terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O poder de síntese do tarô


No Hotel Ponto de Luz, local onde trabalho, dou palestras para apresentar o tarô.


Para exemplificar e tornar a palestra mais animada para os hóspedes, faço uma tiragem simples, de duas cartas para cada pessoa. Uma carta para significar a situação e outra para ocupar a casa do desafio.

Houve um caso que me impressionou pelo poder de síntese e revelação apresentado por apenas dois arcanos.

A mulher tirou a carta da Morte cruzada pelo Rei de Ouros.



Relatei o simbolismo tradicional do Arcano da Morte, final de ciclo, transformação, necessidade de cortar com o passado, a dor e a aceitação do luto... E concomitantemente, contei sobre a figura do Rei de Ouros na casa do desafio, que poderia ser uma pessoa, um homem importante, como também uma realização no plano material. Enfim algo assim.

Ela agradeceu e no dia seguinte agendou a consulta completa do tarô comigo.

Primeira carta do novo jogo, novamente o arcano maior Morte, coincidência? Bom esse é já é outro tema. Estimulada por essas imagens a consulente me contou sua história:

Há sete anos, ela era bem casada, tinha filhos, uma empresa familiar que gerenciava junto ao marido, tudo era muito harmonioso e a vida ia assim, fluindo. Então, em um dia, desses dias de Deus, como cada dia da vida, seu marido sai para realizar uma viagem de negócios e, durante a viagem, sofre um acidente e morre.

Ela, apesar da tragédia, vestiu a camisa do homem e da mulher, do pai e da mãe da casa e deu conta de continuar gerenciando o negócio, criando os filhos e tudo mais. Agora, sete anos depois, procurava o Hotel no propósito de revisar sua situação em busca de uma renovação, sentia o chamado para abrir-se para uma nova vida, novos propósitos.




Pois vejam: a tiragem contava a história tanto do que havia acontecido sete anos atrás – A Morte – o final abrupto do casamento, a viuvez, um ciclo finalizado, uma transformação profunda e o desafio – o Rei de Ouros – o provedor, o marido, o homem que desapareceu do dia pra noite.

E de maneira surpreendente, as duas cartas, relatavam o dilema da consulente no momento presente, depois de um ciclo de sete anos, ainda casada com o fantasma do marido, querendo deixar o passado, arcano da Morte e abrir novas perspectivas na sua vida, superar

a presença do marido representado pelo Rei de Ouros.

Para os espíritas poderia até mesmo, ser entendido como o espírito do marido, ainda inconformado do seu estado desencarnado e dificultando assim a esposa se liberar para uma nova vida. Na visão do psiquismo, a memória ainda forte do falecido impregnando o campo energético da consulente bloqueando aceitação do seu destino e a abertura para uma nova vida. Fiquei realmente encantada com o poder de síntese do tarô. Contar toda essa história usando apenas duas imagens.

O jogo de tarô para mim é uma oportunidade de nos mirarmos nesse espelho de águas profundas. Os arcanos indicaram o caminho para ela poder revelar a história, para ela olhar para sua vida sobre essa perspectiva da revelação que de tão óbvia esclarece e a solução emerge imediatamente. Não é uma adivinhação, não é um trabalho de vidência. Talvez possamos chamar de conexão com nossa essência, com a essência da experiência.



Cada experiência é uma estação da trajetória do Louco, pronta para ser apreendida, apreciada, dignificada em seu aprendizado, sorvida em sua sabedoria.

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