através das miríades de sistemas
que compõem a nossa nebulosa. Ainda vou mais longe: digo que a nossa nebulosa,
que é um como arquipélago na imensidade, tendo também seu movimento de
translação através das miríades de nebulosas, sofre a influência das de que ela
se aproxima.
«De sorte que as nebulosas reagem sobre as
nebulosas, os sistemas reagem sobre os sistemas, corno os planetas reagem sobre
os planetas, como os elementos de cada planeta reagem uns sobre os outros e
assim sucessivamente até ao átomo. Daí, em cada mundo, revoluções locais ou gerais,
que sê não parecem perturbações porque a brevidade da vida não permite se lhes
percebam mais do que os efeitos parciais.
«A matéria orgânica não poderia escapar a essas
influências; as perturbações que ela sofre podem, pois, alterar o estado físico
dos seres vivos e determinar algumas dessas enfermidades que atacam de modo
geral as plantas, os animais e os homens, enfermidades que, como todos os
flagelos, são, para a inteligência humana, um estimulante que a impele, por
forca da necessidade, a procurar meios de os combater e a descobrir leis da
Natureza.
«Mas a matéria orgânica, a seu turno, reage sobre o
Espírito. Este, pelo seu contacto e sua ligação íntima com os elementos
materiais, também sofre influências que lhe modificam as disposições, sem, no
entanto, privá-lo do livre-arbítrio, que lhe sobreexcitam ou atenuam a
atividade e que, pois, contribuem para o seu desenvolvimento. A efervescência
que por vezes se manifesta em toda uma população, entre os homens de uma mesma
raça, não é coisa fortuita, nem resultado de um capricho; tem sua causa nas
leis da Natureza. Essa efervescência, inconsciente a princípio, não passando de
vago desejo, de aspiração indefinida por alguma coisa melhor, de certa
necessidade de mudança, traduz-se por uma surda agitação, depois por atos que
levam às revoluções sociais, que, acreditai-o, também têm sua periodicidade,
como as revoluções físicas, pois que tudo se encadeia. Se não tivésseis a visão
espiritual limitada pelo véu da matéria, veríeis as correntes fluídicas que,
como milhares de fios condutores, ligam as coisas do mundo espiritual às do
mundo material.
«Quando se vos diz que a Humanidade chegou a um
período de transformação e que a Terra tem que se elevar na hierarquia dos
mundos, nada de místico vejais nessas palavras; vede, ao contrário, a execução
da uma das grandes leis fatais do Universo, contra as quais se quebra toda a
má-vontade humana.»
ARAGO
(1) Extrato
de duas comunicações dadas na Sociedade de Paris e publicadas na Revue Spirite
de outubro de 1868, pág. 313. São corolários das de Galileu, reproduzidas
no capítulo VI, e complementares do capítulo IX, sobre as revoluções do globo.
9. - Sim, decerto, a Humanidade se transforma, como
já se transformou noutras épocas, e cada transformação se assinala por uma
crise que é, para o gênero humano, o que são, para os indivíduos, as crises de
crescimento. Aquelas se tornam, muitas vezes, penosas, dolorosas, e arrebatam
consigo as gerações e as instituições, mas, são sempre seguidas de uma fase de progresso
material e moral.
«A Humanidade terrestre, tendo chegado a um desses
períodos de crescimento, está em cheio, há quase um
século, no trabalho da sua transformação, pelo que a vemos agitar-se de
todos os lados, presa de uma espécie de febre e como que impelida por invisível
força. Assim continuará, até que se haja outra vez estabilizado em novas bases.
quem a observar, então, achá-la-á muito mudada em seus costumes, em seu
caráter, nas suas leis, em suas crenças, numa palavra: em todo o seu estado
social.
«Uma coisa que vos parecerá estranhável, mas que
por isso não deixa de ser rigorosa verdade, é que o mundo dos Espíritos, mundo
que vos rodeia, experimenta o contrachoque de todas as comoções que abalam o
mundo dos encarnados. Digo mesmo que aquele toma parte ativa nessas comoções.
Nada tem isto de surpreendente, para quem sabe que os Espíritos fazem corpo com
a Humanidade; que eles saem dela e a ela têm de voltar, sendo, pois, natural se
interessem pelos movimentos que se operam entre os homens. Ficai, portanto, certos
de que, quando uma revolução social se produz na
Terra, abala igualmente o mundo invisível, onde todas as paixões, boas e
más, se exacerbam, como entre vós. Indizível efervescência entra a reinar na coletividade
dos Espíritos que ainda pertencem ao vosso mundo e que aguardam o momento de a
ele volver.
«À agitação dos encarnados e desencarnados se
juntam às vezes, e freqüentemente mesmo, já que tudo se conjuga em a Natureza,
as perturbações dos elementos físicos. Dá-se então, durante algum tempo,
verdadeira confusão geral, mas que passa como furacão, após o qual o céu volta
a estar sereno, e a Humanidade, reconstituída sobre novas bases, imbuída de
novas idéias, começa a percorrer nova etapa de progresso.
«É no período que ora se inicia que o Espiritismo
florescerá e dará frutos. Trabalhais, portanto, mais para o futuro, do que para
o presente. Era, porém, necessário que esses trabalhos se preparassem
antecipadamente, porque eles traçam as sendas da regeneração, pela unificação e
racionalidade das crenças. Ditosos os que deles aproveitam desde já. Tantas
penas se pouparão esses, quantos forem os proveitos que deles aufiram..»
Doutor BARRY
10. - Do que precede resulta que, em conseqüência
do movimento de translação que executam no espaço, os corpos celestes exercem,
uns sobre os outros, maior ou menor influência, conforme a proximidade em que
se achem entre si e as suas respectivas posições; que essa influência pode
acarretar uma perturbação momentânea aos seus elementos constitutivos e
modificar as condições de vitalidade dos seus habitantes; que a regularidade
dos movimentos determina a volta periódica das mesmas causas e dos mesmos efeitos;
que, se demasiado curta é a duração de certos períodos para que os homens os
apreciem, outros vêem passar gerações e raças que deles não se apercebem e às
quais se afigura normal o estado de coisas que observam. Ao contrário, as
gerações contemporâneas da transição lhe sofrem o contrachoque e tudo lhes
parece fora das leis ordinárias. Essas gerações vêem uma causa sobrenatural,
maravilhosa, miraculosa no que, em realidade, mais não é do que a execução das
leis da Natureza.
Se, pelo encadeamento e a solidariedade das causas
e dos efeitos, os períodos de renovação moral da Humanidade coincidem, como
tudo leva a crer, com as revoluções físicas do globo, podem os referidos
períodos ser acompanhados ou precedidos de fenômenos naturais, insólitos para
os que com eles não se acham familiarizados, de meteoros que parecem estranhos,
de recrudescência e intensificação desusadas dos flagelos destruidores, que não
são nem causa, nem presságios sobrenaturais, mas uma consequência do movimento
geral que se opera no mundo físico e no mundo moral.
Anunciando a época de renovação que se havia de
abrir para a Humanidade e determinar o fim do velho mundo, a Jesus, pois, foi lícito dizer que ela se assinalaria por
fenômenos extraordinários, tremores de terra, flagelos diversos, sinais no céu,
que mais não são do que meteoros, sem ab-rogação das leis naturais. O vulgo,
porém, ignorante, viu nessas palavras a predição de fatos miraculosos. (1)
(1) A
terrível epidemia que, de 1866 a 1868, dizimou a população da Ilha Maurícia,
teve a precedê-la tão extraordinária e tão abundante chuva de estrelas
cadentes, em novembro de 1866, que aterrorizou os habitantes daquela ilha. A
partir desse momento, a doença, que reinava desde alguns meses de forma muito
benigna, se transformou em verdadeiro flagelo devastador. Aquele fora bem um
sinal no céu e talvez nesse sentido é que se deva entender a frase - estrelas
caindo do céu, de que fala o Evangelho, como sendo um dos sinais dos
tempos.
(Pormenores sobre a epidemia da ilha Maurícia: Revue Spirite, de
julho de 1867, pág. 208, e novembro de 1868, pág. 321.)
11. - A previsão dos movimentos progressivos da
Humanidade nada apresenta de surpreendente, quando feita por seres
desmaterializados, que vêem o fim a que tendem todas as coisas, tendo alguns
deles conhecimento direto do pensamento de Deus. Pelos movimentos parciais,
esses seres vêem em que época poderá operar-se um movimento geral, do mesmo
modo que o homem pode calcular de antemão o tempo que uma árvore levará para
dar frutos, do mesmo modo que os astrônomos calculam a época de um fenômeno astronômico,
pelo tempo que um astro gasta para efetuar a sua revolução.
12. - A Humanidade é um ser
coletivo em quem se operam as mesmas revoluções morais por que passa
todo ser individual, com a diferença de que umas se realizam de ano em ano e as
outras de século em século. Acompanhe-se a Humanidade em suas evoluções através
dos tempos e ver-se-á a vida das diversas raças marcada por períodos que dão a
cada época uma fisionomia especial.
13. - De duas maneiras se opera, como já o dissemos,
a marcha progressiva da Humanidade: uma, gradual, lenta, imperceptível, se se considerarem
as épocas consecutivas, a traduzir-se por sucessivas melhoras nos costumes, nas
leis, nos usos, melhoras que só com a continuação se podem perceber, como as
mudanças que as correntes dágua ocasionam na superfície do globo; a outra, por
movimentos relativamente bruscos, semelhantes aos de uma torrente que, rompendo
os diques que a continham, transpõe nalguns anos o espaço que levaria séculos a
percorrer. É, então, um cataclismo moral que traga em breves instantes as
instituições do passado e ao qual sobrevém uma nova ordem de coisas que pouco a
pouco se estabiliza, à medida que se estabelece
a calma, e que acaba por se tornar definitiva.
Àquele que viva bastante para abranger com a vista
as duas vertentes da nova fase, parecerá que um mundo novo surgiu das ruínas do
antigo. O caráter, os costumes, os usos, tudo está mudado. É que, com efeito,
surgiram homens novos, ou, melhor, regenerados. As idéias, que a geração que se
extinguiu levou consigo, cederam lugar a idéias novas que desabrocham com a
geração que se ergue.
14. - Tornada adulta, a Humanidade tem novas
necessidades, aspirações mais vastas e mais elevadas; compreende o vazio com
que foi embalada, a insuficiência de suas instituições para lhe dar felicidade;
já não encontra, no estado das coisas, as satisfações legítimas a que se sente
com direito. Despoja-se, em consequência, das faixas infantis e se lança,
impelida por irresistível força, para as margens desconhecidas, em busca de
novos horizontes menos limitados.
É a um desses períodos de
transformação, ou, se o preferirem, de crescimento moral, que ora chega a
Humanidade. Da adolescência chega ao estado viril. O passado
já não pode bastar às suas novas aspirações, às suas novas necessidades; ela já
não pode ser conduzida pelos mesmos métodos; não mais se deixa levar por
ilusões, nem fantasmagorias; sua razão amadurecida reclama alimentos mais
substanciosos. É demasiado efêmero o presente; ela sente que mais amplo é o seu
destino e que a vida corpórea é excessivamente restrita para encerrá-lo
inteiramente. Por isso, mergulha o olhar no passado e no futuro, a fim de
descobrir num ou noutro o mistério da sua existência e de adquirir uma consoladora
certeza.
E é no momento em que ela se encontra muito
apertada na esfera material, em que transbordante se encontra de vida
intelectual, em que o sentimento da espiritualidade
lhe desabrocha no seio, que homens que se dizem filósofos pretendem encher o
vazio com as doutrinas da nadismo e do materialismo! Singular aberração! Esses
mesmos homens, que intentam impelir para a frente a Humanidade, se esforçam por
circunscrevê-la no acanhado círculo da matéria, donde ela anseia por
escapar-se. Velam-lhe o aspecto da vida infinita e lhe dizem, apontando para o
túmulo: Nec plus ultra!
15. - Quem quer que haja meditado sobre o
Espiritismo e suas conseqüências e não o circunscreva à produção de alguns
fenômenos terá compreendido que ele abre à
Humanidade uma estrada nova e lhe desvenda os horizontes do infinito.
Iniciando-a nos mistérios do mundo invisível, mostra-lhe o seu verdadeiro papel
na criação, papel perpetuamente ativo, tanto no estado espiritual, como no
estado corporal. O homem já não caminha às cegas: sabe donde vem, para onde vai
e por que está na Terra. O futuro se lhe revela em sua realidade, despojado dos
prejuízos da ignorância e da superstição. Já na se trata de uma vaga esperança,
mas de uma verdade palpável, tão certa como a sucessão do dia e da noite. Ele
sabe que o seu ser não se acha limitado a alguns instantes de uma existência
transitória; que a vida espiritual não se interrompe por efeito da morte; que
já viveu e tornará a viver e que nada se perde do que haja ganho em perfeição;
em suas existências anteriores depara com a razão do que é hoje e reconhece
que: do que ele é hoje, qual se fez a si mesmo, poderá deduzir o que virá a ser
um dia.
16. - Com a idéia de que a atividade e a cooperação
individuais na obra geral da civilização se limitam à vida presente, que,
antes, a criatura nada foi e nada será depois, em que interessa ao homem o
progresso ulterior da Humanidade? Que lhe importa que no futuro os povos sejam
mais bem governados, mais ditosos, mais esclarecidos, melhores uns para com os
outros? Não fica perdido para ele todo o progresso, pois que deste nenhum
proveito tirará? De que lhe serve trabalhar para os que hão de vir depois, se
nunca lhe será dado conhecê-los, se os seus pósteros serão criaturas novas, que
pouco depois voltarão por sua vez ao nada? Sob o domínio da negação do futuro
individual, tudo forçosamente se amesquinha às insignificantes proporções do
momento e da personalidade.
Entretanto, que amplitude, ao contrário, dá ao
pensamento do homem a certeza da perpetuidade do seu ser espiritual! Que de
mais racional, de mais grandioso, de mais digno do Criador do que a lei segundo
a qual a vida espiritual e a vida corpórea são apenas dois modos de existência,
que se alternam para a realização do progresso! Que de mais justo há e de mais consolador
do que a idéia de estarem os mesmos seres a progredir incessantemente,
primeiro, através das gerações de um mesmo mundo, de mundo em mundo depois, até
à perfeição, sem solução de continuidade! Todas as ações têm, então, uma
finalidade, porquanto, trabalhando para todos, cada um trabalha para si e
reciprocamente, de sorte que nunca se podem considerar infecundos nem o
progresso individual, nem o progresso coletivo. De ambos esses progressos
aproveitarão as gerações e as individualidades porvindouras, que outras não
virão a ser senão as gerações e as individualidades passadas, em mais alto grau
de adiantamento.
17. - A fraternidade
será a pedra angular da nova ordem social; mas, não há fraternidade
real, sólida, efetiva, senão assente em base inabalável e essa base é a fé, não a fé em tais ou tais dogmas particulares,
que mudam com os tempos e os povos e que mutuamente se apedrejam, porquanto, anatematizando-se
uns aos outros, alimentam o antagonismo, mas a fé nos princípios fundamentais
que toda a gente pode aceitar e aceitará: Deus, a alma, o futuro, o progresso
individual indefinito, a perpetuidade das relações entre os seres. Quando todos
os homens estiverem convencidos de que Deus é o mesmo para todos; de que esse
Deus, soberanamente justo e bom, nada de injusto pode querer; que não dele,
porém dos homens vem o mal, todos se considerarão filhos do mesmo Pai e se estenderão
as mãos uns aos outros.
Essa a fé que o Espiritismo faculta e que doravante
será o eixo em torno do qual girará o gênero humano, quaisquer que sejam os
cultos e as crenças particulares.
18. - O progresso intelectual realizado até ao
presente, nas mais largas proporções, constitui um grande passo e marca uma
primeira fase no avanço geral da Humanidade; impotente, porém, ele é para
regenerá-la. Enquanto o orgulho e o egoísmo o dominarem, o homem se servirá da
sua inteligência e dos seus conhecimentos para satisfazer às suas paixões e aos
seus interesses pessoais, razão por que os aplica em aperfeiçoar os meios de
prejudicar os seus semelhantes e de os destruir.
19. - Somente o progresso
moral pode assegurar aos homens a felicidade na Terra, refreando as
paixões más; somente esse progresso pode fazer que entre os homens reinem a
concórdia, a paz, a fraternidade.
Será ele que deitará por terra as barreiras que
separam os povos, que fará caiam os preconceitos de casta e se calem os
antagonismos de seitas, ensinando os homens a se
considerarem irmãos que têm por dever auxiliarem-se mutuamente e não
destinados a viver à custa uns dos outros.
Será ainda o progresso moral que, secundado então
pelo da inteligência, confundirá os homens numa mesma crença fundada nas
verdades eternas, não sujeitas a controvérsias e, em consequência, aceitáveis
por todos.
A unidade de crença
será o laço mais forte, o fundamento mais sólido da fraternidade universal,
obstada, desde todos os tempos pelos antagonismos religiosos que dividem os
povos e as famílias, que fazem sejam uns, os dissidentes, vistos, pelos outros,
como inimigos a serem evitados, combatidos, exterminados, em vez de irmãos a serem
amados.
20. - Semelhante estado de coisas pressupõe uma
mudança radical no sentimento das massas, um progresso geral que não se podia
realizar senão fora do círculo das idéias acanhadas e corriqueiras que fomentam
o egoísmo. Em diversas épocas, homens de escol procuraram impelir a Humanidade
por esse caminho; mas, ainda muito jovem, ela se conservou surda e os ensinamentos
que eles ministraram foram como a boa semente caída no pedregulho.
Hoje, a Humanidade está madura para lançar o olhar
a alturas que nunca tentou divisar, a fim de nutrir-se de idéias mais amplas e
compreender o que antes não compreendia.
A geração que desaparece levará consigo seus erros
e prejuízos; a geração que surge, retemperada em
fonte mais pura, imbuída de idéias mais sãs, imprimirá ao mundo ascensional
movimento, no sentido do progresso moral que assinalará a nova fase da evolução
humana.
21. - Essa fase já se revela por sinais
inequívocos, por tentativas de reformas úteis e que começam a encontrar eco. Assim
é que vemos fundar-se uma imensidade de instituições
protetoras, civilizadoras e emancipadoras, sob o influxo e por
iniciativa de homens evidentemente predestinados à obra da regeneração; que as
leis penais se vão apresentando dia a dia impregnadas de sentimentos mais
humanos. Enfraquecem-se os preconceitos de raça, os povos entram a
considerar-se membros de uma grande família; pela uniformidade e facilidade dos
meios de realizarem suas transações, eles suprimem as barreiras que os
separavam e de todos os pontos do mundo reúnem-se em comícios universais, para
as justas pacificas da inteligência.
Falta, porém, a essas reformas uma base que permita
se desenvolvam, completem e consolidem; falta uma
predisposição moral mais generalizada, para fazer que elas frutifiquem e
que as massas as acolham. Ainda aí há um sinal característico da época, porque há o prelúdio do que se efetuará em mais larga escala,
à proporção que o terreno se for tornando mais favorável.
22. - Outro sinal não menos característico do período
em que entramos encontra-se na reação que se opera no sentido das idéias espiritualistas; na repulsão instintiva que
se manifesta contra as idéias materialistas. O espírito de incredulidade, que
se apoderara das massas, ignorantes ou esclarecidas, e as levava a rejeitar com
a forma a substância mesma de toda crença, parece ter sido um sono, a cujo
despertar se sente a necessidade de respirar um ar mais vivificante.
Involuntariamente, lá onde o vácuo se fizera, procura-se alguma coisa, um ponto
de apoio.
23. - Se supusermos possuída desses sentimentos a
maioria dos homens, poderemos facilmente imaginar as modificações que dai
decorrerão para as relações sociais; todos terão por divisa: caridade,
fraternidade, benevolência para com todos, tolerância para todas as crenças. É
a meta para que tende evidentemente a Humanidade; esse o objeto de suas
aspirações, de seus desejos, sem que, entretanto, ela perceba claramente por
que meio as há de realizar. Ensaia, tateia, mas é
detida por muitas resistências ativas, ou pela força de inércia dos
preconceitos, das crenças estacionárias e refratárias ao progresso.
Faz-se-lhe mister vencer tais resistências e essa será a obra da nova geração.
Quem acompanhar o curso atual das coisas reconhecerá que tudo parece predestinado
a lhe abrir caminho. Ela terá por si a dupla força do número e das idéias e, de
acréscimo, a experiência do passado.
24. - A nova geração marchará, pois, para a
realização de todas as idéias humanitárias
compatíveis com o grau de adiantamento a que houver chegado. Avançando para o
mesmo alvo e realizando seus objetivos, o Espiritismo se encontrará com ela no
mesmo terreno. Aos homens progressistas se deparará
nas idéias espíritas poderosa alavanca e o Espiritismo achará, nos novos
homens, espíritos inteiramente dispostos a acolhê-lo. Dado esse estado de
coisas, que poderão fazer os que entendam de opor-se-lhe?
25. - O Espiritismo não cria a renovação social; a
madureza da Humanidade é que fará dessa renovação uma necessidade. Pelo seu poder moralizador, por suas tendências
progressistas, pela amplitude de suas vistas, pela generalidade das questões
que abrange, o Espiritismo é mais apto, do que qualquer outra doutrina, a
secundar o movimento de regeneração; por isso, é ele
contemporâneo desse movimento. Surgiu na hora em que podia ser de utilidade,
visto que também para ele os tempos são chegados. Se viera mais cedo, teria
esbarrado em obstáculos insuperáveis; houvera inevitavelmente sucumbido,
porque, satisfeitos com o que tinham, os homens ainda não sentiriam. falta do
que ele lhes traz. Hoje, nascido com as idéias que fermentam, encontra
preparado o terreno para recebê-lo. Os espíritos cansados da dúvida e da
incerteza, horrorizados com o abismo que se lhes abre à frente, o acolhem como
âncora de salvação e consolação suprema.
26. - Grande, por
certo, é ainda o número dos retardatários; mas, que podem eles contra a
onda que se alteia, senão atirar-lhe algumas pedras? Essa onda é a geração que
surge, ao passo que eles se somem com a geração que vai desaparecendo todos os
dias a passos largos. Até lá, porém, eles defenderão palmo a palmo o terreno.
Haverá, portanto, uma luta inevitável, mas luta
desigual, porque é a do passado decrépito, a cair em frangalhos, contra o futuro
juvenil. Será a luta da estagnação contra o progresso, da criatura
contra a vontade do Criador, uma vez que chegados são os tempos por ele determinados.
A geração nova
27. - Para que na Terra sejam felizes os homens,
preciso é que somente a povoem Espíritos bons, encarnados e desencarnados, que
somente ao bem se dediquem. Havendo chegado o tempo, grande
emigração se verifica dos que a habitam: a dos que praticam o mal pelo
mal, ainda não tocados pelo sentimento do bem, os quais, já não sendo dignos do
planeta transformado, serão excluídos,
porque, senão, lhe ocasionariam de novo perturbação e confusão e constituiriam
obstáculo ao progresso. Irão expiar o
endurecimento de seus corações, uns em mundos inferiores, outros em raças
terrestres ainda atrasadas, equivalentes a mundos daquela ordem, aos quais
levarão os conhecimentos que hajam adquirido, tendo por missão fazê-las
avançar.
Substituí-los-ão Espíritos melhores, que farão reinem em seu seio a justiça, a paz e a fraternidade.
A Terra, no dizer dos Espíritos, não terá de
transformar-se por meio de um cataclismo que aniquile de súbito uma geração. A atual desaparecerá gradualmente e a nova lhe sucederá
do mesmo modo, sem que haja mudança alguma na ordem natural das coisas.
Tudo, pois, se processará exteriormente, como sói
acontecer, com a única, mas capital diferença de que uma
parte dos Espíritos que encarnavam na Terra aí não mais tornarão a encarnar.
Em cada criança que nascer, em vez de um Espírito atrasado e inclinado ao mal,
que antes nela encarnaria, virá um Espírito mais
adiantado e propenso ao bem.
Muito menos, pois, se trata de uma nova geração
corpórea, do que de uma nova geração de Espíritos. Sem dúvida, neste sentido é
que Jesus entendia as coisas, quando declarava: «Digo-vos, em verdade, que esta
geração não passará sem que estes fatos tenham ocorrido.» Assim decepcionados
ficarão os que contem ver a transformação operar-se por efeitos sobrenaturais e
maravilhosos.
28. - A época atual é
de transição; confundem-se os elementos das duas gerações. Colocados no
ponto intermédio, assistimos à partida de uma e à chegada
da outra, já se assinalando cada uma, no mundo, pelos caracteres que lhes
são peculiares.
Têm idéias e pontos de vista opostos as duas
gerações que se sucedem. Pela natureza das disposições
morais, porém sobretudo das disposições intuitivas e inatas, torna-se
fácil distinguir a qual das duas pertence cada indivíduo.
Cabendo-lhe fundar a era do progresso
moral, a nova geração se distingue por inteligência e razão geralmente
precoces, juntas ao sentimento inato do bem e a crenças espiritualistas, o que
constitui sinal indubitável de certo grau de adiantamento anterior. Não se comporá exclusivamente de Espíritos eminentemente superiores,
mas dos que, já tendo progredido, se acham predispostos
a assimilar todas as idéias progressistas e aptos a secundar o movimento de
regeneração.
O que, ao contrário, distingue os Espíritos
atrasados é, em primeiro lugar, a revolta contra Deus, pelo se negarem a
reconhecer qualquer poder superior aos poderes humanos; a propensão instintiva
para as paixões degradantes, para os sentimentos antifraternos de egoísmo, de
orgulho, de inveja, de ciúme; enfim, o apego a tudo o que é material: a
sensualidade, a cupidez, a avareza.
Desses vícios é que a Terra tem de ser expurgada
pelo afastamento dos que se obstinam em não emendar-se; porque são
incompatíveis com o reinado da fraternidade e porque o contacto com eles
constituirá sempre um sofrimento para os homens de bem. Quando a Terra se achar
livre deles, os homens caminharão sem óbices para o futuro melhor que lhes está
reservado, mesmo neste mundo, por prêmio de seus esforços e de sua
perseverança, enquanto esperem que uma depuração mais completa lhes abra o
acesso aos mundos superiores.
29. - Não se deve entender que por meio dessa
emigração de Espíritos sejam expulsos da Terra e relegados para mundos
inferiores todos os Espíritos retardatários.
Muitos, ao contrário, aí voltarão, porquanto muitos há que o são porque cederam
ao arrastamento das circunstâncias e do exemplo. Nesses, a casca é pior do que o
cerne. Uma vez subtraídos à influência da matéria e dos prejuízos do mundo
corporal, eles, em sua maioria, verão as coisas de maneira inteiramente diversa
daquela por que as viam quando em vida, conforme os múltiplos casos que
conhecemos. Para isso, têm a auxiliá-los Espíritos benévolos que por eles se
interessam e se dão pressa em esclarecê-los e em lhes mostrar quão falso era o
caminho que seguiam. Nós mesmos, pelas nossas preces
e exortações, podemos concorrer para que eles se melhorem, visto que entre
mortos e vivos há perpétua solidariedade.
É muito simples o modo por que se opera a
transformação, sendo, como se vê, todo ele de ordem
moral, sem se afastar em nada das leis da Natureza.
30. - Sejam os que componham a nova geração
Espíritos melhores, ou Espíritos antigos que se melhoraram, o resultado é o
mesmo. Desde que trazem disposições melhores, há sempre uma renovação. Assim,
segundo suas disposições naturais, os Espíritos encarnados formam duas categorias: de um lado, os retardatários, que
partem; de outro, os progressistas, que chegam. O estado dos costumes e
da sociedade estará, portanto, no seio de um povo, de uma raça, ou do mundo
inteiro, em relação com aquela das duas categorias que preponderar.
31. - Uma comparação vulgar ainda melhor dará a compreender
o que se passa nessa circunstância. Figuremos um regimento composto na sua
maioria de homens turbulentos e indisciplinados, os quais ocasionarão nele
constantes desordens que a lei penal terá por vezes dificuldades em reprimir.
Esses homens são os mais fortes, porque mais numerosos do que os outros. Eles
se amparam, animam e estimulam pelo exemplo. Os poucos bons nenhuma influência
exercem; seus conselhos são desprezados; sofrem com a companhia dos outros, que
os achincalham e maltratam. Não é essa uma imagem da sociedade atual?
Suponhamos que esses homens são retirados um a um,
dez a dez, cem a cem, do regimento e substituídos gradativamente por iguais
números de bons soldados, mesmo por alguns dos que, já tendo sido expulsos, se
corrigiram. Ao cabo de algum tempo, existirá o mesmo regimento, mas
transformado. A boa ordem terá sucedido à desordem.
32. - As grandes
partidas coletivas, entretanto, não têm por único fim ativar as saídas;
têm igualmente o de transformar mais rapidamente o espírito da massa,
livrando-a das más influências e o de dar maior ascendente às idéias novas.
Por estarem muitos, apesar de suas imperfeições,
maduros para a transformação, é que muitos partem, a fim de apenas se retemperarem em fonte mais pura. Enquanto se
conservassem no mesmo meio e sob as mesmas influências, persistiriam nas suas
opiniões e nas suas maneiras de apreciar as coisas. Uma estada no mundo dos
Espíritos bastará para lhes descerrar os olhos, por isso que aí vêem o que não
podiam ver na Terra. O incrédulo, o fanático, o absolutista, poderão,
conseguintemente, voltar com idéias inatas de fé, tolerância e liberdade. Ao
regressarem, acharão mudadas as coisas e experimentarão a influência do novo
meio em que houverem nascido. Longe de se oporem às novas idéias,
constituir-se-ão seus auxiliares.
33. - A regeneração da Humanidade, portanto, não
exige absolutamente a renovação integral dos Espíritos: basta uma modificação em suas disposições morais. Essa
modificação se opera em todos quantos lhe estão predispostos, desde que sejam
subtraídos à influência perniciosa do mundo. Assim, nem
sempre os que voltam são outros Espíritos; são com freqüência os mesmos
Espíritos, mas pensando e sentindo de outra maneira.
Quando insulado e individual, esse melhoramento
passa despercebido e nenhuma influência ostensiva alcança sobre o mundo. Muito
outro é o efeito, quando a melhora se produz
simultaneamente sobre grandes massas, porque, então, conforme as
proporções que assuma, numa geração, pode modificar profundamente as idéias de
um povo ou de uma raça.
É o que quase sempre se nota depois dos grandes
choques que dizimam as populações. Os flagelos
destruidores apenas destroem corpos, não atingem o Espírito; ativam o movimento de vaivém entre o mundo corporal e o
mundo espiritual e, por conseguinte, o movimento progressivo dos
Espíritos encarnados e desencarnados. É de notar-se que em todas as épocas da
História, às grandes crises sociais se seguiu uma era de progresso.
34. - Opera-se
presentemente um desses movimentos gerais, destinados a realizar uma
remodelação da Humanidade. A multiplicidade das causas de destruição constitui
sinal característico dos tempos, visto que elas apressarão a eclosão dos novos
germens. São as folhas que caem no outono e às quais sucedem outras
folhas cheias de vida, porquanto a Humanidade tem suas estações, como os
indivíduos têm suas várias idades. As folhas mortas da Humanidade caem batidas
pelas rajadas e pelos golpes de vento, porém, para renascerem mais vivazes sob
o mesmo sopro de vida, que não se extingue, mas se purifica.
35. - Para o materialista, os flagelos destruidores
são calamidades carentes de compensação, sem resultados aproveitáveis, pois
que, na opinião deles, os aludidos flagelos aniquilam os seres para sempre.
Para aquele, porém, que sabe que a morte unicamente destrói o envoltório, tais
flagelos não acarretam as mesmas conseqüências e não lhe causam o mínimo pavor;
ele lhes compreende o objetivo e não ignora que os homens não perdem mais por morrerem
juntos, do que por morrerem isolados, dado que, duma forma ou doutra, a isso
hão de todos sempre chegar.
Os incrédulos rirão destas coisas e as qualificarão
de quiméricas; mas, digam o que disserem, não fugirão à lei comum; cairão a seu
turno, como os outros, e, então, que lhes acontecerá? Eles dizem: Nada!
Viverão, no entanto, a despeito de si próprios e se verão, um dia, forçados a
abrir os olhos.
OBRAS PÓSTUMAS
Segunda parte – Pag. 314
(Extratos, in extenso, do livro das Previsões concernentes ao
Espiritismo)
Lião, 30 de janeiro de 1866
(Grupo Villon; médium: Sr. G...)
A NOVA GERAÇÃO
A Terra freme de alegria; aproxima-se
o dia do Senhor; todos os que entre nós estão à frente disputam porfiadamente por
entrar na liça. Já o Espírito de algumas valorosas almas encarnadas agitam seus
corpos até quase despedaçá-los. A carne interdita não sabe o que há de pensar, desconhecido
fogo a devora. Elas serão libertadas, porque chegaram os tempos. Uma eternidade
está a ponto de expirar, uma eternidade gloriosa vai despontar em breve e Deus
conta seus filhos.
O reinado do ouro cederá lugar a um
reinado mais puro; o pensamento será dentro em pouco soberano e os Espíritos de
escol, que hão vindo desde remotas eras iluminar os séculos em que viveram e
servir de balizas aos séculos vindouros, encarnarão entre vós. Que digo? Muitos se acham encarnados. A sábia palavra deles será uma chama destruidora,
que causará devastações irreparáveis no seio dos velhos abusos. Quantos prejuízos antigos vão desmoronar em bloco, quando o Espírito, como uma acha de duplo gume,
vier decepá-los pelos fundamentos.
Sim, os pais do progresso do espírito
humano deixaram, uns, as suas moradas radiosas; outros, grandes trabalhos, em
que a felicidade se junta ao prazer de instruir-se, para retomarem o bastão de
peregrinos, que apenas haviam deposto no limiar do templo da Ciência, e daqui a
pouco, dos quatro cantos do globo, os sábios oficiais ouvirão, apavorados,
jovens imberbes a lhes retorquir, numa linguagem profunda, aos argumentos que
eles julgavam irrefutáveis. O sorriso zombeteiro já não constituirá um escudo
que valha e, sob pena de desmoralização, forçoso será responder. Então, o
círculo vicioso em que se metem os mestres da vã filosofia mostrar-se-á
completamente, porquanto os novos campeões levam consigo não só um facho, que é
a inteligência desimpedida dos véus
grosseiros, senão também muitos dentre eles
gozarão desse estado particular, que é privilégio das grandes almas, como
Jesus, e que dá o poder de curar e de operar essas maravilhas chamadas milagres.
Diante dos fatos materiais, em que o Espírito se mostra tão superior à matéria,
como negar os Espíritos? O materialismo será abatido em seus discursos por uma
palavra mais eloqüente do que a sua e pelo fato patente, positivo e averiguado
por todos, visto que grandes e pequenos, novos Tomés, poderão tocar com o dedo.
O velho mundo carcomido estala por
toda parte; o velho mundo acaba e com ele todos esses velhos dogmas, que só
reluzem ainda pelo dourado que os cobre. Espíritos valorosos, cabe-vos a tarefa
de raspar esse ouro falso. Para trás, vós que em vão quereis escorar o velho
ídolo. Atingido de todos os lados, ele vai ruir e vos arrastará na sua queda.
Para trás, todos vós negadores do
progresso; para trás, com as vossas crenças de uma época que se foi. Por que negais
o progresso e vos esforçais por detê-lo? É que, desejando sobrepujar,
sobrepujar ainda e sempre, condensastes o vosso pensamento em artigos de fé,
clamando para a Humanidade: “Serás sempre criança e nós que temos a iluminação do
alto, estamos destinados a conduzir-te.”
Mas, já tendes visto ficar-vos nas
mãos as andadeiras da infância; e a criança salta diante de vós e ainda negais que
ela possa caminhar sozinha! Será chicoteando-a com as andadeiras destinadas a
sustentá-la que provareis a autoridade dos vossos argumentos? Não, e bem o
sentis; mas, é tão agradável, a quem se diz infalível, crer que os outros ainda
depositam fé nessa infalibilidade, em que nem vós mesmos acreditais!
Ah! que de gemidos não se soltam no
santuário! É aí que, prestando-se ouvido atento, se escutam os cochichos dolorosos.
Que dizeis, então, pobres obstinados? Que a mão de Deus se abate sobre a sua
Igreja? Que por toda parte a imprensa livre vos ataca e pulveriza os vossos
argumentos? Onde estará o novo Crisóstomo, cuja potente palavra reduzirá a nada
esse dilúvio de raciocinadores? Em vão o esperais; nada mais podem as vossas
mais vigorosas e mais conceituadas penas. Elas se obstinam em agarrar-se ao passado
que se vai, quando a nova geração, num impulso irresistível que a impele para a
frente, exclama: Não, nada de passado; a nós o futuro; nova aurora se ergue e é
para lá que tendem as nossas aspirações!
Avante! diz ela; alargai a estrada,
os irmãos nos seguem. Ide com a onda que nos arrasta; necessitamos do movimento,
que é vida, ao passo que vós nos apresentais a imobilidade, que é a morte. Os
vossos santos mártires absolutamente não estão mortos, para que lhes
imobilizeis o presente. Eles entreviram a nossa época e se lançaram à morte
como à estrada que havia de conduzi-los lá. A cada época o seu gênio. Queremos
lançar-nos à vida, porquanto os séculos vindouros, que divisamos, têm horror à
morte.
Eis aí, meus amigos, o que os
valorosos Espíritos que presentemente encarnam vão tornar compreensível. Este século
não terminará sem que muitos destroços junquem o solo. A guerra mortífera e
fratricida desaparecerá em breve diante da discussão; o espírito substituirá a
força brutal. Depois que todas essas almas generosas houverem combatido, voltarão
ao vosso mundo espiritual, para receberem a coroa do vencedor.
Aí está a meta, meus amigos. Por
demais aguerridos são os campeões, para que seja duvidoso o êxito. Deus
escolheu a nata dos seus combatentes e a vitória é alcançada para a Humanidade.
Rejubilai-vos, pois, todos vós que
aspirais à felicidade e que desejais participem dela os vossos irmãos, como vós
mesmos: o dia chegou! A Terra trepida de alegria, porquanto
vai assistir ao começo do reinado da paz que o Cristo, o divino Mestre,
prometeu, reinado cujos fundamentos ele desceu a assentar.
Segunda parte – Pag. 321
Paris, 25 de abril de 1866
(Resumo das comunicações dadas pelas Sras. M... e
T... em estado sonambúlico)
REGENERAÇÃO DA HUMANIDADE
Precipitam-se com rapidez os
acontecimentos, pelo que já não vos dizemos, como outrora: “Aproximam-se os tempos.” Agora, dizemos: “Os tempos são chegados.”
Não suponhais que as nossas palavras
se referem a um novo dilúvio, nem a um cataclismo, nem a um revolvimento geral.
Revoluções parciais do globo se hão produzido em todas as épocas e ainda se
produzem, porque decorrem da sua constituição, mas não representam os sinais
dos tempos.
Entretanto, tudo o que está predito
no Evangelho tem de cumprir-se e neste momento se cumpre, conforme o reconhecereis
mais tarde. Não tomeis, porém, os sinais anunciados, senão como figuras, que
precisam ser compreendidas segundo o espírito e não segundo a letra. Todas as Escrituras
encerram grandes verdades sob o véu da alegoria e, por se terem apegado à
letra, é que os comentadores se transviaram. Faltou-lhes a chave para lhes
compreenderem o verdadeiro sentido. Essa
chave está nas descobertas da Ciência e nas leis do mundo invisível, que o Espiritismo vem revelar. Daqui em diante,
com o auxílio desses novos conhecimentos, o que era obscuro se tornará claro e
inteligível.
Tudo segue a ordem natural das coisas
e as leis imutáveis de Deus não serão subvertidas. Não vereis milagres, nem
prodígios, nem fatos sobrenaturais, no sentido vulgarmente dado a essas
palavras.
Não olheis para o céu em busca dos
sinais precursores, porquanto nenhum vereis, e os que vo-los anunciarem estarão
a enganar-vos. Olhai em torno de vós, entre os homens: aí é que os descobrireis.
Não sentis que um como vento sopra
sobre a Terra e agita todos os Espíritos? O mundo se acha na expectativa e como
que presa de um vago pressentimento de que a tempestade se aproxima.
Não acrediteis, porém, no fim do mundo material. A Terra tem progredido, desde a sua transformação; tem
ainda que progredir e não que ser destruída. A Humanidade, entretanto, chegou a um dos períodos de sua transformação e o mundo
terreno vai elevar-se na hierarquia dos mundos.
O que se prepara não é, pois, o fim
do mundo material, mas o fim do mundo moral. É o velho mundo, o mundo dos preconceitos, do
orgulho, do egoísmo e do fanatismo que se esboroa. Cada dia leva consigo alguns
destroços. Tudo dele acabará com a geração que se vai e a geração nova erguerá o novo edifício, que as gerações seguintes consolidarão e completarão.
De mundo de expiação, a Terra se
mudará um dia em mundo ditoso e habitá-lo será uma recompensa, em vez de ser
uma punição. O reinado do bem sucederá ao reinado do mal.
Para que na Terra sejam felizes os
homens, preciso se faz que somente a povoem Espíritos bons, encarnados e desencarnados,
que unicamente ao bem aspirem. Como já chegou
esse tempo, uma grande emigração neste momento se opera entre os que a habitam. Os que praticam o mal pelo mal, alheios ao
sentimento do bem, dela se verão excluídos, porque lhe acarretariam novamente
perturbações e confusões que constituiriam obstáculo ao progresso. Irão expiar
o seu endurecimento em mundos inferiores, aos quais levarão os conhecimentos
que adquiriram, tendo por missão fazê-los adiantar-se. Substituí-los-ão na
Terra Espíritos melhores que farão reinem entre si a justiça, a paz, a fraternidade.
A Terra, dissemo-lo, não será
transformada por um cataclismo que aniquile de súbito uma geração. A atual
desaparecerá gradualmente e a nova lhe sucederá do mesmo modo, sem que haja
mudança na ordem natural das coisas.
Tudo, pois, exteriormente, se passará
como de costume, com uma única diferença, embora capital: a de que uma parte dos Espíritos que nela encarnam não mais encarnarão. Em cada criança que nasça, em lugar de um Espírito
atrasado e propenso ao mal, encarnará um Espírito mais adiantado e propenso ao bem. Trata-se, portanto, muito menos de uma nova
geração corporal, do que de uma nova geração de Espíritos. Assim, desapontados
ficarão os que contem que a transformação resulte de efeitos sobrenaturais e
maravilhosos.
A época atual é a da transição; os
elementos das duas gerações se confundem. Colocados no ponto intermédio, assistis
à partida de uma e à chegada da outra, e cada uma já se assinala no mundo pelos
caracteres que lhe são próprios.
As duas gerações que sucedem uma à
outra têm idéias e modos de ver inteiramente opostos. Pela natureza das disposições
morais, porém, sobretudo pelas disposições intuitivas e inatas,
torna-se fácil distinguir à qual das duas pertence cada indivíduo.
Tendo de fundar a era do progresso moral, a nova geração se distingue por uma inteligência
e uma razão, em geral, precoces, juntas ao sentimento inato do bem e das
crenças espiritualistas, o que é sinal indubitável de certo grau de
adiantamento anterior. Não se comporá tão-só de Espíritos eminentemente
superiores, mas de Espíritos que, já tendo progredido, estão predispostos a
assimilar as idéias progressistas e aptos a secundar o movimento regenerador.
O que, ao contrário, distingue os
Espíritos atrasados é, primeiramente, a revolta contra Deus, pela negação da Providência
e de qualquer poder acima da Humanidade; depois, pela propensão instintiva para
as paixões degradantes, para os sentimentos antifraternais do orgulho, do ódio,
do ciúme, da cupidez, enfim, a predominância de apego a tudo o que é material.
Desses vícios é que a Terra tem de
ser expurgada pelo afastamento dos que recalcitram em emendar-se, visto que são
incompatíveis com o reino da fraternidade e os homens de bem sofreriam sempre
com o contacto dessas criaturas. Livre deles a Terra, os outros caminharão
desembaraçadamente para o futuro melhor, que lhes está reservado neste mundo,
em recompensa de seus esforços e da sua perseverança, enquanto uma depuração
ainda mais completa não lhes abre o pórtico dos mundos superiores.
Com referência a essa emigração de
Espíritos, ninguém pretenda que todos os Espíritos retardatários serão expulsos
da Terra e relegados para mundos inferiores. Muitos, ao contrário, aí hão de voltar,
porque muitos cederão ao império das circunstâncias e do exemplo; neles, a
casca está mais estragada do que o cerne. Uma vez subtraídos à influência da
matéria e dos prejuízos do mundo corporal, eles, em sua maioria, verão as
coisas de maneira inteiramente diversa da que as viam quando vivos, conforme os
numerosos casos que já tendes apreciado. Para isso, terão a ajudá-los os
Espíritos bons, que por eles se interessam e que se esforçam por esclarecê-los
e por lhes mostrar que errado era o caminho que trilhavam. Pelas vossas preces e exortações, podeis contribuir muito para que se melhorem, porque
há perpétua solidariedade entre os mortos e os vivos.
Aqueles, conseguintemente, poderão
voltar e se sentirão felizes, porque isso lhes será uma recompensa. Que importa
o que tenham sido e feito, se animados de melhores sentimentos se encontram?
Longe de se mostrarem hostis à sociedade, serão seus auxiliares úteis,
porquanto pertencerão à geração nova.
Não haverá, pois, exclusão
definitiva, senão dos Espíritos substancialmente rebeldes, daqueles que o
orgulho e o egoísmo, mais do que a ignorância, tornaram surdos aos apelos do
bem e da razão. Esses mesmos, porém, não estarão votados a perene
inferioridade. Dia virá em que repudiarão o passado e abrirão os olhos para a
luz.
Assim, orai por esses endurecidos, a fim de que se emendem enquanto ainda é tempo,
visto que se aproxima o dia da expiação.
Infelizmente, a maioria,
desconhecendo a voz de Deus, persistirá na sua cegueira e a resistência que
virá a opor mascarará, por meio de terríveis lutas, o fim do reinado dos
que a constituem. Desvairados,
correrão à sua própria perda; provocarão destruições que darão origem a um
sem-número de flagelos e de calamidades, de sorte que, sem o quererem,
apressarão o advento da era de renovação.
E, como se não se operasse com
bastante rapidez a destruição, os
suicídios se multiplicarão em proporções inauditas, até entre as crianças. A loucura jamais terá atingido tão grande
quantidade de homens que, antes mesmo de morrerem, estarão riscados do número
dos vivos. São esses os verdadeiros sinais dos tempos e tudo isso se cumprirá
pelo encadeamento das circunstâncias, como já o dissemos, sem que haja a mais
ligeira derrogação das leis da Natureza.
Contudo, através da escura nuvem que vos envolve e em cujo
seio ronca a tempestade, já podeis ver despontando os primeiros raios da era
nova. A fraternidade lança seus fundamentos
em todos os pontos do globo e os povos estendem uns aos outros as mãos; a
barbárie se familiariza no contacto com a civilização; os preconceitos de raças
e de seitas, que causaram o derramamento de ondas de sangue, se vão
extinguindo; o fanatismo, a intolerância perdem terreno, ao passo que a
liberdade de consciência se introduz nos costumes e se torna um direito. Por
toda parte fermentam as idéias; percebe-se o mal e experimentam-se remédios para
debelá-lo, mas muitos caminham sem bússola e se perdem em utopias. O mundo se
acha empenhado num imenso trabalho de gestação que já dura há um século; nesse
trabalho, ainda confuso, nota-se, todavia, que predomina a tendência para determinado fim: o da unidade e da
uniformidade, que predispõem à confraternização.
Também aí tendes sinais dos tempos.
Mas, enquanto que os outros são os das agonias do passado, estes últimos são os
primeiros vagidos da criança que nasce, os precursores da aurora que o próximo
século verá despontar, pois que então a geração nova estará em toda a sua
pujança. Tanto a fisionomia do século dezenove difere da do décimo oitavo, sob
certos pontos de vista, quanto a do vigésimo diferirá da do século dezenove,
sob outros pontos de vista.
A fé inata será um dos
caracteres distintivos da nova geração, não a fé exclusiva e cega que divide os
homens, mas a fé raciocinada, que esclarece e fortifica, que os une e confunde
num sentimento comum de amor a Deus e ao próximo. Com a geração que se extingue
desaparecerão os últimos vestígios da incredulidade e do fanatismo, igualmente contrários
ao progresso moral e social.
O Espiritismo é a senda que conduz à
renovação, porque destrói os dois maiores obstáculos que se opõem a essa renovação:
a incredulidade e o fanatismo; porque faculta uma fé sólida e esclarecida;
desenvolve todos os sentimentos e todas as idéias que correspondem aos modos de
ver da nova geração, pelo que, no coração dos representantes desta, ele se
achará inato e em estado de intuição. Assim, pois, a era nova vê-lo-á
engrandecer-se e prosperar pela força mesma das coisas. Tornar-se-á a base de
todas as crenças, o ponto de apoio de todas as instituições.
Mas, daqui até lá, que de lutas terá
ainda de sustentar contra os seus dois maiores inimigos: a incredulidade e o fanatismo
que — coisa singular! — se dão as mãos para abatê-lo. É que os dois lhe
pressentem o futuro e, em conseqüência, a ruína de ambos. Essa a razão por que
o temem; já o vêem erguendo, sobre os destroços do velho mundo egoísta, a
bandeira em torno da qual se reunirão todos os povos. Na divina máxima: Fora
da caridade não há salvação, eles lêem a sua própria condenação, porquanto essa
máxima é o símbolo da nova aliança fraternal proclamada pelo Cristo. Ela se
lhes apresenta como as palavras fatais do festim de Baltazar. Entretanto,
deveriam bendizer essa máxima, porquanto os defende de todas as represálias da
parte dos que os perseguem. Tal, porém, não se dá: uma força cega os impele a
rejeitar a única coisa capaz de salvá-los.
Que poderão contra o ascendente da
opinião que os repudia? O Espiritismo sairá triunfante da luta, ficai certos, porquanto
ele está nas leis da Natureza, não podendo, por isso mesmo, perecer. Observai a
multiplicidade de meios por que a idéia se espalha e penetra em toda parte; crede
que esses meios não são fortuitos, mas providenciais. O que, à primeira vista,
devera ser-lhe prejudicial é exatamente o que lhe auxilia a propagação.
Dentro em breve, surgirão campeões
que em voz alta se proclamarão tais, entre os de maior consideração e mais acreditados,
os quais, com a autoridade de seus nomes e de seus exemplos o apoiarão, impondo
silêncio aos que o detratem, pois ninguém ousará tratá-los de loucos. Esses homens
o estudam em silêncio e aparecerão quando for chegado o momento oportuno. Até
lá, bom é se conservem afastados.
Dentro em pouco, também vereis as
artes se acercarem dele, como de uma mina riquíssima, e traduzirem os pensamentos
e os horizontes que ele patenteia, por meio da pintura, da música, da poesia e
da literatura. Já se vos disse que haverá
um dia a arte espírita, como houve a arte pagã e a arte
cristã. É uma grande verdade, pois os maiores gênios se inspirarão nele. Em
breve, vereis os primeiros esboços da arte espírita, que mais tarde ocupará o
lugar que lhe compete.
Espíritas, o futuro é vosso e de
todos os homens de coração e devotados.
Não vos assustem os obstáculos, porquanto nenhum há que possa embaraçar os
desígnios da Providência. Trabalhai sem descanso e agradecei a Deus o ter-vos
colocado na vanguarda da nova falange. É um posto de honra que vós mesmos
solicitastes e do qual é preciso vos mostreis dignos pela vossa coragem, pela
vossa perseverança e pelo vosso devotamento. Felizes dos que sucumbirem nessa
luta contra a força; a vergonha, ao contrário, esperará, no mundo dos
Espíritos, os que sucumbirem por fraqueza ou pusilanimidade. As lutas, aliás,
são necessárias para fortalecer a alma; o contacto com o mal faz que melhor se
apreciem as vantagens do bem. Sem as lutas, que estimulam as faculdades, o
Espírito se entregaria a uma despreocupação funesta ao seu adiantamento. As
lutas contra os elementos desenvolvem as forças físicas e a inteligência; as
lutas contra o mal desenvolvem as forças morais.
REVISTA ESPÍRITA, Ano VI, 1863, Pág. 504
PERÍODO
DE LUTA
o primeiro
período do Espiritismo, caracterizado pelas mesas girantes, foi o da curiosidade. O segundo foi o período
filosófico marcado pelo aparecimento de O Livro dos Espíritos. A partir deste momento o Espiritismo tomou
um caráter completamente diverso. Entreviram-lhe o objetivo e o alcance e nele
hauriram fé e consolação, sendo tal a rapidez de seu progresso que nenhuma
outra doutrina filosófica ou religiosa oferece exemplo semelhante. Mas, como
todas as idéias novas, teve adversários tanto mais obstinados quanto maior era
a idéia, porque nenhuma idéia grande pode estabelecer-se sem ferir interesses.
É preciso que ocupe um lugar e as pessoas deslocadas não podem vê-la com bons
olhos. Depois, ao lado das pessoas interessadas estão os que, por espírito de
sistema e sem razões precisas, são adversários natos de tudo quanto é novo.
Nos primeiros
anos, muitos duvidaram de sua vitalidade, razão por que lhe deram pouca
atenção. Mas quando o viram crescer, a
despeito de tudo, propagar-se em todas as fileiras da sociedade e em todas as
partes do mundo, tomar o seu lugar entre as crenças e tornar-se uma potência
pelo numero de seus aderentes, os interessados na manutenção das idéias antigas
alarmaram-se seriamente. Então uma verdadeira cruzada foi dirigida contra ele,
dando início ao período da luta, de que o auto-de-fé de Barcelona, de 9 de outubro de 1861, de
certo modo foi o sinal. Até então ele tinha sido alvo dos sarcasmos da
incredulidade, que ri de tudo, principalmente do que não compreende, mesmo das
coisas mais santas, e aos quais nenhuma idéia nova pode escapar: é o seu batismo de fogo. Mas os outros não
riem: fitam-no com cólera, sinal evidente e característico da importância do
Espiritismo. Desde então os ataques assumiram um caráter de violência
inaudita. Foi dada a palavra de ordem: furibundos, pastorais, anátemas,
excomunhões, perseguições individuais, livros, brochuras, artigos de jornais,
nada foi poupado, nem mesmo a calúnia.
Estamos,
pois, em pleno período de luta, mas este não terminou. Vendo a inutilidade dos
ataques a céu aberto, vão ensaiar a guerra subterrânea, que se organiza e já
começa. Uma calma aparente vai ser sentida, mas é a calma precursora da
tempestade, não obstante, à tempestade sucede o tempo sereno.
Espíritas,
não vos inquieteis, porque a saída não é duvidosa; a luta é necessária e o
triunfo será mais retumbante. Disse e repito: vejo o fim; sei como e quando
será alcançado. Se vos falo com tal segurança é que para tanto tenho razões,
sobre as quais a prudência manda que me cale, mas vós as conhecereis um dia.
Tudo quanto vos posso dizer é que virão poderosos auxiliares para fechar a boca
de mais de um detrator. Contudo a luta será viva e se, no conflito, houver
algumas vítimas de sua fé, que estas se rejubilem, como o faziam os primeiros
mártires cristãos, dos quais muitos estão entre vós, para vos encorajar e dar o
exemplo; que se lembrem destas palavras do Cristo: "Bem-aventurados os que
sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus. Bem-aventurados sois vós quando vos
injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por
minha causa. Exultai e alegrai-vos, pois grande é o vosso galardão nos céus;
porque assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós." [São
Mateus, capítulo V, versículos 10, 11 e 12].*
Estas
palavras não parecem ter sido ditas para espíritas de hoje, como para os
apóstolos de então? É que
palavras do Cristo têm isto de particular: são para todos os tempos, porque sua
missão era para o futuro, como para o presente.
A luta
determinará uma nova fase do Espiritismo e levará ao quarto período, que será o
período religioso; depois
virá o quinto, período intermediário, conseqüência natural do precedente, e que mais tarde receberá
sua denominação característica. O último período será o da regeneração
social, que abrirá a era do século vinte.
Nessa época, todos os obstáculos à nova
ordem de coisas determinadas por Deus para a transformação da Terra terão
desaparecido. A geração que surge, imbuída das idéias novas, estará em toda a
sua força e preparará o caminho que há
de inaugurar o triunfo definitivo da união, da paz e da fraternidade entre os
homens, confundidos numa mesma crença, pela prática da lei evangélica. Assim
serão confirmadas as palavras do Cristo, já que todas devem ter cumprimento e
muitas se realizam neste momento, porque os tempos preditos são chegados.
Mas é em vão que, tomando a figura pela
realidade, procurais sinais no céu: esses sinais estão ao vosso lado e surgem
de todas as partes.
É notável que as comunicações dos Espíritos
tenham tido um caráter especial em cada período: no primeiro eram frívolas e
levianas; no segundo foram graves e instrutivas; a partir do terceiro eles pressentiram a luta e suas diferentes
peripécias. A maior parte das que se obtém hoje nos diversos centros tem por
objetivo prevenir os adeptos contra as intrigas de seus adversários. Assim, por
toda parte são dadas instruções a este respeito,como por toda parte é anunciado
um resultado idêntico. Tal coincidência, sobre este como sobre muitos outros
pontos de vista, não é um dos fatos menos significativos. A situação se acha
completamente resumida nas duas comunicações seguintes, cuja veracidade já foi
reconhecida por muitos espíritas.
* N. do
tradutor.: No original francês, por engano, constou o capítulo VI.
INSTALAÇÃO DA ERA NOVA
... É esse Jesus, modelo e guia, que o
Espiritismo nos traz de volta.
Alegrai-vos, vós que chorais. Tende confiança.
Mantende o ânimo para seguir sem desalento, voltados para o bem inefável e para
o amor incondicional.
Jesus, meus
filhos, é o nosso caminho, levando-nos à verdade e à vida.
Estais
informados de como proceder.
... E ante as
penosas injunções, não busqueis orientações nem diretrizes outras, porque já
tendes o amor e o perdão.
Perdoai, sempre
e incessantemente, amando os crucificadores para que todos saibam que sois
discípulos do Mestre vitorioso da cruz.
Inaugura-se a era
nova. A revelação espírita abre o ciclo das realizações grandiosas para o
porvir.
Fostes honrados
com o convite do Mestre Jesus, para vos constituirdes em alicerce dessa era
nova.
Entregai-vos à
Sua condução e nunca vos deixeis recuar, estacionar, ceder o passo na estrada
do bem.
Esta é a hora
de semear luz.
Ide, pois, como
aqueles setenta da Galiléia, preparar os caminhos, porque o Senhor está
chegando à Terra para proclamar a glória do Espírito imortal.
Ide, por todas
as partes, e falai a respeito de Allan Kardec, a quem homenageamos neste dia do
encerramento do 2º Congresso Brasileiro de Espiritismo.
Convidado pelos
Espíritos-espíritas do Brasil para que presidisse este evento, o nobre
codificador aqui presente com as falanges do Espírito de Verdade, está conosco
e nos acompanhará neste novo ciclo que se abre até o momento quando o mundo
de regeneração se encontre instaurado e instalado na Terra.
Que Jesus nos
abençoe, filhos da alma, e que a paz, que deflui da consciência tranqüila,
permaneça em vossos corações.
Recebei o carinho dos companheiros que vos
precederam no retorno ao Grande Lar através do servidor humílimo e paternal de
sempre, Bezerra
(Transcrição da mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo Pereira
Franco, ao final de sua conferência no encerramento do 2º Congresso Espírita
Brasileiro, no dia 15 de abril de 2007, em Brasília, DF.)
Fonte: revista
Reformador, da FEB, de dezembro de 1994
O IMPOSITIVO DA ERA NOVA
Meus filhos, que Jesus nos abençoe!
Encontramo-nos diante da mensagem libertadora de Jesus
convidados a espalhá-la por sobre a Terra.
Cristianizar o
mundo, através do conhecimento e do amor, é o impositivo da
Era Nova. Não aguardemos, porém, compensações e prêmios que não merecemos. Por
enquanto, estamos na lide da Boa Nova, repetindo experiências, nas quais,
malogramos. Equipados, porém, com os instrumentos da razão, dispomos dos
recursos hábeis para o êxito, que nos foram legados pela Codificação Espírita.
Muitas vezes,
intentamos, no passado, servir a Jesus e despertamos em aflições dolorosas
depois da vilegiatura carnal, quando nos demos conta dos erros lamentáveis por
onde trilhamos.
Agora não nos é mais
permitida oportunidade de malbaratar a essência luminosa, porque estamos
conscientizados de que o nosso é o ministério do sacrifício, assinalado pela
doação total de nossas existências.
Se recordamos Jesus,
vemos que todo Ele é uma revolução, e que não houve lugar para a Sua
presença na Terra, tampouco para a Sua mensagem nos corações das
nações e dos povos.
O Seu berço foi
assinalado pelas revelações espirituais. Logo depois,
Herodes, temendo que Ele lhe tomasse o lugar transitório, mandou ceifar vidas
infantis, desejando, com esse gesto brutal, impedir-Lhe o ministério.
Entre os Seus, em
Nazaré, Ele não recebeu compreensão e viu-se constrangido a transferir-se para
a Galiléia, não retornando aos sítios queridos dos Seus antepassados.
Onde se apresentava,
naquele período de quase três anos de vida pública, a incompreensão
seguia-Lhe as pegadas.
O farisaísmo, a
intriga sórdida, a impiedade das massas não O pouparam; não obstante, Ele
permaneceu afável e gentil, amoroso e nobre, fiel ao compromisso que o Pai lhe
havia conferido.
Mesmo no colégio
apostólico, não poucas vezes, viu-se a sós ante a fragilidade dos companheiros
humanos e inquietos. Nos momentos culminantes, um deles, equivocando-se,
vendeu-O aos adversários, enquanto outro, atemorizado, negou-O, repetidas
vezes, e, quando Ele necessitava de companhia, encontrou guarida apenas no Pai
através da oração.
A cruz pertenceu-Lhe
por legado do ministério e abraçando-a retornou ao seio da Divindade de onde
viera, dizendo-nos que, por enquanto, no mundo, somente teremos aflições...
Não esperemos que nos
compreendam os tradicionais adversários do progresso. Falou-nos o Senhor que
não veio trazer a paz, mas a divisão, e que veio atear o incêndio.
Companheiros queridos
levantar-se-ão contra os nossos propósitos, quando formos fiéis aos objetivos
que abraçamos; dirão expressões azedas, assacando-nos calúnias cruéis, que nos
não merecerão consideração.
Impossibilitados -
tais inimigos de si mesmos - de agredirem o Ideal que esposamos em nossas
fileiras, agredirão a pessoa de cada um de nós, porque quando não se podem
vencer ideais superiores, perseguem-se os idealistas, na vanglória de que,
impedindo-lhes a marcha, silenciam o conteúdo que por eles se expressa.
Ilusão...! Quando o
idealista tomba, vitimado por circunstâncias negativas, o ideal ressuma e ainda
se nutre do suor e do sangue dos que caem na sua defesa.
Ide, pois, filhos
queridos, imanados ao Evangelho de Jesus; criticados, mas não perseguidores de
ninguém; incompreendidos, porém, fraternos e joviais, porque todos somos filhos
de Deus e aquele que, momentaneamente,
se transforma em inimigo nosso, permanece como irmão carente de luz, de
entendimento e de afetividade.
Nós, os vossos amigos
espirituais, estamos convosco e com todos, porquanto a divergência de opiniões
e as posturas negativas não nos afastam da necessidade de ajudar e
ajudar sempre, qual tem feito conosco o Senhor nestes milênios do processo de
evolução.
Avançai, cada vez
mais devotados, vencendo, passo a passo, as distâncias que vos separam de
outros corações, porém, vencendo-vos a vós próprios, para que se instale
definitivamente no país dos vossos sentimentos o reino de Deus, rico de
hosanas, no qual vos plenificareis em comunhão com Aquele que permanece como o
Caminho da Verdade e da Vida.
Deus nos abençoe,
meus filhos, e que Jesus permaneça conosco, guiando-nos hoje, amanhã e sempre.
São os votos do servidor humílimo e paternal
Bezerra
(Mensagem
recebida, por via psicofônica, pelo médium Divaldo Pereira Franco, em 6 Nov 94,
no encerramento da reunião do Conselho Federativo Nacional, em Brasília-DF.)
Fonte: revista
Reformador, da FEB, de maio de 2005
PROSSEGUIMENTO NA LUTA
Filhos da alma:
Que o Senhor nos abençoe!
A criatura terrestre destes dias,
guindada pela ciência e pela tecnologia a patamares elevados do conhecimento,
ainda estorcega nas aflições do seu processo evolutivo.
As conquistas relevantes logradas
até este momento não conseguiram equacionar o problema da criatura em si mesma.
Avolumam-se os
conflitos entre as nações apesar do esforço de abnegados missionários na área
da política e da diplomacia internacionais.
Cresce o
conflito entre os grupos sociais, nada obstante o empenho de dedicados
seareiros do Bem, tornando-se pontes para o entendimento entre os grupos
litigantes.
O espectro da fome vigia as nações
tecnológica e economicamente menos aquinhoadas, ameaçando de extermínio larga
fatia da população terrestre, não se considerando os milhões de indivíduos que,
sobrevivendo à calamidade, permanecerão com seqüelas inamovíveis.
A violência urbana, por todos
conhecida, atinge níveis quase insuportáveis. E apesar do sacrifício de
legisladores abençoados pelo Mundo Espiritual Superior, cada dia faz-se mais
agressiva e hedionda, sem arrolarmos os prejuízos dos fatores pretéritos que a
desencadearam através dos impositivos restritivos à liberdade individual e das
massas.
Não podemos negar que este é o grande momento de transição do
Mundo de Provas e de Expiações para o Mundo de Regeneração.
Trava-se em todos os segmentos da
sociedade, nos mais diferenciados níveis do comportamento físico, mental e
emocional, a grande batalha. O Espiritismo veio para estes momentos,
oferecendo os nobres instrumentos do amor, da concórdia, do perdão, da compaixão.
Iluminou o conhecimento terrestre com as
diretrizes próprias para o encaminhamento seguro na direção da verdade.
Ensejou à filosofia uma visão mais
equânime e otimista a respeito da vida na Terra. Facultou à religião o
desalgemar das criaturas humanas, arrebentando os elos rigorosos dos seus
dogmas e da sua intolerância, a fim de que viceje a fraternidade que deve viger
entre todas criaturas.
Cabe a todos nós, aos espíritas
encarnados e aos Espíritos-espíritas, a tarefa
de ampliar as balizas do Reino de Deus entre as criaturas da Terra.
Divulgar o Espiritismo por todos os meios e modos dignos ao alcance, é tarefa
prioritária.
A dor é colossal neste momento no
mundo terrestre... E o Consolador distende-lhe as mãos generosas para enxugar
as lágrimas e os suores de todos aqueles que sofrem, mas sobretudo, para
eliminar as causas do sofrimento, erradicando-as por definitivo... E essa
tarefa cabe à educação, criando nas
mentes novas o pensamento perfeitamente consentâneo com o Evangelho de Nosso
Senhor Jesus Cristo, retirando as anfractuosidades teológicas e dogmáticas com
que o revestiram, produzindo arestas lamentáveis geradoras de atritos e de
perturbações.
Não é possível mais postergar o
momento da iluminação de consciência.
E o sofrimento que decorre da abnegação
e do sacrifício que nos deve
constituir estímulos, são os meios únicos e eficazes para que seja demonstrada
a excelência dos paradigmas e dos postulados da Codificação Espírita.
As criaturas humanas estão
decepcionadas com as propostas feitas pelo utopismo que governa algumas mentes
desavisadas. Mulheres e homens honestos encontram-se sem rumo, cansados
de palavras ardentes e de propostas entusiastas, mas vazias de conteúdo e de
significação.
O Espiritismo, meus filhos, é a resposta
do Céu aos apelos mudos ou não formulados mentalmente sequer, de todas as
criaturas terrestres. Estais honrados com a bênção do conhecimento libertador. Estais investidos da tarefa de ressuscitar a palavra da Boa Nova, amortalhada pela
indiferença ou sob o utilitarismo apressado dos que exploram as massas
inconscientes, conduzindo-as para o seu sítio de exploração e de ignorância.
Vós recebestes o chamado do
Senhor para preparar a terra, a fim de que a ensementação da verdade
faça-se de imediato. Unidos, amando-vos uns aos outros, mesmo quando
discrepando em determinadas colocações de como fazer ou quando realizar, levai
adiante o propósito de servir ao Mestre
antes que o interesse de cada qual servir-se a si mesmo.
Já
não há tempo para adiarmos a proposta de renovação do planeta.
Conhecemos
as vossas dificuldades pessoais, sabemos das vossas lutas íntimas e identificamos
os desafios que se vos apresentam amiúde, testando-vos as resistências morais.
Não desfaleçais! Os homens e as
mulheres, a serviço do bem com Jesus, são
as suas cartas vivas à Humanidade, a fim de que todas as criaturas leiam nas suas condutas o conteúdo restaurado
do Evangelho, as colocações seguras dos Imortais e catalogadas pelo insigne
mensageiro Allan Kardec.
Uma nova mentalidade, uma
mentalidade nova vem surgindo nos arraiais do Movimento Espírita. Cada lutador
compreende a necessidade de mais
integrar-se na atividade doutrinária, a fim de que, com mais rapidez se
processe a Era de Renovação Social e Moral preconizada pelo preclaro mestre de
Lyon.
Não vos faltam os instrumentos
próprios para o êxito, a fim de que areis as terras do coração humano, para que
desbraveis as províncias das almas terrestres, porfiando nessa ação, sem
temerdes, sem deterdes o passo e sem retrocederdes.
Estais acompanhando Jesus
que, à frente, continua dizendo: "Vinde pois a mim, vós todos que estais
cansados e aflitos, conduzindo o vosso fardo e sob as vossas aflições, comigo
esse fardo é leve e essas aflições são consoladas, porque eu vos ofereço a vida
plena de paz e de felicidade".
Avancemos pois, filhos da alma!
Corações em festa, embora as lágrimas nos olhos; passo firme, inobstante os
joelhos desconjuntados, Espírito erecto, não obstante o peso das necessidades.
O Senhor, que nos ama, é nossa força e garantia de êxito.
Nunca vos faltarão os recursos
próprios, que vindes recebendo e que recebereis até o momento final e depois da
jornada cumprida, para que desempenheis a missão que vos diz respeito hoje
e quando a tivestes em épocas transatas e falhastes... Já não há tempo para
enganos. A decisão tomada precede a ação da vitória, e com o amor no
sentimento, o conhecimento na mente, tereis a sabedoria de permanecer fiéis ate
o fim.
Que o Senhor de Bênçãos vos abençoe,
amados filhos da alma!
São os votos dos vossos amigos
espirituais que aqui estão convosco e do servidor humílimo
e paternal de sempre,
Bezerra.
Fonte: REVISTA PRESENÇA ESPÍRITA, de
Set/Out 2006, Pág. 28 e 29
A GRANDE TRANSIÇÃO
Joanna de Ângelis
Opera-se, na
Terra, neste largo período, a grande transição anunciada pelas Escrituras e
confirmada pelo Espiritismo.
O planeta
sofrido experimenta convulsões especiais, tanto na sua estrutura física e
atmosférica, ajustando as suas diversas camadas tectônicas, quanto na sua
constituição moral.
Isto porque, os espíritos
que o habitam, ainda caminhando em faixas de inferioridade, estão sendo
substituídos por outros mais elevados que o impulsionarão pelas trilhas do
progresso moral, dando lugar a uma era nova de paz e de felicidade.
Os espíritos
renitentes na perversidade, nos desmandos, na sensualidade e vileza, estão
sendo recambiados lentamente para mundos inferiores onde enfrentarão as
conseqüências dos seus atos ignóbeis, assim renovando-se e predispondo-se ao
retorno planetário, quando recuperados e decididos ao cumprimento das leis de
amor.
Por outro lado,
aqueles que permaneceram nas regiões inferiores estão sendo trazidos à
reencarnação, de modo a desfrutarem da oportunidade de trabalho e de
aprendizado, modificando os hábitos infelizes a que se têm submetido, podendo
avançar sob a governança de Deus.
Caso se oponham
às exigências da evolução, também sofrerão um tipo de expurgo temporário para
regiões primárias entre as raças atrasadas, tendo o ensejo de ser úteis e de
sofrer os efeitos danosos da sua rebeldia.
Concomitantemente,
espíritos nobres que conseguiram superar os impedimentos que os retinham na
retaguarda, estarão chegando, a fim de promoverem o bem e alargarem os
horizontes da felicidade humana, trabalhando infatigavelmente na reconstrução
da sociedade, então fiel aos desígnios divinos.
Da mesma forma,
missionários do amor e da caridade, procedentes de outras esferas, estarão
revestindo-se indumentária carnal, para tornar essa fase de luta iluminativa
mais amena, proporcionando condições dignificantes que estimulem ao avanço e à
felicidade.
Não serão apenas
os cataclismos físicos que sacudirão o Planeta, como resultado da Lei de
Destruição, geradora desses fenômenos, como ocorre com o outono que derruba a
folhagem das árvores, a fim de que possam enfrentar a invernia rigorosa,
renascendo exuberantes com a chegada da primavera, mas também os de natureza
moral, social e humana que assinalarão os dias tormentosos, que já se vivem.
Os combates
apresentam-se individuais e coletivos, ameaçando de destruição a vida com
hecatombes inimagináveis.
A loucura,
decorrente do materialismo dos indivíduos, atira-os nos abismos da violência e
da insensatez, ampliando o campo do desespero que se alarga em todas as
direções.
Esfacelam-se os
lares, desorganizam-se os relacionamentos afetivos, desestruturam-se as
instituições, as oficinas de trabalho convertem-se em áreas de competição
desleal, as ruas do mundo transformam-se em campos de lutas perversas, levando
de roldão os sentimentos de solidariedade e de respeito, de amor e de caridade
...
A turbulência
vence a paz, o conflito domina o amor, a luta desigual substitui a
fraternidade.
... Mas essas
ocorrências são apenas o começo da grande transição.
A fatalidade da
existência humana é a conquista do amor que proporciona plenitude.
Há, em toda
parte, uma destinação inevitável, que expressa a ordem universal e a presença
de uma Consciência Cósmica atuante.
A rebeldia que
predomina no comportamento humano elegeu a violência como instrumento para
conseguir o prazer que lhe não chega da maneira espontânea, gerando lamentáveis
conseqüências, que se avolumam em desaires contínuos.
É inevitável a colheita da
sementeira por aquele que a fez, tornando-se rico de grãos abençoados ou de
espículos venenosos.
Como as leis da
vida não podem ser derrogadas, toda objeção que se lhes faz converte-se em
aflição, impedindo a conquista do bem-estar.
Da mesma, como o
progresso é inevitável, o que não seja conquistado através do dever, sê-lo-á
pelos impositivos estruturais de que o mesmo se constitui.
A melhor
maneira, portanto, de compartilhar conscientemente da grande transição é
através da consciência de responsabilidade pessoal, realizando as mudanças íntimas que se tomem próprias para a
harmonia do conjunto.
Nenhuma conquista
exterior será lograda se não proceder das paisagens íntimas, nas quais estão
instalados os hábitos. Esses, de natureza
perniciosa, devem ser substituídos por aqueles que são saudáveis, portanto
propiciatórios de bem-estar e de harmonia emocional.
Na mente está a
chave para que seja operada a grande mudança. Quando se tem domínio sobre ela,
os pensamentos podem ser canalizados em sentido edificante, dando lugar a
palavras corretas e a atos dignos.
O individuo que
se renova moralmente contribui de forma segura para as alterações que se vêm
operando no Planeta.
Não é necessário
que o turbilhão dos sofrimentos gerais o sensibilize, a fim de que possa
contribuir eficazmente com os espíritos que operam em favor da grande
transição.
Dispondo das
ferramentas morais do enobrecimento, torna-se cooperador eficiente, em razão de
trabalhar junto ao seu próximo pela mudança de convicção em torno dos objetivos
existenciais, ao tempo em que se transforma num exemplo de alegria e de
felicidade para todos.
O bem fascina
todos aqueles que o observam e atrai quantos se encontram distantes da sua
ação, o mesmo ocorrendo com a alegria e a saúde.
São eles que
proporcionam o maior contágio de que se tem notícia e não as manifestações
aberrantes e afligentes que parecem arrastar as multidões. Como escasseiam os
exemplos de júbilo, multiplicam-se os de desespero, logo ultrapassados pelos
programas de sensibilização emocional para a plenitude.
A grande
transição prossegue, e porque se faz necessária, a única alternativa é examinar-lhe
a maneira como se apresenta e cooperar para que as sombras que se adensam no
Mundo sejam diminuídas pelo Sol da imortalidade.
Nenhum receio
deve ser cultivado, porque, mesmo que ocorra a morte, esse fenômeno natural é
veículo da vida que se manifestará em outra dimensão.
A vida sempre
responde conforme as indagações morais que lhe são dirigidas.
As aguardadas
mudanças que se vêm operando trazem uma ainda não valorizada contribuição, que
é a erradicação do sofrimento das paisagens espirituais da Terra.
Enquanto viceje
o mal no Mundo, o ser humano torna-se-lhe a vítima preferida, em face do
egoísmo em que se estorcega, apenas por eleição especial.
A dor momentânea
que o fere, convida-o, por outro lado, à observância
das necessidades imperiosas de seguir a correnteza do amor no rumo do oceano da
paz.
Logo passado o
período de aflição, chegará o da harmonia.
Até lá, que
todos os investimentos sejam de bondade e de ternura, de abnegação e de
irrestrita confiança em Deus.
(Página psicografada pelo médium Divaldo
Pereira Franco, no dia 30 de junho de 2006, no Rio de Janeiro, RJ).
Meus Filhos
Permaneça conosco a paz do
Senhor!
Recrudescem as lutas. Os
anunciados tempos de transição chegam e fragorosas batalhas são travadas.
É indispensável a aferição de
valores que devem caracterizar os combatentes. Dificuldades e desafios
apresentam-se no planeta em todas as áreas do conhecimento e do comportamento.
As estruturas mal construídas do
passado esboroam-se ante o fragor das demolições incessantes. A árvore que não
foi plantada pelo Bem é derrubada, e as casas edificadas sobre as areias
movediças ruem desastrosamente.
Mas a obra do bem permanece
suportando os vendavais, enfrentando todos os desafios.
Não nos preocupemos com esses
momentos que nos chegam, estabelecendo entre as criaturas o desequilíbrio e
estimulando à debandada. Os discípulos da verdade devem permanecer fiéis aos
postulados que abraçam, vivenciando-os.
Não seja, pois, de estranhar, que
a incompreensão sitie os nossos passos e obstáculos imprevistos apareçam pela
senda que percorremos. Devemos contar com a consciência ilibada e nunca
aguardar o aplauso da insensatez.
Nosso modelo é Jesus, para Quem
não houve lugar no mundo.
O Codificador igualmente
seguiu-Lhe as pegadas e soube arrostar as consequências do messianato a que se
entregou, incorruptível e tranquilo.
Lamentamos que as maiores
dificuldades sejam intestinas em nosso Movimento, mas compreendemos que as
criaturas se demoram em diferentes patamares de consciências, possuindo a
óptica própria para observação dos fatos e interpretação da mensagem. Já que
não nos é lícito impor a proposta espírita libertadora, não nos preocupemos com
as imposições que nos chegam.
Todos estamos informados dos fins
dos tempos e o egrégio Codificador da Doutrina asseverou-nos que o mundo de
provas e de expiações cederia lugar ao mundo de regeneração.
Através dos tempos se tem
informado que essa modificação se dará por meio de fenômenos sísmicos
dolorosos; através de lutas cruentas, em guerras intermináveis; mediante os
conflitos humanos. No entanto, se observarmos a História, encontraremos todos
esses acontecimentos assinalando períodos de transição.
A grande luta deste momento se
travará no país da consciência de cada discípulo de Jesus. As convulsões serão
de natureza interna. A batalha mais difícil será a da superação das más
inclinações, administrando-as e direcionando-as para o Bem.
Por mais difíceis se nos
apresentem as acusações, e por mais terrível seja a morbidez direcionada para
impossibilitar-nos o avanço, mantenhamos a serenidade.
Que receio nos podem proporcionar
aqueles que apenas falam contra nós?!
Atuando no bem e sabendo confiar
no tempo, levaremos a mensagem de libertação da Doutrina Espírita às diferentes
Nações da Terra, pulcra, conforme no-la legaram os Espíritos por intermédio de
Allan Kardec e dos seus discípulos mais dedicados.
O movimento expande-se; nada pode
deter a marcha da Doutrina Espírita, nem mesmo aqueles que, dizendo-se adeptos
da palavra do Codificador, erguem-se para zurzir-nos com as expressões
destrutivas, utilizando-se das armas da impiedade disfarçada de dedicação à
Causa.
O servidor da verdade
permanece-lhe fiel, não divulgando o mal, mas apresentando o bem; mesmo do erro
tirando a melhor parte, aquela que serve de lição para não se voltar ao engano
ou não se estabelecerem novos compromissos negativos.
Confiai, filhos dedicados!
Vossos passos na Terra devem deixar
sinais que possam servir de roteiro para os que vierem depois.
O nosso compromisso é com Jesus,
o Amor, e com Allan Kardec, a razão, para que a religião cósmica da verdade
domine os corações humanos, restaurando no planeta a era da legítima fraternidade.
O Espiritismo vem desempenhando o
papel para o qual foi codificado.
Não nos detenhamos na análise dos
impedimentos, dos erros, mas examinemos a extensão dos benefícios que hoje
conduzem milhões de vidas que se norteiam para o Bem.
Não guardemos qualquer
ressentimento, nem nos deixemos entristecer ou entibiar, quando as forças
parecerem diminuídas.
Não nos permitamos desanimar,
porquanto o nosso é um trabalho pioneiro, a nossa é uma tarefa caracterizada
pelo estoicismo.
Nossa jornada deve estar assinalada
pelo amor, e é natural que ainda não haja lugar para ele entre muitos Espíritos
que se encontram em níveis de evolução diferentes.
Avancemos unidos. O
ideal de unificação vem do mundo espiritual para a Terra.
Se não formos capazes de discutir
as nossas dificuldades idealistas em clima de paz, de fraternidade, de respeito
mútuo, de dignificação dos indivíduos e das instituições, que mensagem podemos
oferecer ao mundo e às criaturas estúrdias deste momento?!
Tem-se a medida do valor moral do
homem pelas resistências que vive nas lutas que trava.
Os ideais tomam-se grandiosos
pelo que provocam nos inimigos gratuitos do progresso.
A Doutrina Espírita, repitamos, é
Jesus, meus filhos, em nova linguagem perfeitamente compatível com os arroubos
da Ciência e os fatos demonstrados pela experimentação de laboratório, assim
com pelas conquistas tecnológicas. Mas, a criatura humana, que é o laboratório
da própria evolução, no seu encontro com Jesus através da fé racional, clara e
nobre, é o campo onde o bem se instalará em definitivo, como célula do
organismo social.
E dessa criatura transformada
teremos a sociedade melhor que o Espiritismo deve construir.
Fiquem, no passado, todos os
problemas-desafios.
Fiquem, no silêncio das nossas
palavras e no verbo das nossas ações edificantes, os nossos propósitos de
servir, confiando que a casa construída na rocha sobreviverá aos fatores
externos que, aparentemente, a ameaçam, e o ideal sobrepairará conduzindo todos
ao imenso fanal da plenitude.
Senhor de nossas vidas, prossegue
conduzindo-nos!
Ovelhas tresmalhadas que somos do
Teu rebanho, apieda-Te da nossa tibieza de caráter, da nossa fragilidade moral
e conduze-nos com Tua paciência de Pastor multimilenário, que nos guarda pelas
trilhas da evolução.
Despede-nos, Excelente Filho de
Deus, enriquecidos de paz e de entusiasmo, na certeza de que nunca nos deixará
a sós, mesmo quando, por qualquer circunstância, nos resolvamos afastar de Ti;
concede-nos então uma outra oportunidade, permanecendo conosco por todo o
tempo.
Que assim seja!
Muita paz, meus filhos.
Que o Senhor permaneça conosco,
são os votos do servidor humílimo e fraternal de sempre.
Bezerra
(Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo P. Franco, extraída do livro Bezerra Ontem e Hoje)
CONSTRUTORES DO AMANHÃ
Filhos da
alma, que Jesus nos abençoe!
O Espiritismo
é uma nascente de bênçãos que flui incessantemente, oferecendo a água
cristalina da Verdade para todos os sedentos da Humanidade.
Podemos
considerá-lo, também, como o Sol da Nova Era aquecendo os corações enregelados,
e libertando as mentes angustiadas.
É verdade que
a dor parece zombar das gloriosas conquistas contemporâneas. Do seu crivo,
ninguém na indumentária carnal consegue escapar.
Aqui é a
violência, sob todos os aspectos considerada, ceifando a floração de vida que
não chegou à maturidade...
Ali é o
sofrimento mal contido no íntimo dos corações, arrancando da face a máscara da
falsa alegria.
Mais
distante, são os desejos irrealizados, convertidos em conflitos tormentosos,
gerando desinteligência e padecimentos profundos.
Em todo
lugar, a presença do sofrimento abençoado!
Oh! dor
bendita, que vergas a cerviz dos poderosos e demonstras a fatuidade das
conquistas terrenas!
Bendigamos a
oportunidade de experimentar, nas carnes da alma, a presença do sofrimento,
transformando-se, pela resignação e coragem do enfrentamento, em condecorações
luminosas, que nos destacarão na grande jornada em direção da luz imarcescível.
Vivemos o
momento da grande transição que deixa a impressão de que os Ouvidos
Divinos nos penetrais do Infinito não escutam o clamor da Terra...
Nunca,
entretanto, como hoje, a Misericórdia do Pai Amantíssimo tem respondido às
multidões desarvoradas as súplicas que Lhe são dirigidas.
Jamais, como
agora, o Amor de Jesus enviou à Terra Embaixadores tão numerosos para que
possam apresentar-Lhe a mensagem dúlcida do amor, que ficou esquecida na
memória dos tempos...
Heróis
anônimos da caridade, missionários da renúncia, cientistas e pensadores,
artistas e estetas mergulham, sem cessar, nas sombras terrestres para evocar e
viver a proposta do Amor como dantes nunca havia ocorrido.
É verdade,
filhas e filhos da alma, que as aflições permanecem, também através do sítio
estabelecido por mentes desencarnadas, que buscam cercear-vos o passo,
vitimadas pela revolta, tentando obstaculizar a marcha do progresso moral.
Afirmais,
muitas vezes, que sentis os aguilhões, as flechas disparadas pelos arqueiros
das Trevas, dilacerando-vos a intimidade dos sentimentos.
Reportai-vos
continuamente a esse cerco feroz que parece triunfar em alguns arraiais da
sociedade.
Não vos
esqueçais, porém, do Amor do Pai Celestial, generoso, e da Misericórdia de
Jesus que vos não esquecem e, a cada momento, o silêncio da sepultura
arrebenta-se, trazendo-vos de volta os Mensageiros da Verdade, os novos
construtores do amanhã para sustentar-vos na luta.
É natural,
meus filhos e minhas filhas, que tal ocorra.
Não se pode
edificar, num planeta de provas e expiações, transitando para o
grau de regeneração, senão com a presença do sofrimento, que foi
cristalizado pela nossa intemperança, resultante do nosso processo evolutivo no
passado, quando ainda nas vascas da ignorância do ontem.
...Mas,
o Deotropismo arrasta-nos e a Voz do Cristo, convocando as
Suas ovelhas ao rebanho, fascina-nos.
Não temamos
nossos irmãos enlouquecidos. São Filhos de Deus, credores da nossa compaixão e
da nossa misericórdia. Hostilizando-nos, necessitam de nós e, por nossa vez,
deles necessitamos. Estendamos-lhes os braços afetuosos, ofertemos-lhes a
oração de fraternidade e juntos busquemos Jesus.
Alcançais, a
pouco e pouco, novos patamares da evolução, embora o Movimento Espírita
apresente as dificuldades compreensíveis defluentes da vulgarização da
mensagem, diminuindo em qualidade o que ganha em quantidade.
As diretrizes
aqui exaradas, as decisões aqui estabelecidas nestes dias e a vossa dedicação
constituem o selo de garantia no trabalho enquanto estiverdes
submetidos à inspiração do Mestre Galileu.
Permanecei
devotados, esquecei as diferenças e recordai-vos da identidade dos conceitos,
deixando à margem os espículos, os desvios de opinião, para, unidos, pensarmos
juntos, na construção do amor por definitivo em nosso amado planeta.
Vossos guias
espirituais assistem-vos e Ismael, em nome de Jesus, guia-vos.
Sigamos,
pois, Espíritos-espíritas e espíritas-Espíritos, dos dois planos da Vida, de
mãos dadas, entoando o nosso hino de alegria por gratidão a Jesus pela honra de
havermos sido chamados, à última hora, para trabalhar na Sua Vinha...
Alegrai-vos,
filhas e filhos da alma, bendizendo a honra de servir!
Que o Senhor
de bênçãos vos abençoe hoje e sempre!
São os votos
carinhosos do amigo paternal e humílimo de sempre.
Bezerra
(Mensagem
psicofônica recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco, no encerramento da
Reunião Ordinária do Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita
Brasileira, no dia 9 de novembro de 2008, em Brasília, DF.)
Fonte: revista Reformador, da FEB, de dezembro de
2007
CONQUISTAS E
RESPONSABILIDADES
Filhos da alma:
Abençoe-nos Jesus, o Amigo Incomparável de nossas
vidas.
Depois da vitória na ponte Mílvia sobre o Tibre, nos
arredores de Roma, Constantino, inspirado, asseverou, pelo psiquismo de Jesus,
o Cristianismo nascente iniciava uma página diferente. Porquanto, no dia 13 de junho
daquele ano de 313 em Milão, o imperador abriu as portas do Império Romano para a tolerância à mensagem de Jesus. A grande vitória dos
mártires alcançava o patamar da liberdade, no entanto, pode-se assinalar que,
naquele momento, iniciavam-se também as grandes dificuldades para a vivência do
Evangelho pulcro do Incomparável Amigo dos sofredores.
Lentamente, a doutrina dos perseguidos converteu-se
na política ingrata dos perseguidores.
Os velhos santuários dedicados aos deuses
aformosearam-se para converter-se em catedrais, em homenagem Àquele que não
tinha uma pedra para reclinar a cabeça, embora as aves dos céus tivessem seus
ninhos e as feras os seus covis.
A seguir, a Doutrina de Amor uniu-se ao temporário
poder da arbitrária política terrestre, sentando-se no trono dos governantes
insensatos e perversos...
Logo surgiram as dissensões, asfixiadas a ferro e
fogo, consideradas heresias que deveriam ser caladas a qualquer preço,
culminando na heresia condenada por Justiniano, no segundo Concilio Ecumênico
de Constantinopla, em 553, tomando as doutrinas de Orígenes como sendo de
natureza herética, assim, amordaçando na sua loucura a mensagem dos
renascimentos, que demonstra a divina justiça.
Posteriormente, vieram as lamentáveis Cruzadas,
coroadas pela hediondez do Santo Ofício e da terrível treva que dominou o
pensamento terrestre...
Com Martinho Lutero renasceu a esperança do
Evangelho desvelado, sem a imposição teológica dos seus intérpretes apaixonados
e fanáticos. Era o primeiro grande passo para que chegasse o Espiritismo e o
silêncio aparente das sepulturas arrebentasse, propiciando aos imortais cantar
o hino glorioso da perpetuidade da vida, exaltando o amor, a caridade e
tentando restaurar a beleza inconfundível das palavras de Jesus.
Não faltaram perseguições e apodos, cárceres e
fogueiras da maldade, para que hoje os espíritas de grande parte do mundo
possam cantar a liberdade que têm conquistado, passo a passo, com lágrimas, com
dores acerbas ante as incompreensões indescritíveis, testemunhando a excelência
da fé...
Por certo, filhos amados, muitos de vós pertencestes àquela
grei que, ao lado de Constantino, abriu a porta da tolerância a Jesus
no Império Romano.
Conseguis, agora, repetir a grande façanha do
Evangelho, na sua visão libertadora, graças ao Espiritismo, sendo tolerado em
diferentes partes do Orbe. No entanto, se isto significa vitória, como sem
dúvida o é, também representa um grande perigo que pode transformar-se em
dominação de consciências, em atitudes arbitrárias, em governança enganadora.
Tende tento! Mantende-vos unidos, unificados ao ideal da verdade. Conservai-vos coesos e fiéis à Codificação, que
é piloti básico sobre o qual erguereis o templo da fraternidade universal.
Mantende a tolerância sem conservardes a conivência.
Trabalhai pela divulgação da verdade, sem conúbios
com os interesses das vitórias do mundo.
Sede solidários a tudo e com todos, sem aceitardes
as imposições do erro, do crime, do disfarce, negando a presença de Jesus em
vossa conduta.
Estamos construindo para o futuro.
Aqueles que vos precedemos, tornando-nos
Espíritos-espíritas, caminhamos convosco neste difícil ministério.
Não ignoramos as dificuldades que vos assinalam a
marcha, percebemos as interferências infelizes do passado pessoal e dos
inimigos do Bem. Não vos esqueçais, porém, da vigilância, nem da oração.
Cristo vela e comanda a barca terrestre, na condição
de Nauta sublime, e conta convosco, como colaboradores, para que a mensagem de
amor e paz, de sabedoria e de libertação, não seja confundida com os ouropéis
mentirosos do mundo, nem com as vanglórias que se diluem ao sol da verdade com
a alegria do amanhecer...
As vitórias logradas constituem responsabilidades a
mais. Cada passo dado amplia as
fronteiras do serviço, exigindo-vos mais dedicação e sacrifício.
Uni-vos, amai-vos, ajudai-vos!
Estes dias de luz assinalam a Era da perene
claridade para todo o mundo.
Ide, pois, amigos da alma, filhos do coração,
levando Jesus ao mundo e sendo felizes mesmo quando incompreendidos, malsinados
ou sofridos, porque o reino ainda não é deste mundo e para conquistá-lo é
necessário que vençais o mundo e as suas paixões.
Esta é a nossa mensagem em nome dos Mentores das
diferentes pátrias aqui reunidas, utilizando-se do humílimo servidor paternal e
amigo de sempre,
Bezerra
(Mensagem psicofônica recebida pelo médium
Divaldo Pereira Franco durante a 12ª Reunião do Conselho Espírita Internacional,
em Cartagena de Índias, Colômbia, no dia 14 de outubro de 2007, após o encerramento do 5º Congresso Espírita Mundial.)
(Texto revisado pelo Autor Espiritual.)
ERA NOVA DE DIVULGAÇÃO DO REINO
DE DEUS
Filhos da alma!
Que Jesus nos abençoe.
Soam, na
Espiritualidade Superior, os clarins que anunciam a grande transição.
Nem tudo,
porém, são trevas e sofrimentos. Não apenas testemunhos e lágrimas em
holocaustos novos, homenageando o Senhor da Vida.
A misericórdia
do Amor enseja-nos a madrugada de luz, caracterizada por um festival de
bênçãos.
Desde há muito,
não se observam expectativas abençoadas como as que se desenham para o futuro.
Era Nova de divulgação do Reino de Deus nos corações ansiosos de paz. Momento
significativo de comunhão entre a Terra e os Céus. As falanges do Amor
confraternizam com os emissários da caridade mergulhados na indumentária
carnal.
Indispensável
que nos predisponhamos todos, desencarnados e encarnados, a esta comunhão
efetiva em que o mundo transcendente e a vida imanente no planeta terrestre se
hão cansado de perseguições e de angústias, de sombras e de amarguras.
Neste momento,
cabe-nos recordar as Boas Novas de alegria que, chegando à Terra por segunda
vez, se instalarão por definitivo no país das almas humanas, favorecendo-as com
a paz anelada.
Mantende-vos
fiéis aos postulados da Codificação Espírita que restaura em sua pulcritude a
mensagem de Jesus. Esforçai-vos para que daqui saiam as claridades diamantinas
do Evangelho em espírito e verdade a
espalhar-se pela nacionalidade brasileira nos próximos festivos dias de
gratidão e de exaltação ao incomparável Mestre galileu. E, das terras formosas
do Cruzeiro, espraiem-se as notícias libertadoras por toda a Terra, iniciando
verdadeiramente o período novo.
Conheceis,
graças às cicatrizes na alma, as dificuldades que defluem da longa jornada
pelos difíceis caminhos da renovação espiritual. Trazeis as marcas profundas
dos erros praticados, agora diluídas suavemente com os sublimes antídotos do
Evangelho libertador.
Sede fiéis
àqueles que, em nome de Jesus, prepararam estes caminhos para que pudésseis
percorrê-los.
Não temais o
mal, por mais se afigure aparvalhante, por mais complexas e traiçoeiras sejam
as suas armadilhas, porquanto, somente lobos
caem nos alçapões para lobos. E, porque estais no rebanho do Senhor, Ele
cuidará para que não tombeis nessas facilidades perturbadoras.
Os Espíritos,
encarregados de dirigir a nacionalidade brasileira, acompanham o momento
político e social da Pátria do Evangelho
e Jesus está no leme da barca terrestre.
Não duvideis, mesmo quando tudo parece conspirar contra a ordem, a legalidade,
o dever. As Vozes dos Céus proclamam
a Ordem Superior e mandam que desçam, às sombras terrestres, os Emissários da
Verdade para a grande restauração.
Sois os
abridores dos caminhos do porvir, como outros o fizeram para vós.
Exultai por
viverdes estes gloriosos dias da Humanidade, de ciência, de tecnologia de
ponta, de conquistas da inteligência e de despertamento das emoções nobres do
chavascal das paixões perturbadoras. Pedistes para renascer nesta hora de
desafio e recebestes a bússola para vos oferecer o norte magnético que é Jesus.
Prossegui,
filhos da alma, jubilosos, vigilantes e devotados, porque o amanhã vos
pertence, porque pertence ao incomparável Rabi da Galileia.
Nós, os
Espíritos-espíritas, integrando nas hostes do Evangelho, abraçamos os vossos
sentimentos, as vossas vidas, buscando suplicar ao Pai Celestial que vos
aureole com as bênçãos imarcescíveis da saúde integral e da paz.
Que Ele, o guia
e o modelo da Humanidade, a todos nos abençoe! São os votos do servidor
humílimo e paternal de sempre.
Bezerra
(Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco, no encerramento da Reunião Ordinária do Conselho Federativo Nacional, realizada na sede da Federação Espírita Brasileira, em Brasília, DF, na manhã de 8 de novembro de 2009.)
Fonte: Revista Reformador, da FEB, de Jan 2010
NOVAS RESPONSABILIDADES
Filhos da Alma:
que Jesus nos abençoe.
O século XXI continua guindado à mais alta
tecnologia desbravando os infindáveis horizontes da ciência.
Antigos mistérios do conhecimento são desvelados.
Enigmas, que permaneciam incompreensíveis, são decifrados, e o materialismo
sorri zombeteiro das mensagens sublimes do amor.
Paradoxalmente, os avanços respeitáveis dessas
áreas do intelecto não lograram modificar as ocorrências traumáticas que têm
lugar no orbe, na atualidade. No auge das conquistas das inteligências,
permanecem as convulsões sociais unidas às convulsões planetárias no momento da
grande transição que passa a Terra amada por todos nós.
De um momento para outro, uma erupção vulcânica
arrebenta as camadas que ocultam o magma, e as cinzas – atiradas acima de 10
mil metros da superfície terrestre – modificam toda a paisagem européia
ameaçando as comunicações, a movimentação, enquanto se pensa em outras e
contínuas erupções que podem vir assinaladas por gases venenosos ou por lava
incandescente... Fenômenos de tal monta podem ser detectados, mas não
impedidos, demonstrando que a vacuidade da inteligência não pode ultrapassar a
sabedoria das leis cósmicas estabelecidas por Deus.
E Gaia – a grande mãe planetária– estorcega,
enquanto na sua superfície a violência irrompe em catadupas, ameaçando a
estabilidade da civilização: política, econômica, social e, sobretudo, moral,
caracterizando estes como os dias das antigas Sodoma e Gomorra das anotações
bíblicas...
Poder-se-ia acreditar que o caos seria a conclusão
final inevitável, entretanto, a barca terrestre que singra os horizontes
imensos do cosmo não se encontra à matroca.
Jesus está no leme e os seus arquitetos divinos
comandam os movimentos que lhe produzem alteração da massa geológica, enquanto
se operam as transformações morais.
Iniciada a era nova, surge, neste mesmo século XXI,
o período prenunciador da paz, da fé religiosa, da arte e da beleza, do bem e
do dever.
Assinalando esse período de transformação estamos
convidados, encarnados e desencarnados, a contribuir em favor do progresso que
nos chega de forma complexa, porém bem direcionada.
Avancemos com as hostes do Consolador na direção do
porto do mundo de regeneração.
Sejam os nossos atos assinalados pelos prepostos de
Jesus, de tal forma que se definam as diretrizes comportamentais.
...E que todos possam identificar-nos pela maneira
como enfrentaremos dissabores e angústias, testemunhos e holocaustos, à
semelhança dos cristãos primitivos que viveram, guardadas as proporções,
período equivalente, instaurando na Terra o Evangelho libertador, desfigurado
nos últimos dezessete séculos, enquanto, com Allan Kardec, surgiu o Consolador
trazendo-nos Jesus de volta.
É compreensível, portanto, que os espíritos comprometidos
com o passado delituoso tentem implantar a desordem, estabelecer o
desequilíbrio das emoções para que pontifique o mal, na versão mitológica da
perturbação demoníaca. Em nome da luz inapagável daqueles momentosos dias da
Galiléia, particularmente durante a sinfonia incomparável das bem-aventuranças,
demonstremos que a nossa é a força do amor e as nossas reflexões no mundo
íntimo trabalham pela nossa iluminação.
Nos dias atuais, como no passado, amar é ver Deus
em nosso próximo; meditar é encontrar Deus em nosso mundo íntimo, a fim de
espargir-se a caridade na direção de todas as criaturas humanas.
Trabalhar, portanto, o mundo íntimo, não temer
quaisquer ameaças de natureza calamitosa através das grandes destruições que
fazem parte do progresso e da renovação, ou aquelas de dimensão não menos
significativa na intimidade doméstica, nos conflitos do sentimento,
demonstrando que a luz do Cristo brilha em nós e conduz-nos com segurança.
A Eurásia, cansada de tantas guerras, de
destruição, da cegueira materialista, dos contínuos holocaustos de raças e de
etnias, de governos arbitrários e perversos, clama por Jesus, como o mundo todo
necessita de Jesus. Seus emissários, de Krishrna a Bahá’u’lláh, de Moisés a
Allan Kardec, de Buda aos peregrinos da não violência, de Maomé aos
pacificadores mulçumanos, todos esses, ministros de Jesus, preparam-lhe,
através dos milênios, o caminho para que através do Consolador – mesmo sem
mudanças de diretrizes filosóficas ou religiosas – predomine o amor.
Sejam celebradas e vividas a crença em Deus, na
imortalidade, nas vidas ou existências sucessivas, fazendo que as criaturas
dêem-se as mãos construindo o mundo de regeneração e de paz pelo qual todos
anelamos...
Jesus, meus filhos, ontem, hoje e amanhã, é a nossa
bússola, é o nosso porto, é a nave que nos conduz com segurança à plenitude.
Porfiai no bem a qualquer preço. Uma existência
corporal, por mais larga, é sempre muito breve no relógio da imortalidade.
Semeai, portanto, hoje o amor, redimindo-vos dos equívocos de ontem com
segurança, agora, na certeza de que estes são os sublimes dias da grande
mudança para melhor.
Ainda verteremos muito pranto, ouviremos muitas
profecias alarmantes, mas a Terra sairá desse processo de transformação mais
feliz, mais depurada, com seus filhos ditosos rumando para mundo superior na
escalada evolutiva.
Saudamos-vos a todos os companheiros dos diversos
países aqui reunidos, e em nome dos Espíritos que fazem parte da equipe do
Consolador, exoramos ao Mestre inolvidável que prossiga abençoando-nos com sua
paz, na certeza de que com Ele – o amor não amado – venceremos todos os
obstáculos.
Muita paz, filhos da alma e que Jesus permaneça
conosco.
São os votos do servidor paternal e humílimo de
sempre,
Bezerra.
(Mensagem psicofônica recebida pelo médium
Divaldo Pereira Franco, na manhã de 09 de maio de 2010, no Encontro do
Conselho Espírita Internacional, reunido em Varsóvia, Polônia.)
MOMENTO DA GLORIOSA TRANSIÇÃO
...Estamos agora
em um novo período.
Estes dias
assinalam uma data muito especial, a data da mudança do mundo de provas e expiações para o mundo de regeneração.
A grande noite
que se abatia sobre a Terra lentamente deu lugar ao amanhecer de bênçãos.
Retroceder não mais é possível.
Firmastes,
filhas e filhos da alma, um compromisso com Jesus, antes de mergulhardes na
indumentária carnal, o de servi-lo com abnegação e devotamento.
Prometestes que lhes seríeis fiéis mesmo que vos fosse exigido o
sacrifício.
Alargando-se os
horizontes desse amanhecer que viaja para a plenitude do dia, exultemos juntos
– os espíritos desencarnados e vós outros que transitais pelo mundo de sombras
– mas além do júbilo que a todos nos domina, tenhamos em mente as graves
responsabilidades que nos exornam a existência no corpo ou fora dele.
Deveremos reviver os dias inolvidáveis da época do martirológio. Seremos convidados, não somente ao
aplauso, ao entusiasmo, ao júbilo, mas também ao testemunho. O testemunho
silencioso nas paisagens internas da alma. O testemunho por amor àqueles que
não nos amam. O testemunho de abnegação no sentido de ajudar aqueles que ainda
se comprazem em gerar dificuldades tentando inutilmente obstaculizar a marcha
do progresso.
Iniciada a
grande transição, chegaremos ao clímax, e na razão direta em que o planeta
experimenta as suas mudanças físicas, geológicas, as mudanças morais são inadiáveis. Que sejamos nós aqueles
espíritos-espíritas que demonstremos a grandeza do amor de Jesus em nossas
vidas.
Que outros
reclamem, que outros se queixem, que outros deblaterem, que nós outros
guardemos nos refolhos da alma o compromisso de amar e amar sempre, trazendo
Jesus de volta com toda a pujança daqueles dias que vão longe e que estão muito
perto...
Jesus, filhas e
filhos queridos, espera por nós!
Que sejam o
nosso escudo o amor, as nossas ferramentas o amor e a nossa vida um hino de
amor.
São os votos que
formulamos os espíritos-espíritas aqui presentes e que me sugeriram
representá-los diante de vós.
Com muito
carinho, o servidor humílimo e paternal de sempre,
Bezerra
Muita paz,
filhas e filhos do coração!
(Mensagem psicofônica
recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco no encerramento das comemorações do
centenário de nascimento de Chico Xavier realizadas no Centro de Convenções
Ulysses Guimarães, em Brasília – DF, na tarde de 18 de abril de 2010).
Fonte: Revista
Reformador, da FEB, de junho de 2010
LIVRO “PLANTÃO
DE RESPOSTAS”, Volume II
Emmanuel/Francisco Cândido Xavier
CONDIÇÕES DO PLANETA - I
Pergunta: O
que a Doutrina Espírita pode dizer a respeito do fim dos tempos, isto é, como
ocorrerá a transformação do planeta em planeta de provas e expiações para o de
regeneração?
Resposta: Através
da busca da espiritualização, superação das dores e construção de uma nova
sociedade, a humanidade caminha para a regeneração das consciências.
Emmanuel afirma
que a Terra será um mundo regenerado por volta de 2057. Cabe, a cada um,
longa e árdua tarefa de ascensão.
Trabalho e amor
ao próximo com Jesus, este é o caminho.
LIVRO “MISSIONÁRIOS DA
LUZ”
ANTE OS TEMPOS NOVOS
Enquanto a história relaciona a intervenção de
fadas, referindo-se aos gênios tutelares, aos palácios ocultos e às maravilhas
da floresta desconhecida, as crianças escutam atentas, estampando alegria e
interesse no semblante feliz.
Todavia, quando o narrador modifica a palavra,
fixando-a nas realidades educativas, retrai-se à mente infantil, contrafeita,
cansada... Não compreende a promessa da vida futura, com os seus trabalhos e
responsabilidades.
Os corações, ainda tenros, amam o sonho, aguardam
heroísmo fácil, estimam o menor esforço, não entendem, de pronto, o labor
divino da perfeição eterna e, por isso, afastam-se do ensinamento real,
admirados, espantadiços. A vida, porém, espera-os com as suas leis imutáveis e
revela-lhes a verdade, gradativamente, sem ruídos espetaculares, com serenidade
de mãe.
As páginas de André Luiz recordam essa imagem.
Enquanto os Espíritos Sábios e Benevolentes trazem
a visão celeste, alargando o campo das esperanças humanas, todos os
companheiros encarnados nos ouvem, extáticos, venturosos. É a consolação
sublime, O conforto desejado. Congregam-se os corações para receber as
mensagens do céu. Mas, se os emissários do plano superior revelam alguns
ângulos da vida espiritual, falando-lhes do trabalho, do esforço próprio, da
responsabilidade pessoal, da luta edificante, do estudo necessário, do
auto-aperfeiçoamento, não ocultam a desagradável impressão. Contrariamente às
suposições da primeira hora, não enxergam o céu das facilidades, nem a região
dos favores, não divisa acontecimentos milagrosos nem observam a beatitude
repousante. Ao invés do paraíso próximo, sente-se nas vizinhanças de uma
oficina incansável, onde o trabalhador não se elevará pela mão beijada do
protecionismo e sim à custa de si mesmo, para que deva à própria consciência a vitória
ou a derrota. Percebem a lei imperecível que estabelece o controle da vida, em
nome do Eterno, sem falsos julgamentos. Compreendem que as praias de beleza
divina e os palácios encantados da paz aguardam o Espírito noutros continentes
vibratórios do Universo, reconhecendo, no entanto, que lhes compete suar e
lutar, esforçar-se e aprimorar-se por alcançá-los, bracejando no imenso mar das
experiências.
A maioria espanta-se e tenta o recuo. Pretende um
céu fácil, depois da morte do corpo, que seja conquistado por meras afirmativas
doutrinais. Ninguém, contudo, perturbará a lei divina; a verdade vencerá sempre
e a vida eterna continuará ensinando, devagarzinho, com paciência maternal.
Ao Espiritismo cristão cabe, atualmente, no mundo,
grandiosa e sublime tarefa.
Não basta definir-lhe as características veneráveis
de Consolador
da Humanidade, são preciso também lhe revelar a feição de movimento
libertador de consciências e corações.
A morte física não é o fim. É pura mudança de
capítulo no livro da evolução e do aperfeiçoamento. Ao seu influxo, ninguém
deve esperar soluções finais e definitivas, quando sabemos que cem anos de
atividade no mundo representa uma fração relativamente curta de tempo para
qualquer edificação na vida eterna.
Infinito campo de serviço aguarda a dedicação dos
trabalhadores da verdade e do bem. Problemas gigantescos desafiam os Espíritos
valorosos, encarnados na época presente, com a gloriosa missão de preparar a
nova era, contribuindo na restauração da fé viva e na extensão do entendimento
humano. Urge socorrer a Religião, sepultada nos arquivos teológicos dos templos
de pedra, e amparar a Ciência, transformada em gênio satânico da destruição. A
espiritualidade vitoriosa percorre o mundo, regenerando-lhe as fontes morais,
despertando a criatura no quadro realista de suas aquisições. Há chamamentos
novos para o homem descrente, do século 20, indicando-lhe horizontes mais
vastos, a demonstrar-lhe que o Espírito vive acima das civilizações que a
guerra transforma ou consome na sua voracidade de dragão multimilenário.
Ante os tempos novos e considerando o esforço
grandioso da renovação, requisita-se o concurso de todos os servidores fiéis da
verdade e do bem para que, antes de tudo, vivam a nova fé, melhorando-se e
elevando-se cada um, a caminho do mundo melhor, a fim de que a edificação do
Cristo prevaleça sobre as meras palavras das ideologias brilhantes.
Na consecução da tarefa superior, congregam-se
encarnados e desencarnados de boa vontade, construindo a ponte de luz, através
da qual a Humanidade transporá o abismo da ignorância e da morte.
É por este motivo, leitor amigo, que André Luiz
vem, uma vez mais, ao teu encontro, para dizer-te algo do serviço divino dos
"Missionários da Luz", esclarecendo, ainda, que o homem é um Espírito
Eterno habitando temporariamente o templo vivo da carne terrestre, que o
perispírito não é um corpo de vaga neblina e sim organização viva a que se
amoldam às células materiais; que a alma, em qualquer parte, recebe segundo as
suas criações individuais; que os laços do amor e do ódio nos acompanham em
qualquer círculo da vida; que outras atividades são desempenhadas pela
consciência encarnada, além da luta vulgar de cada dia; que a reencarnação é
orientada por sublimes ascendentes espirituais e que, além do sepulcro, a alma
continua lutando e aprendendo, aperfeiçoando-se e servindo aos desígnios do
Senhor, crescendo sempre para a glória imortal a que o Pai nos destinou.
Se a leitura te assombra, se as afirmativas do
Mensageiro te parecem revolucionárias, recorre à oração e agradece ao Senhor o
aprendizado, pedindo-lhe te esclareça e ilumine, para que a ilusão não te
retenha em suas malhas. Lembra-te de que a revelação da verdade é progressiva
e, rogando o socorro divino para o teu coração, atende aos sagrados deveres que
a Terra te designou para cada dia, consciente de que a morte do corpo não te
conduzirá à estagnação e sim a novos campos de aperfeiçoamento e trabalho, de
renovação e luta bendita, onde viverás muito mais, e mais intensamente.
EMMANUEL
Pedro Leopoldo, 13 de maio de 1945.
José Herculano Pires
V
Mundo de Regeneração
Mundo de Regeneração
1 - Humanidade Cósmica
Aquilo que há cem anos parecia
uma simples utopia, ou a alucinação de um visionário, hoje já se tornou
admitido até mesmo pelos mais fortes redutos da tradição terrena. A evolução
acelerou-se de tal forma, no transcorrer deste século, a partir da publicação
de O Livro dos Espíritos, que o sonho
de uma humanidade cósmica parece prestes a mostrar-nos a sua face real, através
das conquistas da ciência. Nossos primeiros vôos nas vastidões espaciais
alargaram as perspectivas da vida humana, ao mesmo tempo em que as
investigações do cosmos modificaram a posição dos cientistas e dos próprios
setores religiosos mais tradicionais. Admite-se a existência de mundos
habitados, em nosso sistema e fora dele, e a possibilidade do estabelecimento
de um próximo intercâmbio entre as esferas celestes.
O Livro dos Espíritos já
afirmava, desde meados do século dezenove, que o cosmos está povoado de humanidades.
E Kardec inaugurou as relações interplanetárias conscientes, através das
comunicações mediúnicas, obtendo informações da vida em outros globos do nosso
próprio sistema solar. Na secção “Palestras Familiares de Além-Túmulo”, da Revue Spirite, Kardec publicou numerosas
conversações com habitantes de outros planetas, alguns deles, como Mozart e
Pallissy, emigrados da Terra para mundos melhores. Todo o capítulo terceiro da
primeira parte de O Livro dos Espíritos
refere-se ao problema da criação e da formação dos mundos, contendo, do item 55
ao 58, os períodos anunciadores da “Pluralidade dos Mundos”.
Os Espíritos afirmaram a
Kardec que todos os mundos são habitados. A audácia da tese parece temerária, e
está ainda muito longe de ser admitida. Mas é evidente que em parte já está
sendo aceita por todo o mundo civilizado. Por outro lado, a condição
fundamental para a sua aceitação já foi também admitida: a de que as formas de
vida variam ao infinito, de mundo para mundo, uma vez que a constituição dos
próprios globos é também a mais variada possível. Hoje, nos países
cientificamente mais adiantados, como os Estados Unidos e a Rússia, fazem-se
experiências de laboratório para o estudo da astrobiologia. As sondas
espaciais, por sua vez, demonstraram a existência de vida microscópica nas mais
distantes regiões do espaço, e o exame de aerólitos vem demonstrando que as
pedras estelares trazem para a terra restos de fósseis desconhecidos.
Concomitantemente com esses
progressos, na própria Terra as investigações científicas se ampliaram, revelando
através da Física, da Biologia e da Psicologia, novas dimensões da vida. A
Física Nuclear, a Biônica, a Cibernética e a Parapsicologia modificam a nossa
posição diante dos problemas do mundo e da vida. Os parapsicólogos demonstram a
existência de um substrato extrafísico na mente humana, e portanto na
constituição do homem, ao mesmo tempo em que os físicos nucleares revelam a
natureza energética da matéria. Nossas concepções vão sendo impulsionadas
irresistivelmente além do domínio físico, em todos os sentidos. A humanidade
múltipla, de natureza cósmica, habitando dimensões desconhecidas, já não parece
mais uma utopia ou uma simples alucinação.
No item 55 de O Livro dos Espíritos encontramos esta
afirmação, em resposta à pergunta de Kardec sobre a habitabilidade de todos os
mundos: “Sim, e o homem terreno está bem longe de ser, como acredita, o
primeiro em inteligência, bondade e perfeição. Há, entretanto, homens que se
julgam espíritos fortes e imaginam que este pequeno globo tem o privilégio de
ser habitado por seres racionais. Orgulho e vaidade! Crêem que Deus criou o
Universo somente para eles.” No item 56 vemos esta antecipação: a constituição
dos diferentes mundos não se assemelha. E no item 57, a explicação de que os
mundos mais distantes do sol têm outras fontes de luz e calor, que ainda não
conhecemos.
A tese da pluralidade dos
mundos habitados leva-nos imediatamente ao conceito de solidariedade cósmica.
No item 176 encontramos a afirmação de que: “todos os mundos são solidários”.
Esta solidariedade se traduz pelo intercâmbio reencarnatório. Os espíritos
mudam de globos, de acordo com as necessidades ou conveniências de seu processo
evolutivo. Essas migrações, entretanto, não são feitas ao acaso, mas segundo as
leis universais da evolução. Cada mundo se encontra num determinado grau de
aperfeiçoamento. Suas portas serão franqueadas aos espíritos, na proporção em
que estes vão, por sua vez, atingindo graus superiores em sua evolução pessoal.
Como os homens, nas relações internacionais, espíritos superiores podem
reencarnar-se em mundos inferiores, cumprindo missões civilizadoras. Da mesma
maneira, espíritos de mundos inferiores podem estagiar em mundos superiores se
estiverem em condições para isso, e voltar aos seus globos, para ajudá-los a
melhorar.
A humanidade cósmica é
solidária, e a civilização cósmica é infinitamente superior ao nosso pobre
estágio terreno, de que tanto nos vangloriamos. Há mundos de densidade física
fora do alcance dos nossos sentidos, habitados por humanidades que nos
pareceriam fluídicas, e que não obstante são, no plano em que se encontram,
concretas e definidas. Humanidades felizes, que se utilizam de corpos leves e
habitam regiões paradisíacas, numa estrutura social em que prevalecem o bem, o
amor e a paz, o perfeito entendimento entre as criaturas. Humanidades livres da
escravidão dos instintos animais e dos corrosivos morais do egoísmo e do
orgulho, que infelicitam os mundos inferiores.
“A vida dos Espíritos, no seu
conjunto, segue as mesmas fases da vida corpórea”, ensina Kardec, no comentário
que faz ao item 191 de O Livro dos
Espíritos. Os espíritos passam gradativamente “do estado de embrião ao de
infância, para chegarem, por uma sucessão de períodos, ao estado de adulto, que
é o da perfeição, com a diferença de que nesta não existe o declínio nem a
decrepitude da vida corpórea”. Assim, as concepções geocêntricas de céu e
inferno, como prêmio ou castigo eternos de uma curta existência num pequeno
mundo inferior, são substituídas pela compreensão copérnica da vida universal e
do progresso infinito para todas as criaturas. Bastaria esta rápida visão da humanidade
cósmica para nos mostrar como ainda estamos, infelizmente, distantes de uma
assimilação perfeita da Doutrina Espírita. Quando conseguirmos compreender
integralmente esta cosmo-sociologia e suas imensas conseqüências, estaremos à
altura do Espiritismo.
2 - Destinação da Terra
Os Espíritos explicam, no
capítulo terceiro da primeira parte de O
Evangelho Segundo o Espiritismo: “A qualificação de mundos inferiores e
mundos superiores é antes relativa que absoluta. Um mundo é inferior ou
superior em relação aos que estão abaixo ou acima dele, na escala progressiva.”
A medida cósmica é a evolução. “Embaixo” e “em cima” são expressões graduais, e
não locais. A Terra já foi um mundo inferior, quando habitado pela humanidade
primitiva que nela se desenvolveu. O seu progresso foi ainda incentivado por
migrações de espíritos, realizadas em massa, no momento em que um mundo
distante conseguiu subir na escala dos mundos. Seus “resíduos evolutivos” foram
então transferidos para o nosso planeta. Criaturas superiores aos habitantes
terrenos, exilados na Terra, deram-lhe extraordinário impulso evolutivo. Assim,
ela passou de mundo primitivo para a categoria de mundo de expiações e provas.
Essa é a condição atual da
Terra. Mas é, também, a condição que ela está prestes a deixar, a fim de
elevar-se à categoria de mundo de regeneração. Vejamos, porém, como explicar o
nosso estágio atual. Ensina O Evangelho
Segundo o Espiritismo, no capítulo citado: “A superioridade da inteligência
de um grande número de habitantes indica que ela não é um mundo primitivo,
destinado à encarnação de Espíritos ainda saídos das mãos do Criador. As
qualidades inatas que eles revelam são a prova de que já viveram, e de que
realizaram algum progresso. Mas também os numerosos vícios a que se inclinam
são o índice de uma grande imperfeição moral. Eis porque Deus os colocou numa
terra ingrata, para aí expiarem as suas faltas, através de um trabalho penoso e
das misérias da vida, até que mereçam passar para um mundo mais feliz.”
Ao mesmo tempo, Espíritos
ainda na infância evolutiva, e Espíritos de um grau intermediário, mesclam-se
às coletividades em expiação. Representamos uma mistura de exilados e população
aborígine. Os antigos habitantes do mundo primitivo convivem com os imigrantes
civilizadores. Mas estes mesmos civilizadores ainda são bastante imperfeitos, e
realizam sua missão expiando as faltas cometidas em outros mundos. A explicação
prossegue: “A Terra nos oferece, portanto, um dos tipos de mundos
expiatórios, de que as variações são infinitas mas que têm por caráter
comum o de servirem de lugar de exílio para os Espíritos rebeldes à lei de
Deus. Nesses mundos, os Espíritos têm de lutar ao mesmo tempo com a
perversidade dos homens e contra a inclemência da natureza, duplo e penoso
trabalho, que desenvolve simultaneamente as qualidades do coração e as da
inteligência. É assim que Deus, na sua bondade, transforma o próprio castigo em
proveito do progresso do Espírito.”
Esta bela comunicação é
assinada por Santo Agostinho, que usa o título de santo para fins de
identificação. A seguir, com a mesma assinatura, temos uma mensagem sobre a
condição do mundo em que o nosso planeta se transformara: o mundo de regeneração.
Estes mundos, explica o Espírito: “servem de transição entre os mundos de
expiação e os mundos felizes”. São, portanto, simples escalas de
aperfeiçoamento, na cadeia universal dos mundos. Prossegue a informação
espiritual: “Nesses mundos, sem dúvida o homem está ainda sujeito às leis que
regem a matéria. A humanidade experimenta as vossas sensações e os vossos
desejos, mas livre das paixões desordenadas que vos escravizam.” Estas frases
traduzem uma bem-aventurança com que há muito sonhamos: “A palavra amor está
gravada em todas as frontes; uma perfeita eqüidade regula as relações sociais.”
Não estamos diante de uma
humanidade perfeita, mas apenas de um grau de evolução superior ao nosso. O
homem ainda é falível, sujeito a se deixar levar por resíduos do passado, arriscando-se
a cair de novo em mundos expiatórios para enfrentar provas terríveis. Quem não
verifica o realismo desta descrição, comparando o nosso desenvolvimento atual
com o nosso passado, e verificando as diretrizes do progresso terreno? Os Espíritos
não anunciam uma transição miraculosa, mas uma transformação progressiva do
mundo, que já está em plena realização. Nosso mundo de regeneração será mais ou
menos feliz, segundo a nossa capacidade de construí-lo. O homem terreno atingiu
o grau evolutivo que lhe permite responder plenamente pelas suas ações. Deus
respeita o seu livre-arbítrio, para que ele possa aumentar a sua
responsabilidade.
No mesmo capítulo citado, e
com a mesma assinatura espiritual, encontramos ainda estes esclarecimentos.
“Acompanhando o progresso moral dos seres vivos, os mundos por eles habitados
progridem materialmente. Quem pudesse seguir um mundo em suas diversas fases,
desde o instante em que se aglomeraram os primeiros átomos da sua constituição,
vê-lo-ia percorrer uma escala incessantemente progressiva, mas através de graus
insensíveis para cada geração, e oferecer aos seus habitantes uma morada mais
agradável, à medida que eles mesmos avançam na via do progresso. Assim marcham
paralelamente o progresso do homem, o dos animais seus auxiliares, dos vegetais
e das habitações, porque nada é estacionário na natureza. Quanto esta idéia é
grande e digna do Criador! E quanto, ao contrário, é pequena e indigna de seu
poder, a que concentra a sua solicitude e a sua providência sobre o
imperceptível grão de areia da Terra e restringe a humanidade aos poucos homens
que a habitam!”
Esta concepção cósmica não é
grandiosa apenas no seu aspecto exterior, mas também e principalmente no seu
sentido subjetivo e, portanto, profundo. O que mais se afirma, em toda a sua
extensão, é o princípio de liberdade e de responsabilidade humanas. Os
Espíritos, que são as criaturas humanas, encarnadas ou não, aparecem como os
artífices do seu próprio destino pessoal e coletivo, e como os demiurgos
platônicos que modelam os mundos. Deus lhes oferece a matéria-prima das construções,
mas são eles os que constroem, com inteira liberdade – dentro das limitações
naturais das condições de vida em cada plano – cometendo crimes ou praticando
atos de justiça, bondade e heroísmo, para colherem os resultados de suas
próprias ações.
O sentido ético dessa
concepção é revolucionário. Deus não está, diante dela, em nenhuma das duas posições
clássicas do pensamento filosófico e religioso: nem como o Ato Puro de
Aristóteles, indiferente ao Mundo, nem como o Jeová humaníssimo da Bíblia,
comandando exércitos e dirigindo as ações humanas. Só mesmo a síntese cristã do
Deus Pai, velando paternalmente pelos filhos, corresponde à sua grandeza. E é
justamente essa síntese que se corporifica na idéia de Deus da concepção
espírita. Mas, como até hoje, o Deus Pai do Cristianismo não se efetivou entre
os homens, o Espiritismo o apresenta em novas dimensões, promovendo a sua
revolução ética no mundo em transição.
3 - Ordem Moral
É precisamente a revolução
ética do Espiritismo que estabelecerá a ordem moral do mundo de regeneração.
Aquilo que hoje chamamos ordem social, porque baseada nas relações de
sociedades que implicam transações utilitárias, será de tal maneira modificada,
que poderemos mudar a sua designação. A humanidade regenerada, embora ainda não
tenha atingido a perfeição relativa dos mundos felizes, viverá numa estrutura
de relações de tipo moral. Os valores pragmáticos serão substituídos naturalmente
pelos valores morais, porque o homem não mais valerá pelo que possui, em
dinheiro, propriedades ou poder político, mas pelo que revela em capacidade intelectual
e aprimoramento espiritual.
A dinâmica social da caridade,
que o Espiritismo hoje desenvolve ativamente, em nosso mundo de provas e
expiações, tem por finalidade romper o egocentrismo social dos indivíduos
atuais, para em seu lugar fazer desabrochar o altruísmo moral, que
caracterizará o cidadão do futuro. Mesmo no meio espírita, muitas pessoas não
compreendem o sentido da filantropia espírita, entendendo que ela se confunde
com os remendos de consciência das esmolas dos ricos. A verdade, porém, é que a
caridade é o único antídoto eficaz do egoísmo, esse corrosivo psíquico, que
envenena os espíritos e toda a sociedade. A prática da caridade é o aprendizado
necessário do altruísmo, é o treinamento moral das criaturas em expiação e
prova, com vistas ao mundo de regeneração.
Vemos no item 913 de O Livro dos Espíritos essa colocação
precisa do problema: “Estudai todos os vícios, e vereis que no fundo de todos
existe o egoísmo. Por mais que luteis contra eles, não chegareis a extirpá-los,
enquanto não os atacardes pela raiz, enquanto não lhes houverdes destruído a
causa. Que todos os vossos esforços tendam para esse fim, porque nele se
encontra a verdadeira chaga da sociedade. Quem nesta vida quiser se aproximar
da perfeição moral, deve extirpar do seu coração todo sentimento de egoísmo,
porque o egoísmo é incompatível com a justiça, o amor e a caridade: ele
neutraliza todas as outras qualidades.”
Mas a prática da caridade não
pode limitar-se à criação de serviços de assistência. A caridade espírita não é
paternalista, mas fraterna. Não pode traduzir-se em protecionismo, mas em ajuda
mútua: a mão que distribui não socorre apenas, porque também recebe. Só há uma
paternidade: a de Deus. Sob ela, desenvolve-se a fraternidade humana, com
deveres e direitos recíprocos. No capítulo 15º de O Evangelho Segundo o Espiritismo, item 5, encontramos esta
exposição do problema: “Caridade e humildade são as únicas vias de salvação;
egoísmo e orgulho, as de perdição. Este princípio é formulado em termos
precisos nas seguintes frases: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu
entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo: toda a lei e os profetas se
resumem nesses dois mandamentos.” E para que não houvesse equívoco na
interpretação do amor de Deus e do próximo, acrescenta-se: “E eis o segundo
mandamento, semelhante ao primeiro.” Quer dizer que não se pode verdadeiramente
amar a Deus sem amar ao próximo, nem amar ao próximo sem amar a Deus, de
maneira que tudo o que se faz contra o próximo, contra Deus se faz. Não se
podendo amar a Deus sem praticar a caridade para com o próximo, todos os
deveres do homem se resumem nesta máxima: “Fora da caridade não há salvação.”
O Livro dos Espíritos, em seu
item 917, dá-nos a chave dessa relação, explicando: “De todas as imperfeições
humanas, a mais difícil de desenraizar é o egoísmo, porque se liga à influência
da matéria, da qual o homem ainda muito próximo da sua origem, não pode
libertar-se. Tudo concorre para entreter essa influência: suas leis, sua
organização social, sua educação. O egoísmo se enfraquecerá com a predominância
da vida moral sobre a material, e sobretudo com a compreensão que o Espiritismo
vos dá, quanto ao vosso estado futuro real, não desfigurado pelas ficções
alegóricas. O Espiritismo bem compreendido, quando estiver identificado com os
costumes e as crenças, transformará os hábitos, as usanças e as relações
sociais, O egoísmo se funda na importância da personalidade. Ora, o Espiritismo
bem compreendido, repito-o, faz ver as coisas de tão alto que o sentimento da
personalidade desaparece de alguma forma, perante a imensidade. Ao destruir
essa importância, ou pelo menos ao fazer ver a personalidade naquilo que de
fato ela é, ele combate necessariamente o egoísmo.”
O amor do próximo não pode
existir sem o amor de Deus, e vice-versa, porque o apego ao mundo, aos bens
materiais, aos valores transitórios da terra, aguça o egoísmo. A “importância
da personalidade”, por sua vez, é incentivada pela ordem social
utilitária, baseada no jogo de interesses imediatistas. A compreensão espírita
do mundo e do destino do homem modificará a ordem social. A certeza da
sobrevivência e o conhecimento da lei de evolução arrancarão o homem das garras
do imediatismo: ele pensará no futuro. Assim fazendo, verá as coisas de mais
alto e aprenderá que o valor supremo e o supremo bem estão nas leis de Deus,
que são a justiça, o amor e a caridade. Compreender isso é amar a Deus, amar a
Deus é praticar as suas leis. Sem o amor de Deus, o homem alimenta o amor de si
mesmo, o egoísmo, que o liga estreitamente ao mundo e aos seus bens transitórios
e falsos.
A referência às instituições
egocêntricas, à legislação humana, contrária às leis de Deus, à organização
social e injusta e à educação deformante, mostram-nos o que acima acentuamos,
ou seja, que a caridade não se limita à assistência. De que vale amparar apenas
os pobres, os necessitados, e entregar à loucura e à embriaguez do dinheiro e
do poder os ricos do mundo? Espiritualmente os dois são necessitados, pois o
rico voltará na pobreza, a fim de corrigir-se pela reencarnação. Cumpre, por
isso mesmo, lutar pela transformação social, pela modificação da ordem egoísta
que incentiva e perpetua o egoísmo, no círculo das reencarnações dolorosas.
Qual, porém, a maneira de
lutarmos por essa transformação? O item 914 o aponta: a educação. E Kardec, no
comentário final sobre o item 917, o reafirma: “A cura poderá ser prolongada, porque
as causas são numerosas, mas não é impossível. A educação, se for bem compreendida,
será a chave do progresso moral. Quando se conhecer a arte de manejar os
caracteres, como se conhece a de manejar as inteligências, poder-se-ão
endireitá-los, da mesma maneira como se endireitam as plantas novas.” As
respostas dadas a Kardec eram de Fénelon, um educador. O próprio Kardec,
pedagogo, estava à altura de compreender, e prontamente endossou a opinião do
Espírito.
As pessoas pouco afeitas ao
estudo dos problemas políticos e sociais estranharão o caminho indicado. Não
obstante, se foi Platão o primeiro a tentar a reforma do mundo pela educação,
com a sua “República”, foi Rousseau o primeiro a obter resultados positivos
nesse sentido. Ambos eram utópicos, mas exerceram poderosa influência no mundo.
E depois deles, compreendeu-se, principalmente a partir da Revolução Francesa,
que nenhuma transformação podia efetuar-se e manter-se, sem apoiar-se na
educação. As próprias formas de transformação violenta, como a Revolução
Comunista e as Revoluções Nazista e Fascista, na Alemanha e na Itália,
apoiaram-se imediatamente na educação. Porque a educação é a orientação das
novas gerações e a transmissão às mesmas de todo o acervo cultural da civilização:
é a criação do futuro, a sua elaboração.
Educar, entretanto, não é
apenas lecionar, ensinar nas escolas. A educação abrange todos os setores das
atividades humanas e todas as idades e condições do homem. Daí a conclusão de
Kardec, no mesmo comentário citado: “O egoísmo é a fonte de todos os vícios,
como a caridade é a fonte de todas as virtudes. Destruir um e desenvolver a
outra, deve ser o alvo de todos os esforços do homem, se ele deseja assegurar a
sua felicidade neste mundo, tanto quanto no futuro.” A educação espírita deve
ser feita em todos os sentidos, através da palavra e do exemplo, numa luta
incessante contra o egoísmo e em favor da caridade.
Nos capítulos sobre a lei de
igualdade e a lei de justiça, amor e caridade, Kardec e os Espíritos apontam os
rumos dessa batalha pela transformação do mundo. O próprio Espiritismo é um
gigantesco esforço de educação do mundo, para que a humanidade regenerada de
amanhã possa substituir o quanto antes a humanidade expiatória de hoje. Mas é
necessário que os espíritas se eduquem no conhecimento e na prática da
doutrina, para que possam educar o mundo nos princípios de renovação, que receberam
do Consolador.
4 - Império da Justiça
A ordem moral será o império
da justiça. O mundo de regeneração não poderá efetivar-se, portanto, enquanto
não criarmos na Terra uma estrutura social baseada na justiça. Já vimos que a
tarefa é nossa, pois o mundo nos foi dado como campo de experiência. Submetidos
a expiações e provas aprendemos que o egoísmo é nefasto e que devemos lutar
pelo altruísmo, a começar de nós mesmos. Mas como fazê-lo? Qual o critério a
seguir, para que a educação espírita do mundo se converta em realidade, produzindo
os frutos necessários?
Kardec nos explica, ao
comentar o item 876: “O critério da verdadeira justiça é de fato o de se querer
para os outros aquilo que se quereria para si mesmo, e não de querer para si o
que se desejaria para os outros, pois isso não é a mesma coisa. Como não é
natural que se queira o próprio mal, se tomarmos o desejo pessoal como norma de
partida, podemos estar certos de jamais desejar para o próximo senão o bem.
Desde todos os tempos, e em todas as crenças, o homem procurou sempre fazer
prevalecer o seu direito pessoal. O sublime da religião cristã foi tomar o
direito pessoal por base do direito do próximo.”
O critério apontado, como
vemos, é o da caridade. O império da justiça começará pelo reconhecimento recíproco
dos direitos do próximo. A lei de igualdade regerá esse processo. Kardec
declara ao comentar o item 803: “Todos os homens são submetidos às mesmas leis
naturais; todos nascem com a mesma fragilidade, estão sujeitos às mesmas dores,
e o corpo do rico se destrói como o do pobre. Deus não concedeu, portanto, a
nenhum homem, superioridade natural, nem pelo nascimento, nem pela morte. Todos
são iguais diante dele.”
Liberdade, igualdade e
fraternidade, são os rumos da civilização. Em Obras Póstumas aparece um trabalho de Kardec sobre esses três
princípios, tantas vezes deturpados, mas que deverão predominar no mundo de
justiça. Escreveu o codificador: “Estas três palavras constituem, por si sós, o
programa de toda uma ordem social que realizaria o mais absoluto progresso da
humanidade, se os princípios que elas exprimem pudessem receber integral
aplicação.” A seguir, Kardec coloca a fraternidade como princípio básico,
apontando a igualdade e a fraternidade como seus corolários.
A igualdade absoluta não é
possível, dizem os contraditores dos ideais igualitários, alguns mesmo alegando
que a desigualdade é lei da natureza. Citam, em favor dessa tese, o fenômeno da
individualização, bem como a diversidade de aptidões. Lembram que os próprios
minerais, vegetais e animais se diversificam ao infinito. Mas esquecem-se de
que a lei natural não é a desigualdade, mas a igualdade na diversidade. Vimos
como Kardec define a igualdade dos homens perante Deus. Vejamos também a sua
explicação das desigualdades no plano social, que é precisamente o plano
material da fragmentação e da especificação.
Escreveu Kardec, no comentário
ao item 805: “Assim, a diversidade das aptidões do homem não se relaciona com a
natureza íntima de sua criação, mas com o grau de aperfeiçoamento a que ele
tenha chegado, como Espírito. Deus não criou, portanto, a desigualdade das
faculdades, mas permitiu que os diferentes graus de desenvolvimento se
mantivessem em contato, a fim de que os mais adiantados pudessem ajudar os mais
atrasados a progredir, e também a fim de que os homens, necessitando uns dos
outros, compreendam a lei da caridade, que os deve unir!”
Nada existe como absoluto em
nosso mundo, que é naturalmente relativo. A fraternidade, a igualdade e a
liberdade são conceitos relativos, que tendem, porém, para a efetivação
absoluta, através da evolução. No mundo de regeneração esses conceitos
encontrarão maiores possibilidades de se efetivarem, porque a evolução moral
terá levado os homens a se aproximarem dos arquétipos ideais. O Espiritismo nos
convida à superação do relativismo material, para a compreensão dos planos
superiores a que nos destinamos, como indivíduos e como coletividade. Nossa
marcha evolutiva está precisamente traçada entre o relativo e o absoluto.
O império da justiça, no mundo
de regeneração, marcará o início da libertação dos Espíritos que permanecerem
na Terra. Mas esse mesmo fato representará a continuidade da escravidão, para
os que forem obrigados a retirar-se para mundos inferiores. A desigualdade se
manifesta na separação das duas coletividades espirituais, mas apenas como uma
condição temporária da evolução, determinada pelas próprias exigências da
igualdade fundamental das criaturas. Essa igualdade fundamental, que se define
como de origem, natureza e essência, – origem, pela criação divina, comum a
todos os espíritos; natureza, pela mesma qualidade, que é a individualização do
princípio inteligente; e essência, pela mesma constituição espiritual e
potencialidade consciencial; –desenvolve-se através da existência, nas fases
sucessivas da evolução, que constituem as formas temporárias de desigualdade,
para voltar à igualdade no plano superior da perfeição. Trata-se de um processo
dialético de desenvolvimento do ser. Podemos figurá-lo assim: os espíritos
partem da igualdade originária, passam pelas desigualdades existenciais, e
atingem finalmente a igualdade essencial.
A justiça de Deus é absoluta,
e por isso mesmo escapa às nossas mentes relativas. Mas na proporção em que
formos evoluindo, alargaremos as nossas perspectivas mentais, para atingir a
compreensão das coisas que hoje nos escapam. O Espiritismo é doutrina do
futuro, que age no presente como impulso, levando-nos em direção aos planos
superiores. É natural que muitos adeptos não o compreendam imediatamente, na
inteireza de seus princípios e de seus objetivos. Mas é dever de todos procurar
compreendê-lo, pelo estudo atento e humilde, pois sem a humildade necessária,
arriscamo-nos à incompreensão orgulhosa e arrogante.
À maneira do Reino do Céu,
pregado pelo Cristo, e das leis do Reino, que ele ensinou aos seus discípulos,
o Espiritismo prepara o império da justiça na Terra. Não pode fazê-lo senão
pela prática imediata da justiça através dos princípios que nos oferece,
convidando-nos à aplicação pessoal dos mesmos em nossas vidas individuais, e
sua natural extensão, pelo ensino e o exemplo, ao meio em que vivemos. A
transformação espírita do mundo começa no coração de cada criatura que a
deseja. Por isso ensinava o Cristo que o Reino de Deus está dentro de nós, e
que não começa por sinais exteriores.
TRANSIÇÃO PARA A NOVA ERA
Equipe da Secretaria Geral do Conselho Federativo
Nacional da FEB
“Também ouvireis
falar de guerra e de rumores de guerra; tratai de não vos perturbardes,
porquanto é preciso que estas coisas aconteçam: mas, ainda não será o fim –
pois se verá povo levantar-se contra povo e reino contra reino; e haverá
pestes, fomes e tremores de terra em diversos lugares – todas essas coisas
serão apenas o começo das dores. (São Mateus, 24:6 a 8).”1
O reinado do bem
poderá implantar-se algum dia na Terra?
“O bem reinará na Terra quando, entre os
Espíritos que a vêm habitar, os bons predominarem, porque, então, farão que aí
reinem o amor e a justiça, fonte do bem e da felicidade. É pelo progresso moral
e pela prática das leis de Deus que o homem atrairá para a Terra os Espíritos
bons e dela afastará os maus. Estes, porém, só a deixarão quando o homem tiver
banido daí o orgulho e o egoísmo.”2
“P. – O que a
Doutrina Espírita pode dizer a respeito do fim dos tempos, isto é, como
ocorrerá a transformação do planeta em planeta de provas e expiações para de
regeneração?
R. – Através da
busca da espiritualização, superação das dores e construção de uma nova
sociedade, a Humanidade caminha para a regeneração das consciências. [...]
Cabe, a cada um, longa e árdua tarefa de ascensão. Trabalho e amor ao próximo
com Jesus, este o caminho.”3
Introdução
A mídia tem apresentado,
com intensidade, informações sobre episódios dolorosos e preocupantes para as
pessoas.
Ante
inquietudes, incertezas, inseguranças, decepções e o vazio existencial, a
Doutrina Espírita tem potencial inesgotável para oferecer respostas, apoio e
roteiros seguros.
É chegado o
momento do Espiritismo cumprir seu papel: “[...] o
Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos
ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito. (São
João, 14: 26)”.4
Na literatura espírita é possível perceber o momento de
transição que se vive e captar as orientações que emanam da Espiritualidade,
como, por exemplo, nos textos citados abaixo:
Os
tempo são chegados
Allan Kardec destaca em A Gênese: “Dizem-nos de todas as
partes que são chegados os tempos marcados por Deus, em que grandes
acontecimentos se vão dar para regeneração da Humanidade”, 5 no que é
corroborado por São Luís, em O Livro dos Espíritos, quando alerta aos
homens: “Aproximai-vos do momento em que se dará a transformação da Humanidade,
transformação que foi predita e cuja chegada é acelerada por todos os homens
que auxiliam o progresso”.2
Já em Obras Póstumas, há significativo registro do
diálogo do Codificador com o Espírito de Verdade, relacionado com esses avisos:
“P. – Os Espíritos disseram que são chegados os tempos em que
tais coisas têm de acontecer; em que sentido se devem tomar essas palavras?
R. – Em se tratando de coisas de tanta gravidade, que são alguns
anos a mais ou a menos? Elas nunca ocorrem bruscamente, como o chispar de um
raio; são longamente preparadas por acontecimentos parciais que lhes servem
como que de precursores, semelhantes aos rumores surdos que precedem a erupção
de um vulcão. Pode-se, pois, dizer que os tempos são chegados, sem que isso
signifique que as coisas sucederão amanhã. Significa unicamente que vos achais
no período em que elas se verificarão.
P. – Confirmas o que foi dito, isto é, que não haverá
cataclismos?
R. – Sem dúvida, não tendes que temer nem um dilúvio, nem o
abrasamento do vosso planeta, nem outros fatos desse gênero, visto que não se
pode denominar cataclismos a perturbações locais que se têm produzido em todas
as épocas. Apenas haverá um cataclismo de natureza moral, cujos instrumentos
serão os próprios homens”.6
A
nova geração
No contexto da transição para uma Nova Era, são importantes e
pertinentes as ideias sobre a nova geração desenvolvidas por Allan Kardec, em A
Gênese: “A nova geração marchará, pois, para a realização de todas as
idéias humanitárias compatíveis com o grau de adiantamento a que houver
chegado. Avançando para o mesmo alvo e realizando seus objetivos, o Espiritismo
se encontrará com ela no mesmo terreno. Os homens progressistas descobrirão nas
ideias espíritas, uma poderosa alavanca e o Espiritismo achará, nos novos
homens, Espíritos inteiramente dispostos a acolhê-lo. [...]
[...]
A época atual é de transição; os elementos das duas gerações se
confundem. Colocados no ponto intermediário, assistimos à partida de uma e à
chegada da outra, já se assinalando cada uma, no mundo, pelas características
que lhes são peculiares.
As duas gerações que se sucedem têm ideias e pontos de vista
opostos. Pela natureza das disposições morais, e, sobretudo, das disposições intuitivas
e inatas, torna-se fácil distinguir a qual das duas pertence cada
indivíduo.
Cabendo-lhe fundar a era do progresso moral, a nova geração se
distingue por inteligência e razão geralmente precoces, aliadas ao sentimento inato
do bem e a crenças espiritualistas, o que constitui sinal indubitável de
certo grau de adiantamento anterior. Não se comporá de Espíritos
eminentemente superiores, mas dos que, já tendo progredido, se acham
predispostos a assimilar todas as ideias progressistas e estejam aptos a
secundar o movimento de regeneração.
[...]
Opera-se presentemente um desses movimentos gerais, destinados a
realizar uma remodelação da Humanidade. A multiplicidade das causas de
destruição constitui sinal característico dos tempos, pois que elas apressarão
a eclosão dos novos germens [...]”.7
Esses esclarecimentos poderão levar alguma inquietação às
pessoas sobre os destinos de muitos Espíritos, mas Jesus, como nosso Mestre e
Guia, deixou claro que ninguém ficará desamparado, como explicita na parábola
da “Ovelha Perdida” (Lucas, 15:1-7).
Referências:
1KARDEC, Allan. A gênese. Trad. Evandro Noleto Bezerra.
Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 17, item 47.
2______. O livro dos espíritos. Trad. Evandro Noleto
Bezerra. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Q. 1.019.
3XAVIER, Francisco C. Plantão de respostas. Pinga Fogo
II. São Paulo: Cultura Espírita União, 1995. Cap. Condições do Planeta (I), p.
35-36.
4KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Trad.
Evandro Noleto Bezerra. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 6, item 3.
5______. A gênese. Trad. Evandro Noleto Bezerra. Rio de
Janeiro: FEB, 2009. Cap. 18, item 1.
6______. Obras póstumas. Trad. Evandro Noleto Bezerra.
Rio de Janeiro: FEB, 2009. P. 2, A minha iniciação no
espiritismo, p. 364-365.
7______. A gênese. Trad. Evandro Noleto Bezerra. Rio de
Janeiro: FEB, 2009. Cap. 18, itens 24, 28, 34.
A TRANSIÇÃO E O CAMINHO PARA A NOVA ERA
Equipe da Secretaria Geral do Conselho Federativo
Nacional da FEB
A transição para uma Nova Era está inserida em um Planejamento
Divino. No caminho podem ocorrer transes físicos, espirituais, psíquicos,
políticos e sociais. A Espiritualidade tem propiciado alertas e orientações
continuadas, mas mantendo a tônica do apoio e do consolo.
O Codificador inseriu nas obras básicas mensagens espirituais e
fez comentários preciosos sobre o cumprimento da Lei do Progresso.
Mensageiros espirituais prosseguem até nossos dias a nos
oferecer orientações sobre os momentos de transição que estamos vivendo.
Acompanhemos alguns destaques de assertivas e esclarecimentos
emanados da Espiritualidade superior.
O Espírito Santo Agostinho, em O Evangelho segundo o
Espiritismo, comenta que “o progresso é uma das leis da Natureza. Todos os
seres da Criação, animados e inanimados, estão submetidos a ele pela bondade de
Deus, que deseja que tudo se engrandeça e prospere. A própria destruição, que
parece aos homens o termo das coisas, é apenas um meio de se chegar, pela
transformação, a um estado mais perfeito, visto que tudo morre para renascer e
nada sofre o aniquilamento.
Ao mesmo tempo que os seres vivos progridem moralmente, os
mundos que eles habitam progridem materialmente. [...]” e, “[...] a Terra
esteve material e moralmente
num estado inferior ao em que hoje se acha, e atingirá, sob esse
duplo aspecto, um grau mais elevado. Ela chegou a um dos seus períodos de
transformação, em que, de mundo expiatório, tornar-se-á mundo regenerador. Os
homens, então, serão felizes na Terra, porque nela reinará a lei de Deus”.1
Allan Kardec, em A Gênese, tece considerações sobre o
tema em diversos capítulos, sendo oportuna a transcrição das seguintes
afirmações dos Espíritos: “O progresso da Humanidade se efetua, pois, em
virtude de uma lei. Ora, como todas as leis da Natureza são obra da eterna sabedoria
e da presciência divina, tudo o que é efeito dessas leis resulta da vontade de
Deus, não de uma vontade acidental e caprichosa, mas de uma vontade imutável.
Quando, por conseguinte, a Humanidade está madura para subir um degrau, pode-se
dizer que os tempos marcados por Deus são chegados, como se pode dizer também
que, em tal estação, eles chegam para a maturação dos frutos e sua colheita.
[...]
[...] a Humanidade tem realizado incontestáveis progressos. Os
homens, com a sua inteligência, chegaram a resultados que jamais haviam
alcançado, sob o ponto de vista das ciências, das artes e do bem-estar
material.Resta-lhes, ainda,um imenso progresso a realizar: fazerem que
reinem entre si a caridade, a fraternidade e a solidariedade, que lhes
assegurem o bem-estar moral. [...]
[...]
À agitação dos encarnados e desencarnados se juntam, por vezes e
mesmo na maioria das vezes, já que tudo se conjuga, na Natureza, as
perturbações dos elementos físicos [...].
É no período que ora se inicia que o Espiritismo florescerá e
dará frutos. É, pois, para o futuro, mais que para o presente, que trabalhais;
mas era necessário que esses trabalhos fossem elaborados previamente, porque
preparam as vias da regeneração pela unificação e pela
racionalidade das crenças. Felizes os que os aproveitam desde hoje [...]”.2
Em outra parte de A Gênese, o
Codificador insere mensagem do Espírito Arago, aliás, muito esclarecedora: “Num
mesmo sistema planetário todos os corpos que dele dependem reagem uns sobre os
outros; todas as influências físicas aí são solidárias, e não há um só dos
efeitos, que designais sob o nome de grandes perturbações, que não seja a
consequência da componente das influências de todo esse sistema.
[...]
A matéria orgânica não poderia
escapar a essas influências; as perturbações que ela sofre podem, então,
alterar o estado físico dos seres vivos e determinar algumas dessas doenças que
atacam de maneira geral as plantas, os animais e os homens. Como todos os
flagelos, essas doenças são para a inteligência humana um estimulante que a
impele, por necessidade, à procura dos meios de as combater, e à descoberta das
leis da Natureza.
[...]
Quando se vos diz que a Humanidade
chegou a um período de transformação, e que a Terra deve elevar-se na
hierarquia dos mundos, não vejais nestas palavras nada de místico, mas, ao
contrário, a realização de uma das grandes leis fatais do Universo, contra as
quais se quebra toda a má vontade humana”.3
Desde as obras psicográficas iniciais
de Francisco Cândido Xavier, estão presentes os temas sobre a evolução do
planeta e suas naturais transformações materiais e espirituais.
O autor espiritual Emmanuel, na obra A
Caminho da Luz, alerta que “aproxima-se o momento em que se efetuará a
aferição de todos os valores terrestres para o ressurgimento das energias
criadoras de um mundo novo [...]”.4 Em outra parte da mesma obra, pondera que
“numerosas transformações são aguardadas e o Espiritismo esclarece os corações,
renovando a personalidade espiritual das criaturas para o futuro que se
aproxima.
[...]
Então a Terra, como aquele mundo
longínquo da Capela, ver-se-á livre das entidades endurecidas no mal [...].
Ficarão no mundo os que puderem compreender a lição do amor e da fraternidade
sob a égide de Jesus, cuja misericórdia é o verbo de vida e luz, desde o
princípio”.5
Emmanuel também discorre: “[...]
depois da treva surgirá uma nova aurora. Luzes consoladoras envolverão todo o
orbe regenerado no batismo do sofrimento. O homem espiritual estará unido ao
homem físico para a sua marcha gloriosa no Ilimitado, e o Espiritismo terá
retirado dos seus escombros materiais a alma divina das religiões, que os
homens perverteram, ligando-as no abraço acolhedor do Cristianismo restaurado.
Trabalhemos por Jesus, ainda que a
nossa oficina esteja localizada no deserto das consciências”.6
Já no final da obra Há Dois Mil
Anos, Emmanuel reproduz importante diálogo que provém do Alto, o qual está
relacionado com a etapa do ciclo evolutivo em que vivemos:
“Sim! amados meus, porque o dia
chegará no qual todas as mentiras humanas hão de ser confundidas pela claridade
das revelações do céu. Um sopro poderoso de verdade e vida varrerá toda a Terra
[...].
[...]
Trabalharemos com amor, na oficina
dos séculos porvindouros, reorganizaremos todos os elementos destruídos,
examinaremos detidamente todas as ruínas buscando o material passível de novo
aproveitamento e, quando as instituições terrestres reajustarem a sua vida na
fraternidade e no bem, na paz e na justiça, depois da seleção natural dos
Espíritos e dentro das convulsões renovadoras da vida planetária, organizaremos
para o mundo um novo ciclo evolutivo, consolidando, com as divinas verdades do
Consolador, os progressos definitivos do homem espiritual”.7
Sobre esse aspecto, o Espírito
Bezerra de Menezes comenta, em manifestação psicofônica recente, que “Jesus
está no leme e os seus arquitetos divinos comandam os movimentos que lhe
produzem alteração da massa geológica, enquanto se operam as transformações
morais.
[...]
Nos dias atuais, como no passado,
amar é ver Deus em nosso próximo; meditar é encontrar Deus em nosso mundo
íntimo, a fim de espargir-se a caridade na direção de todas as criaturas
humanas.
Trabalhar, portanto, o mundo íntimo,
não temer quaisquer ameaças de natureza calamitosa através das grandes
destruições que fazem parte do progresso e da renovação, ou aquelas de dimensão
não menos significativa na intimidade doméstica, nos conflitos do sentimento,
demonstrando que a luz do Cristo brilha em nós e conduz-nos com segurança.
[...]
Sejam celebradas e vividas a crença em
Deus, na imortalidade, nas vidas ou existências sucessivas, fazendo que as
criaturas deem-se as mãos construindo o mundo de regeneração e de paz pelo qual
todos anelamos...
[...]
Ainda verteremos muito pranto,
ouviremos muitas profecias alarmantes, mas a Terra sairá desse processo de
transformação mais feliz, mais depurada, com seus filhos ditosos rumando para
mundo superior na escalada evolutiva”.8
Em outra manifestação, a mesma
Entidade espiritual esclarece:
“...Estamos agora em um novo período.
Estes dias assinalam uma data muito especial, a data da mudança do mundo de
provas e expiações para o mundo de regeneração.
A grande noite que se abatia sobre a
Terra lentamente deu lugar ao amanhecer de bênçãos.
[...]
Iniciada a grande transição,
chegaremos ao clímax, e na razão direta em que o planeta experimenta as suas
mudanças físicas, geológicas, as mudanças morais são inadiáveis. Que sejamos
nós aqueles Espíritos-espíritas que demonstremos a grandeza do amor de Jesus em
nossas vidas”.9
A etapa da transição que ora se vive,
sem dúvida, tem o Mestre Jesus no leme!
Referências:
1KARDEC, Allan. O evangelho
segundo do espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra.
1. reimp. (atualizada). Rio de
Janeiro: FEB, 2010. Cap. 3, item 19.
2______. A gênese. Trad.
Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 18, itens 2, 5, 9.
3______. ______. Cap. 18, item 8.
4XAVIER, Francisco C. A caminho da luz.
Pelo Espírito Emmanuel. 37. ed. 1.
reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Introdução, p. 13.
5______. ______. Cap. 24, item Lutas
renovadoras, p. 250-251.
6______. ______. Cap. 25, p. 260.
7______. Há dois mil anos.
Pelo Espírito Emmanuel. 4. ed. esp. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. P. 2,
cap. 6, p. 346-347.
8FRANCO, Divaldo P. Novas
responsabilidades. Pelo Espírito Bezerra de Menezes.
In: Reformador, ano 128, n. 2.176, p. 8(262)-9(263), jul. 2010.
9______. Momento da gloriosa
transição. Pelo Espírito Bezerra de Menezes. In: Reformador, ano
128, n. 2.175, p. 8(222), jun. 2010.
Fonte: Revista
Reformador, da FEB, de novembro de 2010
A TRANSIÇÃO E O PAPEL DO ESPIRITISMO
Equipe da Secretaria Geral do Conselho Federativo
Nacional da FEB
Na etapa significativa de nossos
tempos de transição para uma Nova Era, o Espiritismo tem um papel a exercer
como “Consolador Prometido”.
A disseminação dos princípios
emanados da Doutrina Espírita é necessária para que a mensagem de
esclarecimento, consolo e esperança se faça presente junto às pessoas.
Realmente, é o momento de se concretizarem as belas e profundas assertivas
contidas no capítulo VI de O Evangelho segundo o Espiritismo – O Cristo
Consolador!
Em O Livro dos Espíritos há
algumas questões que delineiam essa tarefa:
O Espiritismo se tornará crença
geral, ou continuará sendo professado apenas por algumas pessoas?
“Certamente ele se tornará crença
geral e marcará uma Nova Era na História da Humanidade, porque está na Natureza
e chegou o tempo em que ocupará lugar entre os conhecimentos humanos.
Entretanto, terá que sustentar
grandes lutas, mais contra os interesses, do que contra a convicção [...].”1
Comentário de Kardec:
“[...] Sua marcha, porém, será mais
rápida que a do Cristianismo, porque é o próprio Cristianismo que lhe abre o
caminho e serve de apoio. [...]”.1
O Codificador deixa muito clara a
tarefa do Espiritismo na questão:
De que maneira o Espiritismo pode
contribuir para o progresso?
“Destruindo o materialismo, que é uma
das chagas da sociedade, o Espiritismo pode fazer com que os homens compreendam
onde estão seus verdadeiros interesses.
Como a vida futura não mais estará
velada pela dúvida, o homem perceberá melhor que pode garantir seu futuro por
meio do presente. Destruindo os preconceitos de seitas, castas e cores, o
Espiritismo ensina aos homens a grande solidariedade que os há de unir como
irmãos.”2
O tema é tratado de forma
esclarecedora por Allan Kardec em A Gênese, com a seguinte assertiva:
“O Espiritismo não cria a renovação
social; a madureza da Humanidade é que fará dessa renovação uma necessidade.
Pelo seu poder moralizador, por suas tendências progressistas, pela amplitude
de suas vistas, pela generalidade das questões que abrange, o Espiritismo, mais
do que qualquer outra doutrina, está apto a secundar o movimento regenerador;
por isso, ele é contemporâneo desse movimento. Surgiu no momento em que podia
ser útil, visto que também para ele os tempos são chegados. [...]”.3
Dentro da visão sobre a Nova Era,
comentou Emmanuel numa das primeiras obras psicografadas por Chico Xavier, em A
Caminho da Luz: “[...] todos os Espíritos de boa vontade poderiam trabalhar
pelo advento da paz e da fraternidade do futuro humano, e foi por isso que,
laborando para os séculos porvindouros, definiram o papel de cada região no
continente [...]”, e localiza ainda “seu coração nas extensões da terra farta e
acolhedora onde floresce o Brasil, na América do Sul”.4 Este assunto é
desenvolvido pelo Espírito Humberto de Campos na obra específica que é Brasil,
Coração do Mundo, Pátria do Evangelho.
Divaldo Pereira Franco tem sido
intermediário mediúnico para diversas manifestações sobre o tema. O Espírito
Joanna de Ângelis esclarece: “O indivíduo, que se renova moralmente, contribui
de forma segura para as alterações que se vêm operando no planeta. Não é
necessário que o turbilhão dos sofrimentos gerais o sensibilize, a fim de que possa
contribuir eficazmente com os Espíritos que operam em favor da grande
transição”.5
No conjunto das obras citadas, fica
claro que a questão humanística e espiritual é de fundamental importância para
a aurora da Nova Era, como destaca Emmanuel em O Consolador:
“Como entender o trabalho de
purificação nos ambientes do mundo?
[...] Todos os Espíritos encarnados,
porém, devem considerar que se encontram no planeta como em poderoso cadinho de
acrisolamento e regeneração, sendo indispensável cultivar a flor da iluminação
íntima, na angústia da vida humana, no círculo da família ou da comunidade
social, através da maior severidade para consigo mesmo e da maior tolerância
com os outros [...]”.6
A propósito do planejamento e das
etapas de cumprimento para a transição para uma Nova Era, torna-se sugestiva a
leitura e a reflexão sobre a parábola do “Festim das Bodas” (Mateus, 22:
1-14).7
Reflexões e recomendações
Com base nos textos citados ao longo
deste e de dois outros artigos, anteriormente publicados em Reformador,
apresentamos algumas contribuições para as reflexões em torno de algumas ações
viáveis como papel do Espiritismo na fase de transição para a Nova Era e que
podem ser entendidas como recomendações ao Movimento Espírita e aos espíritas
em geral:
• Implementar a ampla difusão dos
princípios da Doutrina Espírita;
• Estimular a união dos espíritas e a
unificação do Movimento Espírita como uma família, base propiciadora à difusão
do Espiritismo e à prática da solidariedade;
• Divulgar as obras básicas e as que
sejam coerentes com a Codificação Espírita, como recomendações para leituras e
estudos;
• Evitar a divulgação de informações
e de literaturas catastróficas que destaquem fatos negativos;
• Pautar as ações espíritas – estudo,
divulgação e prática – com base no ensino moral do Cristo;
• Manter em constante execução as
Campanhas Em Defesa da Vida, Viver em Família, Construamos a
Paz Promovendo o Bem!, “O Evangelho no Lar e no Coração”, e Divulgação
do Espiritismo;
• Estimular a realização de campanhas
de esclarecimento sobre a visão espírita com relação à preservação do meio
ambiente;
• Estimular e orientar ações de
parcerias, em casos de acidentes e tragédias, com a concretização da
solidariedade e da fraternidade;
• Estimular ações de convivência fraterna
e de parceria, quando há objetivos comuns, com as diversas agremiações
religiosas;
• Estimular a reforma e a iluminação
íntima, bem como o exercício da serenidade.
“Vinde a mim, todos vós que estais
aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei.Tomai sobre vós o meu jugo e
aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e achareis repouso para
vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo. (Mateus, 11:28-30.)”8
Referências:
1KARDEC, Allan. O livro dos
espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Q. 798.
2______. ______. Q. 799.
3______. A gênese. Trad.
Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 18, item 25.
4XAVIER, Francisco C. A caminho da
luz. Pelo Espírito Emmanuel. 37. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009.
Cap. 20, item Missão da América, p. 207.
5FRANCO, Divaldo P. Jesus e vida.
Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador: LEAL. Cap. A grande transição.
6XAVIER, Francisco C. O consolador.
Pelo Espírito Emmanuel. 28. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Q. 229.
7KARDEC, Allan. O evangelho
segundo o espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1. reimp.
(atualizada). Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 18, itens 1-2.
8______. ______. Cap. 6, item 1.
Fonte: Revista
Reformador, da FEB, de dezembro de 2010
LIVRO “TRANSIÇÃO PLANETÁRIA”, PSICOGRAFIA DE
DIVALDO P. FRANCO
TRANSIÇÃO PLANETÁRIA
Vive-se, na Terra, o momento da grande
transição de mundo de provas e de expiações para
mundo de regeneração.
As alterações que se observam são de natureza
moral, convidando o ser humano à mudança de comportamento para melhor,
alterando os hábitos viciosos, a fim de que se instalem os paradigmas da
justiça, do dever, da ordem e do amor.
Anunciada essa transformação que se encontra
ínsita no processo da evolução, desde o Sermão profético anotado pelo evangelista Marcos, no capítulo
XIII do seu livro, quando o Divino Mestre apresentou os sinais dos futuros
tempos após as ocorrências dolorosas que assinalariam os diferentes períodos da
evolução.
Sendo o ser humano um Espírito em processo de
crescimento intelecto-moral, atravessa diferentes níveis nos quais estagia, a
fim de desenvolver o instinto, logo depois a inteligência, a consciência,
rumando para a intuição que será alcançada mediante a superação das
experiências primevas, que o assinalam profundamente, atando-o, não raro, à sua
natureza animal em detrimento daquela espiritual que é a sua realidade.
Mediante as reencarnações, etapa a etapa,
dá-se-lhe o processo de eliminação das imperfeições morais, que se transformam
em valores relevantes, impulsionando-o na direção da plenitude que lhe está
destinada.
Errando e corrigindo-se, realizando
tentativas de progresso e caindo, para logo levantar-se, esse é o método de
desenvolvimento que a todos propele na direção da sua felicidade plena.
Herdeiro dos conflitos em que estorcegava nas
fases iniciais, deve enfrentar os condicionamentos enfermiços, trabalhando pela
aquisição de novas experiências que lhe constituam diretrizes de segurança para
o avanço.
Em face das situações críticas pelo carreiro
carnal, gerando complicações afetivas, porque distante das emoções sublimes do
amor, agindo mais pelos instintos, especialmente aqueles que dizem respeito à
preservação da vida, à sua reprodução, à violência para a defesa sistemática da
existência corporal, agride, quando deveria dialogar, acusa, no momento em que
lhe seria lícito silenciar a ofensa ou a agressão, dando lugar aos embates
infelizes geradores do ressentimento, do ódio, do desejo de desforço, esses
filhos inconsequentes do ego dominador.
O impositivo do progresso, porém, é
inarredável, apresentando-se como necessidade de libertação das amarras
vigorosas que o retêm na retaguarda, ante o deotropismo que o fascina e termina
por arrebatá-lo.
Colocado, pela força do determinismo, na
conjuntura do livre-arbítrio, nem sempre lógico, somente ao impacto do
sofrimento desperta para compreender quão indispensável lhe é a aquisição da
paz, a conquista do bem-estar…
Nesse comenos, dá-se conta dos males
praticados, dos prejuízos causados a outros, nascendo-lhe o anelo de
recuperar-se, auxiliando aqueles que foram prejudicados pela sua inépcia ou
primitivismo em relação aos deveres que fazem parte dos soberanos códigos de
ética da vida.
Atrasando-se ou avançando pelas sendas
libertadoras, desenvolve os tesouros adormecidos na mente e no sentimento, que
aprende a colocar a serviço do progresso, avançando consciente das próprias
responsabilidades.
Infelizmente, esse despertar da consciência
tem-se feito muito lentamente, dando lugar aos desmandos que se repetem a todo
momento, às lutas sangrentas terríveis.
Predominam, desse modo, as condutas
arbitrárias e perversas, na sociedade hodierna, em contraste chocante com as
aquisições tecnológicas e científicas logradas na sucessão dos tempos.
Observam-se amiúde os pródromos dos
sentimentos bons, quando alguém é vítima de uma circunstância aziaga,
movimentando grupos de socorro, ao tempo que outras criaturas se transformam em
seres-bomba, assassinando, fanática e covardemente outros que nada têm a ver
com as tragédias que pretendem remediar por meios mais funestos e inadequados
do que aquelas que pretendem combater…
Movimentos de proteção aos animais
sensibilizam muitos segmentos da sociedade, no entanto, incontáveis pessoas
permanecem indiferentes a milhões de crianças, anciãos e enfermos que morrem de
fome cada ano, não por falta de alimento que o planeta fornece, mas por
ausência total de compaixão e de solidariedade…
Fenômenos sísmicos aterradores sacodem o orbe
com frequência, despertando a solidariedade de outras nações, em relação
àquelas que foram vitimadas, enquanto, simultaneamente, armas ditas
inteligentes ceifam outras centenas e milhares de vidas, a serviço da guerra,
ou de revoluções intermináveis, ou de crimes trabalhados por organizações
dedicadas ao mal…
São esses paradoxos da vida em sociedade, que
a grande transição que ora tem lugar no planeta irá modificar.
As criaturas que persistirem na acomodação
perversa da indiferença pela dor do seu irmão, que assinalarem a existência
pela criminalidade conhecida ou ignorada, que firmarem pacto de adesão à
extorsão, ao suborno, aos diversos comportamentos delituosos do denominado colarinho branco, mantendo conduta egotista, tripudiando
sobre as aflições do próximo, comprazendo-se na luxúria e na drogadição, na
exploração indébita de outras vidas, por um largo período não disporão de meios
de permanecer na Terra, sendo exiladas para mundos inferiores, onde irão ser
úteis limando as arestas das imperfeições morais, a fim de retornarem, mais tarde,
ao seio generoso da mãe-Terra que hoje não quiseram respeitar.
O egrégio codificador do Espiritismo,
assessorado pelas Vozes do Céu, deteve-se, mais
de uma vez, na análise dos trágicos acontecimentos que sacudiriam a Terra e os
seus habitantes, a fim de despertar os últimos para as responsabilidades para
consigo mesmos e em relação à primeira.
Em O Livro dos Espíritos, no capítulo dedicado à Lei de
destruição, o insigne mestre de Lyon
estuda as causas e razões dos desequilíbrios que se dão no planeta com
frequência, ensejando as tragédias coletivas, bem como aquelas produzidas pelo
ser humano, e constata que é necessário que tudo se destrua, a fim de poder
renovar-se. A destruição, portanto, é somente produzida para a transformação
molecular da matéria, nunca atingindo o Espírito, que é imortal.
Desse modo, as grandes calamidades de uma ou
de outra procedência têm por finalidade convidar a criatura humana à reflexão
em torno da transitoriedade da jornada carnal em relação à sua imortalidade.
As dores que defluem desses fenômenos
denominados como flagelos destruidores, objetivam fazer a “Humanidade progredir
mais depressa. Já não dissemos ser a destruição uma necessidade para a
regeneração moral dos Espíritos, que, em cada nova existência, sobem um degrau
na escala do aperfeiçoamento? Preciso é que se veja o objetivo, para que os
resultados possam ser apreciados. Somente do vosso ponto de vista pessoal os apreciais;
daí vem que os qualificais de flagelos, por efeito do prejuízo que vos causam.
Essas subversões, porém, são frequentemente necessárias para que mais pronto se
dê o advento de uma melhor ordem de coisas e para que se realize em alguns anos
o que teria exigido muitos séculos.”(*)
Eis, portanto, o que vem ocorrendo nos dias
atuais.
As dores atingem patamares quase
insuportáveis e a loucura que toma conta dos arraiais terrestres tem caráter
pandêmico, ao lado dos transtornos depressivos, da drogadição, do sexo
desvairado, das fugas psicológicas espetaculares, dos crimes estarrecedores, do
desrespeito às leis e à ética, da desconsideração pelos direitos humanos,
animais e da Natureza… Chega-se ao máximo desequilíbrio, facultando a
interferência divina, a fim de que se opere a grande transformação de que todos
temos necessidade urgente.
Contribuindo na grande obra de regeneração da
Humanidade, Espíritos de outra dimensão estão mergulhando nas sombras
terrestres, a fim de que, ao lado dos nobres missionários do amor e da
caridade, da inteligência e do sentimento, que protegem os seres terrestres,
possam modificar as paisagens aflitivas, facultando o estabelecimento do Reino de Deus nos corações.
Reconhecemos que essa nossa informação poderá
causar estranheza em alguns estudiosos do Espiritismo, e mesmo reações mais
severas noutros… Nada obstante, permitimo-nos a licença de apresentar o nosso
pensamento após a convivência com nobres mentores que trabalham no elevado
programa da grande transição…
Equipes de apóstolos da caridade no plano
espiritual também descem ao planeta sofrido, a fim de contribuir em favor das
mudanças que devem operar-se, atendendo aqueles que se encontram excruciados
pela desencarnação violenta, inesperada, ou padecendo o jugo de obsessões
cruéis, ou fixados em revolta injustificável, considerando-se adversários da
Luz, membros da sanha do Mal, a fim de melhorar a psicosfera vigente, desse
modo, facilitando o trabalho dos Mensageiros de Jesus.
Na presente obra, apresentamos três fases
distintas, mas que se interpenetram, em torno do trabalho a que fomos
convocado, mercê da compaixão do Amor, de modo a acompanharmos as ações de
enobrecimento de dignos e valorosos Benfeitores, vinculados ao programa em
desenvolvimento a respeito da transição planetária que se vem operando desde há
algum tempo…
Não temos outro objetivo, senão estimular os
servidores do Bem a prosseguirem no ministério, a qualquer custo, sem desânimo
nem contrariedade, permanecendo certos de que se encontram amparados em todas
as situações, por mais dolorosas se lhes apresentem.
Procuramos sintetizar as operações de socorro
aos desencarnados vitimados pelo tsunami ocorrido no Oceano Índico, devastador
e de consequências graves, que permanece ainda gerando sofrimento e
desconforto, especialmente porque sucedido de outros tantos que prosseguem
ocorrendo com frequência assustadora…
Logo após, referimo-nos ao contributo
especial dos Espíritos dedicados às tarefas de reencarnação dos novos obreiros,
terrestres ou voluntários de outra dimensão cósmica, passando à análise dos
tormentos que invadem a Terra, assim como da interferência dos Espíritos
infelizes, que se comprazem em manter o terrível estado atual de aturdimento.
Nada obstante, em todos os momentos,
procuramos demonstrar a providencial misericórdia de Jesus, sempre atento com
os Seus mensageiros a todas as ocorrências planetárias, minimizando as aflições
humanas e abrindo espaço ao dia radioso de amanhã, que se aproxima, rico de
bênçãos e de plenitude.
Agradecendo ao Senhor de nossas vidas e aos
Espíritos superiores investidos da sublime tarefa da grande transição
planetária, por haver-nos concedido a honra do trabalho ao seu lado, sou o
servidor devotado de sempre.
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